Qual a diferença do vinho Reserva para o Reservado?

A nova série do DIÁRIO DO ENOTURISMO, Pergunte ao Werner Schumacher quer desmistificar esse mundo do vinho tão sedutor e servir como um guia aos leitores na nobre arte da degustação de um vinho.  O objetivo é, de forma clara e direta esclarecer aquelas dúvidas que sempre vêm a cabeça, mas às vezes temos vergonha de perguntar, ou não temos para quem perguntar. Agora temos: Werner Schumacher.

REDAÇÃO DO DIÁRIO

A primeira pergunta vêm lá de Porto Alegre (RS), de um amigo de mais de 60 anos, do Werner, o Marco Antonio, que hoje mora em Gravataí (RS):

Qual a diferença do vinho Reserva para o Reservado?

Caro Marco Antonio, muito oportuna a tua pergunta pois é um dos fatores que gera muita confusão para os consumidores, não raro a muitos produtores, pois cada um pensa e faz o que quer.

Pode-se dizer que Reservado é uma invenção chilena, pelo menos para os brasileiros. Eles sacaram que o brasileiro gosta de vinhos levemente adocicados e lançaram esse tipo de vinho, o meio seco.

Dizem que começou a ser exportado para o Brasil e que só tinha aqui, hoje está por todo o mundo, inclusive no Chile, para atender os turistas brasileiros. Uma sacada que gerou um grande sucesso.

Já os produtores brasileiros – como o hino – dormiram em berço esplêndido por um tempo e só falavam mal do produto chileno; falem bem ou falem mal, melhor pro vinho chileno. Até que um dia acordaram – agora em 2019 – e através de uma instrução normativa criaram o Reservado Brasileiro.

Os produtores brasileiros acordaram e deixaram de se queixar e criaram o Reservado Brasileiro, nunca venderam tanto!

Alguns enochatos falam mal desse vinho e fizeram coro aos nossos produtores. Eu sigo com o meu conceito, se alguém gosta, é o que importa. O mercado agradece, gera venda, emprego e muita gente feliz.

Quanto ao termo Reserva, a Espanha é basicamente o único país a ter uma lei sobre isso. Lá são três categorias: Crianza, Reserva e Gran Reserva, cada um tem um tempo mínimo de estágio em barrica de carvalho e garrafa antes de ir para o comércio.

Crianza – 24 meses com mínimo de 6 meses em barrica (máximo 330 litros)

Reserva – 36 meses com mínimo de 12 meses em barrica

Gran Reserva – 60 meses com mínimo de 18 a 24 meses de barrica, conforme a região

Salvo raras exceções, no resto do mundo é uma grande baderna, que gera enorme confusão, como dito antes, cada um tem uma definição, pois não está regulamentado.

Não se deve ficar impressionado com esses termos, pois normalmente não dizem nada, puro marketing. Já vi um Gran Reserva do ano anterior ao que se está, ou seja, estamos em 2021, no caso um de 2020. Reserva é o ato ou efeito de reservar, pôr à parte para usar posteriormente.

A minha opinião é a de que não se pode garantir que um vinho será bom tendo obrigatoriamente ficar um determinado em barrica de carvalho, mais ainda limitando a capacidade da barrica, sabe-se hoje que barricas com 600 litros ou maior dão melhores resultados que menores. Há barricas novas e usadas e isto influencia bastante. O enólogo deve ir provando o vinho a cada tanto para observar a sua evolução e assim definir o momento que deve sair da barrica.

Enfim, se o vinho é chamado de Reservado ou Reserva não importa, prove-o, gostou? Então curta o seu vinho, o gosto é seu, de mais ninguém.

Werner Schumacher, é o alemão brasileiro que na década de 80 e 90 do século passado trouxe os insumos da Europa para o início da vinicultura no Rio Grande do Sul, e portanto, no Brasil.

Sem meias palavras, Werner durante o último ano escreveu sobre inúmeros assuntos do universo do vinho. Defendeu a viticultura heroica de montanha, ficou do lado dos pequenos produtores de uva e vinho do Rio Grande do Sul, enalteceu a importância do enólogo em uma propriedade que produz vinho, criticou os marqueteiros que tentam desmistificar o mundo do vinho com seus produtos padronizados e sem caráter.

As perguntas a WERNER SCHUMACHER podem ser enviadas para o Whatsapp do DT: (11) – 99361-4862 – ou no próprio Comentários do Leitor (logo abaixo)