quinta-feira, julho 10, 2025
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Frio impulsiona turismo em Gramado, mas cidade freia expansão para resolver gargalos

Com a nova queda nas temperaturas no Sul do Brasil, Gramado (RS) vê novamente seus hotéis se encherem e os turistas retornarem em busca do clima romântico da serra, boa gastronomia e até uma chance de ver neve. Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, desde maio, quando a primeira massa de ar polar do ano chegou à região, a cidade voltou a ser um dos destinos mais desejados do país.

Da FOLHA DE SÃO PAULO, com adaptação do DIÁRIO

Na movimentada Rua Coberta, ponto turístico central, visitantes se reúnem ao redor de fogareiros para saborear chocolates quentes e pratos típicos da culinária serrana. Os hotéis, quase todos com calefação a gás, já operam com 80% de ocupação nos finais de semana de julho, conforme reportado pela Folha.

A expectativa é que 800 mil pessoas passem por Gramado até o final do mês, superando os 770 mil visitantes de julho de 2023. A projeção para todo o inverno é de dois milhões de turistas, o que consolida a retomada da cidade após um 2024 marcado por adversidades climáticas.

Apesar de não ter sido atingida diretamente pelas enchentes que devastaram cerca de 20% do território gaúcho, Gramado sofreu com o fechamento do aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, que permaneceu alagado por mais de um mês. Sem voos regulares, a cidade teve o turismo praticamente zerado em maio e só começou a se recuperar no fim do ano passado, com a alta do turismo natalino.

“Todo turista que chega hoje é mais especial”, disse à Folha de S.Paulo o secretário de turismo, Ricardo Bertolucci, destacando a resiliência do setor. Segundo ele, a cidade operava com apenas metade de seu mercado até dezembro, e a logística continua sendo um desafio.

O aeroporto mais próximo com voos regulares é o de Caxias do Sul, a 67 km, com limitações de expansão. Por isso, cresce a expectativa em torno do futuro Aeroporto de Vila Oliva, previsto no PAC, cuja entrega está programada para 2027.

O otimismo, no entanto, é freado por gargalos estruturais. A prefeitura suspendeu temporariamente a emissão de novos alvarás para hotéis com mais de 20 quartos e restaurantes no centro da cidade. Gramado possui hoje 216 hotéis e 318 restaurantes — com dezenas de novos empreendimentos em análise.

Segundo o prefeito Nestor Tissot, a paralisação é essencial para dar fôlego à expansão da infraestrutura urbana, sobretudo do saneamento básico. Dados do Sinisa (2024) revelam que apenas 41,95% da população urbana de Gramado conta com rede coletora de esgoto. “Se não parar um pouquinho de construir, nunca vamos conseguir alcançar a solução para este problema”, afirmou Tissot.

O empresário Jorgito Simão, do parque Le Jardin, relatou à Folha que, mesmo com a melhora gradual após as chuvas, os prejuízos exigiram criatividade e apoio do governo para manter o empreendimento. “A sobrevivência se deu à resiliência”, concluiu.

Gramado se prepara, assim, para uma alta temporada robusta, mas com os olhos voltados para um futuro sustentável, onde o crescimento venha acompanhado de estrutura e planejamento.

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