Basta estar vivo pra ver que pode ocorrer um fato novo. Era impensável crer que havia pinhão em outro pais latino-americano, principalmente, além do Brasil.
A Austrália tem, mas lá não é pinhão, é noz. Ignorada a décadas, a noz ou pinhão australiano volta com tudo, resgatando as tradições aborígenes, quando esses viajavam longas distâncias para celebrar a colheita.
Se a nominamos noz ou pinhão é mera questão de linguagem.
Mas há diferenças, como podem reparar o pinheiro australiano que o produz.
Veja também as mais lidas do DT
Lá as pinhas, como aqui chamamos, pesam 20, sim 20 kg e precisam de um cara forte como o barbudo da foto abaixo para carregá-las.
O aborígene Leeton Lee, depois de passar um tempo com um dos anciões de Cherbourg, uma comunidade de Queensland, é que teve a sua primeira noz bunya, como chamam por lá o pinhão. A colheita, outra diferença, se dava a cada três anos, se reuniam para a colheita as montanhas Bunya. Durante séculos, diferentes tribos viajavam, deixavam as diferenças para negociar, arranjar casamentos e festejar a bunya, que se deliciavam com ela crua, torrada, fervida e as vezes moída em farinha.
O último festival da Bunya ocorreu em 1920!
Em 2018 Lee inicio um workshop gratuito de bunya, pra surpresa dele, 100% das pessoas que se registraram eram australianos e não aborígenes. Desde então em inúmeros restaurantes e nas casas a bunya ou pinhão está presente na culinária australiana.
Creio que caberia um intercâmbio cultural sobre a bunya/pinhão entre Brasil e Austrália.
Aqui no Brasil
Um ex-vizinho da Santa Lúcia do Vale dos Vinhedos, o Pedrinho, que infelizmente foi colher pinhão em outras bandas, subia pelo tronco vertical da araucária e derrubava todas as pinhas assim.
Na parte que me tocou da propriedade não tenho pinheiros, portanto, me resta comprar e plantar pinheiros, nessa idade, não os verei produzir frutos. Exceto se comprar mudas de um pinheiro ‘inventado’ pela grande Embrapa, alcança mais ou menos 3 metros de altura e
em 6 anos já produz frutos, trata-se de uma araucária anã.
Como podem ver, de anã não tem nada a nossa Embrapa que já publicou um livro de receitas com o uso da pinhão na nossa culinária.
Em Lages-SC se realiza a Festa do Pinhão, onde se prepara um prato a base de pinhão preparado em um disco de arado sobre brasas, com Frescal, uma carne secada ao sol, mas diferente da carne de sol nordestina e do charque gaúcho, junto a pimentão, cebola e tomate, fica uma loucura de bom.
Vale dos Vinhedos, Outono de 2021