Em carta, os secretários de saúde do Nordeste dizem que “não é nosso desejo politizar esse problema. Já temos dificuldades demais pra enfrentar. Não podemos cometer esse erro.”.
por Nairson Socorro – colaborador do Nordeste
A região que tem no turismo uma de suas principais atividades econômicas, o Nordeste, está sofrendo sobremaneira as consequências da pandemia do Covid-19. Hotéis fechados, restaurantes atendendo apenas através de delivery, shoppings, cinemas, igrejas, teatros e casas de shows proibidos de funcionar. Essas são algumas das consequências desse vírus que vem se alastrando por todo o planeta, com consequências imensuráveis para a
economia.
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Na noite da última terça-feira, dia 24, a população em reclusão em suas moradias, foi surpreendida pelo pronunciamento do presidente Jair Messias Bolsonaro, (sem partido), que voltou a classificar o coronavírus como uma” gripezinha” e que a ações de governadores, prefeitos e outras autoridades, como histeria, passando a impressão de que todo o sacrifício que os empresários e a população em geral vem fazendo é exagero.
O presidente contrariou o que especialistas e autoridades sanitárias do país e do mundo
inteiro vêm pregando e criticou o pedido para que todas aqueles que possam fiquem em casa. Bolsonaro também culpou os meios de comunicação por espalharem, segundo ele, uma sensação de pavor. As autoridades públicas dos nove estados que fazem a região,
representados através de seus secretários de saúde, logo reagiram ao pronunciamento presidencial e disseram que Jair Bolsonaro desfaz todo o esforço que vem sendo feito para combater o coronavírus e seus malefícios.
Vale ressaltar que as secretarias e órgãos vinculados ao turismo dos estados e cidades polos receptores turísticos estão desenvolvendo campanhas, não só no nordeste brasileiro, mas em várias partes do mundo, pedindo para que o turista suspenda suas viagens e volte aos respectivos destinos após o controle dessa pandemia.
Veja no link abaixo o filme elaborado
por Salvador-BA pedindo que o turista #venhadepois:
Assinado por secretários de todo s os estados da região, o texto ressalta que os gestores consideram como um desencontro de estratégia o pronunciamento do presidente e as diretrizes cotidianas do Ministério da Saúde”. De acordo com a carta, os secretários de saúde dizem que “não é nosso desejo politizar esse problema. Já temos dificuldades demais pra enfrentar. Não podemos cometer esse erro.”.
As autoridades de saúde do Nordeste afirmam ainda ter consciência de que será preciso enfrentar uma grave recessão econômica. “Mas o que nos cabe lidar diretamente é a grave crise sanitária”.
Veja abaixo a integra da Carta:
Assistimos estarrecidos ao pronunciamento em cadeia nacional do
Presidente Jair Bolsonaro, onde desfaz todo o esforço e nega todas as
recomendações para combate à pandemia do coronavírus.
Não é nosso desejo politizar esse problema. Já temos dificuldades
demais pra enfrentar. Não podemos cometer esse erro. Vamos continuar
fazendo nosso trabalho. Não nos parece que a posição exposta pelo
Presidente seja a do Ministério da Saúde, que tem se conduzido tecnicamente.
Percebemos, com espanto, os graves desencontros entre o
pronunciamento do Presidente e as diretrizes cotidianas do Ministério da
Saúde. Esta fala atrapalha não só o ministro, mas todos nós!
Sabemos que iremos enfrentar uma grave recessão econômica, mas o
que nos cabe lidar diretamente é a grave crise sanitária.
Vamos seguir tocando nossas vidas com decisões baseadas em
evidências científicas, seguindo exemplos bem sucedidos ao redor do mundo.
A grande maioria dos países do mundo, ocidentais e orientais, já firmaram
seu curso no combate ao vírus e é este curso que o Nordeste Brasileiro
seguirá.
Que Deus abençoe cada um de nós que pouco temos dormido. Que Deus
nos abençoe!
Consorcio Nordeste Conselho Nacional de Secretários de Saúde-CONASS