quarta-feira, janeiro 22, 2025
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Suíça nos trilhos, por Viramundo e MundoVirado*

Texto e fotos: Silvia e Heitor Reali do site Viramundo e Mundovirado

Viajar de trem pela Suíça é a maneira mais prazerosa e fácil de conhecer todo o país

Ziiip, zaaap, zás-trás, viajar na Suíça é assim, quase um passe de mágica e com a fórmula: um par de confortáveis tênis + passe de trem no bolso, vai-se de uma aldeia medieval ao glaciar na montanha, de um museu ao parque nacional. Pintou aquela inesperada fome? Abra a porta e estará no vagão-restaurante deliciando- se com uma torta de johannisbeeren, espécie de cerejas silvestres acompanhada de um vinho regional.

Viajar na Suíça é assim, quase um passe de mágica
Viajar na Suíça é assim, quase um passe de mágica

De quebra tem a paisagem que se descortina pela janela: montanhas recobertas de verde luminoso, picos nevados, viadutos de pedra com alturas estonteantes, vilarejos com igrejas de torres pontiagudas e pitorescas casas com jardineiras transbordando de gerânios. Nos campos ainda se veem rebanhos de ovelhas, camponesas em meio a seus afazeres com as faces rosadas e o tom ouro das tranças, e pralápracá pipocando pelas trilhas, viajantes de todas as idades a pé, de bicicleta, a cavalo ou esqui.

“Existe um trem para qualquer lugar onde você queira ir”
“Existe um trem para qualquer lugar onde você queira ir”

“Existe um trem para qualquer lugar onde você queira ir”, com esse slogan, mais de 5.000 quilômetros de estradas de ferro, e com um tíquete que dá direito a viagens ilimitadas e, que inclui entrada livre em mais de 400 museus, é fácil se render ao convite. Por ser um país pequeno – cabem seis suíças no Estado de São Paulo – as distâncias são curtas e, em três horas pode se cruzar o país. Há vagões para todo gosto: os cabriolet, espécie de conversíveis para curtir plenamente os dias ensolarados do verão, os de janelas panorâmicas, locomotivas a vapor para se imaginar em viagem ao passado, vagões em madeira decorados como aconchegante casa alpina, até ferrovias tidas como obra de arte de engenharia que foram reconhecidas pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade. Ahh, e ainda faltou mencionar o mais gostoso: o embalado do “tlaquetlaquetloque” das rodas sobre os trilhos. Nos vagões pode-se embarcar com as ‘magrelas’, esqui, barracas e até cachorros. Mas atenção, em um vagão especial, dentre os dois ou três de primeira classe, é proibido bater papo. Isso mesmo, psssiu ali é palavra de ordem. Não disse que havia trens para todos os gostos? Nele viajam de executivos trabalhando em seus laptops até velhinhos esportistas dormitando antes de pegarem uma trilha.

Um dos xodós ali é o Museu Tinguely
Um dos xodós ali é o Museu Tinguely

O viajante escolhe seu roteiro a partir de uma cidade base, que pode ser, por exemplo, Basiléia, localizada na tríplice fronteira com França e Alemanha. Tida a ‘cidade de arte e cultura’, têm ruazinhas estreitas e labirínticas, pontes medievais ao lado de museus até edifícios de vanguarda, projetados pelos mais conceituados arquitetos da atualidade.

Um dos xodós ali é o Museu Tinguely. As obras desse irreverente artista nos remetem a um mundo lúdico de sombras, sons, surpresas, sustos e risos. De grandes dimensões, esses bricabraques de estruturas de ferro incorporaram rodas, manivelas, correias, polias, espelhos e outras engenhocas que se movimentam.  Em muitas instalações de Jean Tinguely (1925-1991), pode-se circular em seu interior e imaginar-se conduzido a um mundo feérico, em sensações provocadas pelas curiosas formas, por luzes aleatórias, cores, ruídos estranhos e ásperos zumbidos.

O centro medieval de Berna é Patrimônio da Humanidade
O centro medieval de Berna é Patrimônio da Humanidade

Se a proposta é continuar no tema arte e arquitetura, há o muito que ver em Berna, cidade cujo centro medieval é Patrimônio da Humanidade. Uma vez lá repare nas fontes multicoloridas, nos velhos depósitos para vinho que ficavam no subsolo das casas e, hoje se transformaram em restaurantes requintados com afrescos nas paredes, ou lojas que vendem objetos de design de colorido vivo, ou miniaturas das famosas vacas pintadas que deixaram Zurique para desfilar pelo mundo.

De qualquer ponto de Berna embarque em um reluzente bonde vermelho para chegar às colinas que rodeiam a vila. Ali, o edifício desenhado por Renzo Piano, brota do verde como uma onda, um gesto, ou o que mais a imaginação sugerir. É a Fundação Paul Klee, dedicada a um dos pintores suíços mais admirados. Cada quadro de Klee, aparentemente simples, era incansavelmente estudado para que as cores e as formas tivessem o ritmo e a harmonia de uma partitura musical.

Albula-Bernina, uma harmoniosa integração da ferrovia com a paisagem, é um passeio à parte
Albula-Bernina, uma harmoniosa integração da ferrovia com a paisagem, é um passeio à parte

Outras sugestões de passeios? Em um deles o percurso da ferrovia de montanha, a Albula-Bernina, uma harmoniosa integração da ferrovia com a paisagem, é um passeio à parte. Atravessa a região de Engadine, passando sobre centenas de pontes e cruzando gigantescos desfiladeiros. Vale descer na estação de Scuol, caminhar em direção à torre da igreja e se encantar com a originalidade das janelas deste povoado. A maioria é emoldurada com pinturas de mandalas. Charles-Edouard Jeanneret-Gris (1887-1965) conhecido como Le Corbusier, renomado arquiteto suíço, notabilizou alguns de seus projetos com releituras das janelas dessa vila.

Em St. Moritz, em uma aconchegante casa localizada de frente para o lago, viveu a pintora Mili Weber
Em St. Moritz, em uma aconchegante casa localizada de frente para o lago, viveu a pintora Mili Weber

Agora que tal conhecer um conto de fadas suíço? Então pegue o trem para a sofisticada St. Moritz. Ali em uma aconchegante casa localizada de frente para o lago, viveu a pintora Mili Weber (1891-1978). Apaixonada pela natureza lhe dedicou os mais singelos quadros e desenhos que hoje ilustram belos livros infantis. Nas flores e frutas ela imaginava viverem diminutos seres mitológicos, fadas e elfos, cuja missão era cuidar dos tesouros da mãe Natureza. Obrigada a ficar dentro de casa nos longos dias do inverno, Mili decorava seus móveis, paredes, teto e até o órgão com suas delicadas pinturas. Hoje sua casa é um singular museu onde tudo se mantém como ela deixou.

Outro local que vale uma visita em St. Moritz é o Museu Giovanni Segantini (1858-99) que celebrou em suas pinturas a grandiosidade da paisagem alpina, os pastores com seus rebanhos, e a beleza pura das camponesas.

Mais um pequeno trajeto de trem e o viajante já estará na Estação Central de Zurique
Mais um pequeno trajeto de trem e o viajante já estará na Estação Central de Zurique

Hora de voltar para casa. Mais um pequeno trajeto de trem e o viajante já estará na Estação Central de Zurique e, dali para o aeroporto novamente o trem será o transporte escolhido. Mas antes, a poucas quadras da Estação, fica a Lindt, templo do autêntico chocolate suíço. Nas tentadoras prateleiras dentro de um pacotinho, o único que faltava de todo passeio: um trem de chocolate.

Para mais informações: www.swisstravelsystem.ch
www.tinguely.ch
                                           www.basel.com
                                           www.engadine.com

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