V Fórum Brasileiro de Hotéis Independentes debate os novos rumos da hotelaria

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Destaque da 58ª Equipotel, fórum abordou temas como tecnologia, perfil do cliente, linhas de crédito e liderança

POR ZAQUEU RODRIGUES

O V Fórum Brasileiro de Hotéis Independentes, realizado pela Ameris Hotéis nesta quarta-feira (24) dentro da 58ª Equipotel, proporcionou um panorama sobre os novos rumos da hospitalidade. Inspirado pelo tema Caminhos para Recuperar o Seu Hotel, o fórum apresentou quatro painéis no correr da tarde. “Nós, da Equipotel, temos a honra de sediar o fórum, que é um dos principais eventos da casa”, afirmou o diretor da Equipotel Daniel Pereira na abertura do evento.

Daniel apontou que o mercado hoteleiro é resiliente e vive uma recuperação. “Acima de tudo, é um mercado que está se ressignificando a cada dia”. Durante a abertura do fórum, Nuno Jesus, CEO da Ameris Hotéis, e Roberto Bertino, fundador e CEO do Grupo Nobile, foram homenageados pela 58ª Equipotel com uma placa. “Para mim, só de estar aqui já é um prêmio. É uma satisfação grande estar num evento tão importante como este fazendo juntos a nossa 5ª edição do Fórum Brasileiro de Hotéis Independentes”, disse Bertino.

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“O Fórum abre caminhos para os hotéis independentes que não têm o mesmo suporte de uma rede hoteleira”, afirmou o CEO da Nobile Roberto Bertino (Foto: Zaqueu Rodrigues)

O fundador da Nobile explicou que o Fórum Brasileiro de Hotéis Independentes foi criado para fomentar o debate e a troca de experiências. “O Fórum abre caminhos para os hotéis independentes que não têm o mesmo suporte de uma rede hoteleira. Eu calcei o sapato do hoteleiro independente e sei como é. Muitas vezes a gente não tem apoio. A maior indústria do país é a hotelaria. Temos 45 mil hotéis, com investimentos de peso. Cada vez mais temos que nos profissionalizar, fazer mais com menos e agregar vantagens competitivas aos hoteleiros. Para nós é uma honra estar na Equipotel”.

A força dos independentes

“A hotelaria independente é a força do Brasil”, destacou o CEO da Ameris Hotéis Nuno Jesus (Foto: Zaqueu Rodrigues)

Tecnologia na medida certa

O primeiro painel do V Fórum Brasileiro de Hotéis Independentes jogou luz sobre a expansão da tecnologia nos hotéis. Para contextualizar a expressividade dos hoteleiros independentes, o CEO da Ameris Hotéis Nuno Jesus apontou que a hotelaria independente representa mais de 86% dos hotéis existentes no Brasil. Ao tomar como referência o número de apartamentos, essa representatividade recua para 61%. Na avaliação de Jesus, “a hotelaria independente é a força do Brasil”.

Aplicar a tecnologia na medida certa nos hotéis congrega muitos fatores, disse a gerente de desenvolvimento de negócios da Sabre hospitality Solution na América Latina, Elaine Rodrigues. “A gente precisa verificar a ocupação do hotel, a tarifa média, a permanência, se o hoteleiro está utilizando todas as ferramentas necessárias, a concorrência, o relacionamento com clientes e parceiros. Há vários fatores que a gente precisa analisar para verificar se a gente está utilizando os recursos da forma correta”.

Elaine disse que, para o hoteleiro independente, é muito importante verificar como está o relacionamento com as agências de viagens e as empresas corporativas. “Antes da pandemia tinha uma demanda orgânica que a gente já sabia mais ou menos que todo ano ia ter em nosso hotel. A pandemia veio mostrar que a gente não tem mais essa segurança. A gente não pode mais ficar contando só com dados históricos. A gente tem que trabalhar com o futuro, como gerar essa demanda agora para o nosso hotel. Cada hotel é um caso. A tecnologia não vem para substituir, a tecnologia vem para agregar”.

Nuno Jesus, CEO da Ameris (Crédito: Paulo Atzingen)

Nuno Jesus chamou a atenção para a usabilidade da tecnologia na hotelaria. “Hoje, mais do que nunca, por causa da crise, é preciso habituar a tecnologia a sua necessidade. Às vezes você tem uma tecnologia de ponta, mas não tem gente treinada para usar ou você tem gente com conhecimento e não tem uma ferramenta adequada ao seu empreendimento”, constatou Jesus, que também considera fundamental analisar o custo-benefício das ferramentas.

Elaine ressaltou que, muitas vezes, os hoteleiros independentes desconhecem as ferramentas existentes no mercado, como por exemplo as RFPs (request for proposal ou, em português, solicitação de propostas). “Outra coisa também é relacionamento com o próprio hóspede. O que você sabe daquele hóspede que fica no seu hotel? Você tem informação do que ele gosta? Para onde que ele viaja? Existem hoje no mercado ferramentas para você conhecer melhor o seu cliente e se conectar melhor com ele”.

Os especialistas apontaram que o perfil do hóspede mudou. “Ele está mais exigente, mais tecnológico e mais imediatista. A gente olha o site do hotel e já espera que ele tenha todas as informações”, exemplificou Elaine. Jesus complementou: “Hoje a gente tem tudo na palma da mão. Você tem mais acesso às informações e consegue fazer uma pesquisa e comparar o melhor preço. Hoje o hóspede está mais prático e quer mais facilidade. A tecnologia nos leva para alguma direção. A gente precisa dela, ela facilita a nossa vida, mas ela é um meio, não é o fim. A gente precisa de pessoas”.

O hotel com a cara do cliente

“A hotelaria não tem que ter a cara do dono, ela tem que ter a cara do cliente”, disse Michel Otero (Foto: Zaqueu Rodrigues)

O segundo painel do V Fórum Brasileiro de Hotéis Independentes reuniu o arquiteto, diretor de obras, projetos e aberturas hoteleiras Michel Otero e o arquiteto e CEO da Ospa, Luca Obino. A conversa percorreu assuntos como soluções financeiras, implantação e reformas na hotelaria independente.

Direto ao ponto, Michel disse que a hotelaria precisa se se reinventar e quebrar estigmas como achar que o hotel tem que ter a cara do dono. “Essa é uma mentalidade que temos que mudar. A hotelaria não tem que ter a cara do dono, ela tem que ter a cara do cliente”.

A modernização do hotel precisa começar pelo básico, ensinou o especialista. Otero apontou o ‘feijão com o arroz’ para que o hotel se torne minimamente competitivo. A cama precisa ter pelo menos 200 molas por m²; o enxoval precisa ser branco; o chuveiro deve ter um jato que impressione; e o café da manhã, que, segundo ele, vive uma decadência nos hotéis, precisa se diversificar.

Lucas Obino apontou que existem novas possibilidades de acesso a linhas de crédito que vão além dos modelos tradicionais. “É bem claro para todos a evolução do mercado financeiro brasileiro na última década. Hoje, o modelo que a gente tem para a hotelaria é o que a gente parte do imóvel como garantia real, com 12 meses para começar a carência e a com um prazo de 10 anos para pagar essa linha de crédito”, informou Obino.

A nova liderança

“A liderança pós-pandemia é muito mais pautada pela confiança”, sublinhou o professor Marcelo De Elias (Foto: Zaqueu Rodrigues)

Mais qualidade de vida

‘As empresas que flertavam com as novas ideias tiveram mais facilidade para enfrentar esse momento’, disse o professor especialista em gestão de pessoas Marcelo De Elias, que subiu ao palco do V Fórum Brasileiro de Hotéis Independentes para dizer de modo claro e objetivo que a liderança pós-pandemia precisa priorizar o empoderamento dos colaboradores que estão no front.

“Os tempos mudaram e as pessoas querem mais qualidade de vida. Se antecipar é a melhor forma de lidar com as mudanças. E o melhor momento para mudar é quando você não precisa de mudança”, afirmou Marcelo, que é professor da FGV, Fundação Dom Cabral e Franklin Covey.

O professor pontuou que a pandemia ensinou a humanizar as relações e a desaprender o velho para aprender o novo. “A liderança precisa ouvir, se reunir com a equipe, dar e receber feedback. Se o líder não olhar para o humano, os valores e os propósitos, irá perder talentos”, avisa.

A diversidade é um fator primordial na gestão de agora em diante, considera Marcelo. “Hoje não tem mais espaço para preconceito e achar que todo mundo é igual. A diversidade impulsiona a inovação. A liderança pós-pandemia é muito mais pautada pela confiança”, ensinou o professor, que defende mais flexibilidade e implementação de uma cultura permanente de mudança.

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