Com mais de 20 unidades na América Latina, distribuídas entre Brasil, Argentina e Paraguai, a rede de hotéis e resorts aposta num mercado em crescimento acelerado, que alcança os segmentos de lazer e eventos. A meta, assegura a diretora de vendas do grupo, Annie Morrissey, é atender um cliente que busca potencializar a experiência na hospedagem
Corresponder ao desejo do hóspede, numa leitura atualizada e plena quanto às necessidades cada vez mais explícitas do cliente, tanto de lazer quanto corporativo, é a máxima que norteia a visão da Rede Bourbon Hotéis, que já soma quase seis décadas de atuação no mercado.
A garantia é dada por Annie Morrissey, diretora de vendas do grupo, que brinda a recuperação dos índices de negócios aos níveis de 2019. Em alguns casos, segundo a executiva, até mesmo ultrapassando as referidas marcas.
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Numa avaliação cuidadosa sobre o cliente ela afirma o quanto a demanda se encontra seletiva. “Hoje aqueles que viajam buscam um produto adequado aos valores em que acreditam”, considera Annie.
Em uma atitude de transparência, ela ensina que é importante a hotelaria comunicar o que está fazendo em diversas áreas, principalmente em ESG (sigla em inglês para Environmental, Social e Governance), que sejam capazes de demonstrar o compromisso da corporação com as iniciativas de sustentabilidade e responsabilidade social.
Criado em 2002, pelo fundador da rede, Alceu Ântimo Vezozzo, o Instituto Bourbon de Responsabilidade Socioambiental, localizado na cidade de Cambará, no Paraná, é citado pela diretora de vendas da Bourbon Hotéis como prova concreta da linha que norteia a empresa no campo social.
Hoje, o projeto possui complexo escolar para mais de 2 mil alunos, entre pré-escola e cursos profissionalizantes. E Morrisey vai além no que diz respeito à relevância de vincular a imagem empresarial a iniciativas nesse terreno. “As empresas de turismo que não desenvolverem ações em ESG vão perder oportunidades. A maioria das multinacionais exige demonstrações relacionadas a esse tema para contratar eventos e negócios”, salienta.
“Hoje, aqueles que viajam buscam um produto adequado aos valores em que acreditam”
Viagens estão em alta e as pessoas encaram essa movimentação pessoal como investimento.
De acordo com a executiva de vendas da Bourbon, muitas pesquisas sobre os motivos das pessoas estarem viajando apontam que, se antes a razão alegada era reencontrar familiares que ficaram distantes durante o período de isolamento, agora a finalidade maior é o auto cuidado, o bem-estar e também desbravar atividades e lugares diferentes. “O cliente quer uma experiência única, seja para viagem corporativa ou lazer”, explica Morrisey.
Destinos internos e mais exclusivos em alta
Se é real que o brasileiro está redescobrindo o Brasil, num maior volume de visitas a destinos nacionais, o outro ponto assinalado pela diretora da Bourbon interesse crescente do turista de desembarcar em localidades diferencias e mais exclusivas, ou seja, não tão assediadas.
“Recentemente fizemos uma viagem de reconhecimento para nosso hotel em Cambará e à região do norte do Paraná. Foi um grupo de 25 pessoas, formado por guias turísticos, agências de viagens e influenciadores da região, para fomentar o turismo regional, religioso e até de aventura”, relaciona Morrisey. O resultado dessa ação, no entender da executiva, foi um enorme sucesso, refletido na boa ocupação por grupos interessados no turismo rural, inédito e personalizado.
Primeira mulher à frente do São Paulo Convention & Visitors Bureau, em duas gestões consecutivas (2009/10 e 2011/12), Morrisey identifica avanços no trabalho conjunto dos setores público e privado em favor do desenvolvimento turístico. “Avançamos muito nos últimos anos. E essa atividade econômica é vista como geradora de empregos na cadeia produtiva. Assim quando há planejamento conjunto que une os setores público e privado todos ganham”, assinala.
Ela cita um exemplo prático e recente nessa direção, quando em visita ao parque Villa Lobos, em São Paulo, local onde havia a exposição de Monet, e ao mesmo tempo o Cirque du Soleil, a roda gigante (prestes a entrar em operação) e a árvore de Natal sendo construída. “O parque estava cheio e foi muito bom ver os dois setores trabalhando em conjunto em favor do destino”, observa.
“O turismo é atividade econômica vista como geradora de empregos na cadeia produtiva, assim quando há planejamento conjunto, que une os setores público e privado, todos ganham”
Rotinas regadas à tecnologia
Empenhada em não dispersar energia e com o objetivo de se manter compatível com a agilidade e eficiência recomendada aos empreendimentos, Morrissey reforça que a Bourbon atualmente investe em softwares para automatizar vários processos internos, que antes demandavam mais tempo.
“Agora usamos Pipefy (plataforma de gerenciamento de projetos e automação de fluxos de trabalho) para todos os processos de marketing, compras, jurídico. Além de outras áreas que passarão a utilizar o sistema, capaz de proporcionar visibilidade sobre status de demandas e identificar melhorias nos processos”, elucida.
Também os contratos de eventos utilizam Docusign (assinatura eletrônica de documentos) – formato muito mais rápido para o cliente. “Como temos alto volume de eventos e hoje em dia o ciclo de produção é mais curto – antes contratados com seis meses a um ano de antecedência, hoje viabilizados em até quatro semanas – se faz necessário amenizar processos burocráticos para o cliente”.
A Rede Bourbon administra, no conjunto de suas unidades, nada menos do que 41 mil m² em espaços para eventos e convenções. Os recursos tecnológicos também são aliados da equipe de vendas. Ela utiliza o Sales Force (plataforma integrada) para todo o processo. Integrado ao sistema de RP, ajuda a visualizar não só volume de vendas passadas, mas também de vendas futuras. “A plataforma permite uma análise de carteira em tempo real, com isso analisamos oportunidades e até emitimos carta acordo para os clientes on-line”, sintetiza Morrissey.
Mas um serviço e produto de excelência requer, sobretudo, esforço em capacitar pessoas. A Bourbon mantém seu programa de treinamento e este ano lançou a plataforma D&T- Academia Bourbon de Hotéis, com mais de 150 cursos e várias funcionalidades como chatbot, que orienta a comunicação e material para colaboradores de todos os níveis da rede.
Fé no que virá
Sobre o que está por vir, para a economia como um todo e para o mercado da hotelaria, Morrissey, de origem inglesa e que chegou ao País aos 23 anos de idade, nos anos 90, não omite sua gratidão e fé no futuro.
“Só tenho a agradecer as pessoas que me ajudaram na minha trajetória. Aprendi tudo que sei com as equipes onde trabalhei – amigos, fornecedores, entre outros e ainda tenho muito a aprender”, acentua ao deixar claro que faria tudo de novo.
O Brasil, conforme a executiva da Bourbon Hotéis, é um país maravilhoso com imensas oportunidades e reitera: “já viajei muito pela América Latina e posso reconhecer que aqui é onde me sinto em casa. Agora o Brasil está em posição muito favorável para crescer. Fico muito feliz em estar aqui nesse momento e ver o País se posicionar no mundo como uma das melhores economias”, arremata.
Entrevista e texto por Cecília Fazzini.
