‘O turismo brasileiro precisa ter um plano’, afirma Vinicius Lummertz

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“Aqui no Brasil temos um orçamento invisível, secreto. É caso de cadeia você ter um orçamento e não saber para onde ele vai”, disse o secretário de Turismo e Viagens do estado de São Paulo na 58ª Equipotel

POR ZAQUEU RODRIGUES

“O que não pode ser medido, não pode ser gerenciado”. A célebre frase do estatístico e professor norte-americano William Edwards Deming foi emprestada pelo secretário de Turismo e Viagens do estado de São Paulo, Vinicius Lummertz, para dimensionar a importância de o turismo brasileiro construir planos estratégicos de ação e metas com começo, meio e fim. Em sua citação, contudo, Lummertz trocou Deming por Peter Drucker, pai da administração moderna, que disse algo semelhante: “O que pode ser medido, pode ser melhorado”.

A palestra do secretário foi proferida na tarde desta terça-feira (23) no Congresso Nacional de Hotéis (Conotel), que acontece dentro da 58ª Equipotel. Nela, Lummertz ressaltou que a falta de planejamento do turismo custa muito caro para o país. “Se você não sabe onde você está, você não sabe para onde você vai. Até o Uber precisa de um ponto de partida e de destino. Agora, imagina um país que não sabe aonde está nem para aonde vai?”.

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O secretário disse que um plano estratégico compreende a estrutura, a capacitação, a divulgação…Ele considera fundamental que todos compreendam o sentido do que está sendo feito. “É muito importante ter um documento para balizar, para saber se está certo ou errado para que os deputados e a sociedade possam cobrar. Infelizmente é pouco cobrado. Precisamos aprender isso”.

“Aqui no Brasil temos um orçamento invisível, secreto. É caso de cadeia você ter um orçamento e não saber para onde ele vai. Tem que estar escrito se o dinheiro vai para fazer uma praça ou uma ponte. Não pode ser apenas o valor. Isso está muito errado. E você não ter planos também está errado. Como é que eu vou corrigir a rota se eu não tenho planos?”, questionou Lummertz.

Para explicar a importância do planejamento com começo, meio e fim, Lummertz tomou como exemplo as ações iniciadas no estado de São Paulo em 2019 em parceria com a iniciativa privada, como companhias aéreas, hotelaria… “A criação dos distritos turísticos do estado de São Paulo é uma resposta nesse sentido”, ressaltou ele, que apontou uma guinada no turismo paulista com a implementação do programa São Paulo para Todos.

“O programa compreende ações como a redução do ICMS de 15% para 12%, privatizações dos 22 aeroportos do estado, sinalização turística… Tivemos a substituição da racionalidade fiscal pela racionalidade e inteligência do desenvolvimento econômico. Aumentamos 700 voos por semana e geramos 50 mil empregos. Crescemos 5,1% em 2019, enquanto o Brasil, 2,6%”, comparou o secretário.

 

O Fungetur foi importante na época do ministro Marcelo. Quando veio o substituto do Marcelo, o Gilson, eles passaram para a Caixa, que não tem FGI (Fundo Garantidor para Investimentos) (Foto: Zaqueu Rodrigues)

O plano de São Paulo, prosseguiu ele, fundamenta-se na estruturação e promoção. “E o resultado veio. Em 2020 São Paulo teve o segundo maior crescimento de buscas no Google no mundo com as nossas campanhas internacionais, em especial com as da CNN, que serão relançadas em dezembro pelo governador”, disse Lummertz, que considera essencial a abertura do setor ao mundo. “O Brasil precisa internacionalizar a sua cadeia de turismo. Não pode haver um grande turismo isolado”.

A pandemia representou um período de dor e ranger de dentes, disse Lummertz, lembrando que a prioridade foi mergulhar em protocolos de modo integrado e abrir caminhos para a liberação de recursos. “Nunca deixamos os prefeitos e nem o trade de lado. O Fungetur foi importante na época do ministro Marcelo. Quando veio o substituto do Marcelo, o Gilson, eles passaram para a Caixa, que não tem FGI (Fundo Garantidor para Investimentos). Então fomos alimentando os créditos com recursos do próprio estado”.

Questionado pelo jornal Diário do Turismo sobre a constatação do hoteleiro Roberto Bertino, de que é preciso dar ouro para conseguir crédito de prata no Brasil, e sobre a dificuldade de fazer os recursos chegarem aos pequenos empreendedores, Lummertz disse que o problema é complexo e envolve reformadas profundas. Em São Paulo, ele adiantou que o governo lançará um programa de crédito orientado em parceria com o Sebrae.

A 58ª Equipotel acontece de 22 a 25 de novembro no São Paulo Expo, na Rodovia dos Imigrantes, km 1,5 – Vila Água Funda.

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