domingo, outubro 5, 2025
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VII Fórum Nacional de Hotelaria tem manhã com insights econômicos e dicas de marketing

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Paulo Salvador apresenta a Pesquisa Tendências dos Canais de Distribuição do FOHB - Foto: Paulo Atzingen
Paulo Salvador apresenta a Pesquisa Tendências dos Canais de Distribuição do FOHB - Foto: Paulo Atzingen

VII Fórum Nacional de Hotelaria acontece em São Paulo (SP) e traz palestras de nomes importantes do setor de hotéis

A manhã desta segunda-feira (15) no VII Fórum Nacional da Hotelaria (FNH) foi marcada pelo compartilhamento de insights econômicos, maneiras mais eficazes e baseadas em dados e em tecnologia para promover hotéis pelo Brasil, e momentos inspiradores e filosóficos sobre o setor. O evento, promovido pelo Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB), tem como tema “Conhecimento e Inspiração”.

Por Bruno Almeida, colaborador do DIÁRIO

A edição deste ano iniciou com a palestra “Live Your Time: Design, Tempo e Vida”, do designer Hans Donner, conhecido por seu trabalho com a Rede Globo. Na ocasião, o austríaco refletiu sobre como o design influencia a percepção do tempo. Considerado um dos nomes do Design associado à inovação, Donner apresentou uma abordagem de como viver experiências mais inspiradoras, resgatando sua experiência de 40 anos no design da emissora.

Hans Donner durante sua participação no evento do FOHB (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil) - Crédito: Paulo Atzingen
Hans Donner durante sua participação no evento do FOHB (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil) – Crédito: Paulo Atzingen

Resiliência

Na sequência, o presidente do Conselho de Turismo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), Guilherme Dietze, trouxe um pano de fundo para a economia brasileira e destacou como o turismo é estratégico para o desenvolvimento do país.

Guilherme Dietze, economista da Fecomercio São Paulo, durante a palestra “Perspectivas da Economia Brasileira”. Crédito: Paulo Atzingen
Guilherme Dietze, economista da Fecomercio São Paulo, durante a palestra “Perspectivas da Economia Brasileira”. Crédito: Paulo Atzingen

Dietze descreveu cenários gerais historicamente enfrentados pela economia brasileira: inflação, gastos públicos altos, desaceleramento do crescimento. Se indicadores nem sempre costumam animar, ele lembra que a hotelaria é setor marcado, principalmente, pela “resiliência”. “A mensagem que eu quero deixar para vocês aqui é o turismo e hospedagem, é um processo de resiliência”, afirma.

“Diante de todos os desafios que são colocados, diante de todos os desafios que são impostos ou tentados ser colocados no dia a dia de vocês, vocês conseguem ter um resultado maravilhoso de crescimento, de recorde, de faturamento”, continua Dietze.

Pesquisa

O palestrante seguinte, o professor da ESSEC Business School Paris e sócio da Noctua Advisory, Paulo Salvador, analisou a nova edição da pesquisa “Tendências dos Canais de Distribuição”. Realizado pelo FOHB em parceria com a Noctua Advisory, o trabalho destaca como uma gestão dos canais eficiente pode gera mais rentabilidade dos hotéis.

No estudo feito com mais de 900 hotéis de 27 redes associadas ao Fórum, Salvador observa que consumidores fazem 45% das reservas em canais diretos, como sites próprios, enquanto o restante passa por canais indiretos. Com isso, ele afirma que, como algumas redes podem chegar a ter 60% de suas reservas concentradas em Agências de Viagem Online (OTAs), isso pode gerar vulnerabilidade por conta de custos de comissão, por exemplo.

“Passar para o lado da distribuição direta representa uma economia da ordem de R$ 10 milhões em pagamento de comissão, portanto isso é geração de valor”, afirma, ao lembrar que, em 2024, os hotéis do FOHB foram responsáveis por R$ 14 bilhões em reservas — e deste total, R$ 338 milhões foram pagos em comissões.

Professor da ESSEC Business School Paris, Paulo Salvador analisa pesquisa 'Tendências dos Canais de Distribuição' - Foto: Bruno Almeida
Professor da ESSEC Business School Paris, Paulo Salvador analisa pesquisa ‘Tendências dos Canais de Distribuição’ – Foto: Bruno Almeida

Executivo, palestrante e professor de marketing, Salvador aconselha que o setor invista em “plataformas de topline”, combinando planejamento de gastos de vendas e marketing, utilização de recursos de inteligência artificial (IA) e impulsionamento de rentabilidade. “Em função do mix de canais, você consegue ver claramente a diferença e ter uma rentabilidade e maior governança. Ou seja, os investidores, deveriam acompanhar esses indicadores”, resume.

Servitização

No painel seguinte, o economista Fábio Bentes, da Confederação Nacional do Comércio (CNC), explicou como a tendência de servitização — estratégia que adiciona serviços aos produtos vendidos para agregar valor ao cliente — pode representar um “recado otimista”, mesmo que fique um “asterisco” pelo hábito de estado brasileiro em “abocanhar” riquezas do setor produtivo.

Para Bentes, a hotelaria, assim como serviços de transporte e de alimentação, “são atividades econômicas cada vez mais importantes na nossa economia“.

“O que me preocupa não é a conjuntura. O setor de turismo está nadando de braçada? Não, não está. Mas o setor tem conseguido crescer ano a ano. Hoje o nível de volume de receita do setor é quase 20% acima do que era antes da pandemia, mesmo com tudo que o setor passou”, diz.

Orlando de Souza, presidente do FOHB, faz a abertura do VII Fórum Nacional da Hotelaria (FNH) - Foto: Paulo Atzingen
Orlando de Souza, presidente do FOHB, faz a abertura do VII Fórum Nacional da Hotelaria – Foto: Paulo Atzingen

Taxação de grandes fortunas ajudaria na reforma tributária?

Durante o FNH, Fábio Bentes destacou que a proposta de taxar grandes fortunas não resolveria os desafios fiscais do país. Segundo ele, “está dado que o Estado não está disposto a baixar a sua arrecadação. Então, se a gente isenta um grupo maior de pessoas do pagamento de imposto de renda, isso terá de ser compensado de alguma forma”.

Fábio Bentes, economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC), em palestra no VII Fórum Nacional da Hotelaria (FNH). - Foto: Paulo Atzingen / DT
Fábio Bentes, economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC), em palestra no VII Fórum Nacional da Hotelaria – Foto: Paulo Atzingen / DT

O economista lembrou que a quantidade de contribuintes é tão grande que, mesmo tributando o que se chama de grande fortuna — conceito difícil de definir no Brasil —, a arrecadação não seria suficiente. “Um sujeito que ganha R$ 20 mil por mês tem grande fortuna? De certo que tem R$ 200 mil, R$ 300 mil no banco, uma indenização, uma grande fortuna? É muito difícil fazer isso. Eu acredito que essa proposta vai na direção equivocada”, argumentou.

Para Bentes, o caminho mais adequado seria ampliar a base de contribuintes, inclusive com alíquotas simbólicas para quem tem renda menor, de forma a compartilhar o esforço fiscal. “Caso contrário, vamos acabar penalizando quem tem renda maior. E qual é o problema? Quem tem renda maior acaba remetendo fortunas para o exterior. Isso vai levar a uma nova revisão dos parâmetros da reforma da renda. A chave seria o Estado gastar menos, ser mais eficiente, para que todos paguem menos”, defendeu.

O debate também abordou o cenário político-econômico de 2026, quando o país viverá novas eleições. Para Guilherme Dietze, anos eleitorais costumam estimular o aumento de gastos públicos, o que pode aquecer o consumo, mas também pressionar preços. “Todo plano eleitoral traz um excesso de gasto público, evidentemente, com um processo de reeleição do governo que está no momento. Isso impacta o consumo por meio de crédito ou investimento de empresas, contratação e etc. Há um estímulo ao consumo nesse período”, explicou.

Dietze alerta, porém, que a atual transição de uma inflação alta para níveis mais baixos pode ser afetada. “Esses gastos podem pressionar a inflação, sobretudo de serviços, ao longo de 2026. É sempre um ponto de atenção para o setor”, concluiu.

Público lota auditório do Pullman São Paulo Vila Olímpia para o VII Fórum Nacional da Hotelaria - Foto: Bruno Almeida
Público lota auditório do Pullman São Paulo Vila Olímpia para o VII Fórum Nacional da Hotelaria – Foto: Bruno Almeida

VII Fórum Nacional de Hotelaria

O VIII FNH acontece no Pullman São Paulo Vila Olímpia. A sétima edição promove um encontro entre executivos, investidores, fornecedores e especialistas da hospitalidade.

Otavio Leite lança livro sobre Tax Free e recebe título de Doutor em Turismo

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Otavio Leite lança livro sobre impactos do Tax Free e recebe título de Doutor em Turismo - Foto: Arteiras Comunicação
Otavio Leite lança livro sobre impactos do Tax Free e recebe título de Doutor em Turismo - Foto: Arteiras Comunicação

Em uma noite prestigiada por autoridades e lideranças do turismo, o consultor da Presidência da Fecomércio RJ, Otavio Leite, lançou na sexta-feira (12/09) o livro Tax Free: Efeitos no consumo, na atratividade turística e no desenvolvimento econômico de um destino. A publicação da Editora Senac foi apresentada no tradicional Clube dos Marimbás, em Copacabana.

REDAÇÃO DO DIÁRIO – com assessorias 

O encontro contou com a presença do presidente da Fecomércio RJ, Antonio Florencio de Queiroz Junior, que destacou a relevância do tema e a contribuição de Leite para o fortalecimento do turismo no Rio e no Brasil.

“O turismo é um ativo do Rio de Janeiro. A Fecomércio RJ foi protagonista na implementação do Tax Free no Brasil. Entendemos que o programa não é o final, é o começo. Ainda temos muito trabalho pela frente para ver como podemos usufruir dessa ferramenta. O Otavio Leite nos ajudou muito a carregar essa bandeira”, afirmou.

Otavio Leite lança livro sobre impactos do Tax Free - Foto: Cláudia Dantas
Otavio Leite lança livro sobre impactos do Tax Free –

A noite também marcou a diplomação oficial de Otavio Leite como Doutor em Turismo, título entregue pelos professores doutores Carlos Costa, da Universidade de Aveiro (Portugal), e Alexandre Panosso, coordenador do doutorado em Turismo da USP.

“Tive o prazer de orientar o Otavio Leite nesse importante trabalho em uma área pouco explorada no turismo. Em termos científicos, ele trouxe grande conteúdo para o desenvolvimento do setor no Brasil. Trata-se de uma obra inovadora”, destacou Carlos Costa.

A obra analisa de forma inédita como a isenção de impostos para turistas estrangeiros pode ampliar o consumo, atrair visitantes e gerar desenvolvimento econômico. O livro reflete a trajetória de Leite como gestor público e consultor, com foco em soluções inovadoras para o setor.

Otavio Leite lança livro sobre os impactos do Tax Free e é diplomado Doutor em Turismo durante evento no Clube dos Marimbás, em Copacabana
Otavio Leite lança livro sobre os impactos do Tax Free e é diplomado Doutor em Turismo durante evento no Clube dos Marimbás, em Copacabana – Foto: Cláudia Dantas

“Esse livro parte de uma aflição minha que diz respeito à balança de pagamentos do turismo brasileiro. Em 2024, deixamos no exterior US$ 14,8 bilhões, enquanto estrangeiros deixaram aqui US$ 7,3 bilhões. Como combater esse déficit? Só há dois caminhos: trazer mais turistas e fazer com que eles gastem mais em nossas terras. Aí entra o Tax Free, que nasce no Rio de Janeiro e irá se espraiar pelo Brasil”, disse o autor.

Sobre a Fecomércio RJ

A Fecomércio RJ reúne 59 sindicatos patronais e representa mais de 392 mil estabelecimentos, responsáveis por cerca de 60% da atividade econômica fluminense e 1,8 milhão de empregos formais. A entidade atua no fortalecimento do comércio, serviços e turismo, além de desenvolver projetos sociais, culturais e educacionais por meio do Sesc RJ e Senac RJ.

São Paulo realiza missão inédita na Turquia para fortalecer turismo de negócios

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Delegação do Discover/Descubra São Paulo participa da Istanbul Tourism Fair, em missão inédita de turismo de negócios na Turquia - Foto: Pixabay
Delegação do Discover/Descubra São Paulo participa da Istanbul Tourism Fair, em missão inédita de turismo de negócios na Turquia - Foto: Pixabay

Com o objetivo de fortalecer a presença internacional de São Paulo no turismo de negócios, uma delegação do governo do estado e da prefeitura embarca para a Turquia no próximo dia 24. O grupo participará da Istanbul Tourism Fair, uma das principais feiras globais do setor, dedicada ao segmento MICE — reuniões, incentivos, conferências e exposições.

REDAÇÃO DO DIÁRIO – com assessorias 

A Istanbul Tourism Fair recebeu, em 2024, mais de 15 mil profissionais de 37 países, incluindo agências de viagens, companhias aéreas, operadoras, hotéis, centros de convenções, empresas de tecnologia e marketing. A missão será a primeira do programa Discover/Descubra São Paulo no país, em parceria com a InvestSP, e terá a participação das empresas Mercado SP SPE e Acangatá Filmes.

Segundo Rui Alves, secretário municipal de Turismo de São Paulo, a ação reforça a estratégia de apresentar a capital como um dos principais destinos de negócios da América Latina. “Nossa expectativa para essa missão inédita em Istambul é nos conectar com os setores de sustentabilidade, inovação e gastronomia, que são muito fortes na Turquia. Vamos poder levar a nossa experiência paulistana e aprender com o que é feito de melhor lá”, afirma.

A delegação contará ainda com o suporte do escritório da InvestSP em Dubai, que atua para atrair investimentos estrangeiros e ampliar oportunidades para empresas paulistas no Oriente Médio e Norte da África. Durante o evento, o Discover/Descubra São Paulo terá um estande próprio para apresentar atrativos e oportunidades de negócios da capital paulista.

Programa Discover/Descubra São Paulo

Lançado em 2025, o programa tem como meta posicionar São Paulo entre os principais destinos turísticos e de negócios do Brasil e da América Latina. As empresas selecionadas recebem reembolso de até US$ 3 mil em despesas elegíveis, cobrindo 50% dos custos de viagem.

Somente no primeiro semestre de 2025, sete missões internacionais já projetaram negócios na ordem de R$ 80 milhões para 19 empresas. Até o fim do ano, estão previstas mais três missões internacionais — WTM Londres, ILTM Cannes e Festuris em Gramado — e duas nacionais. O programa já passou por eventos de destaque como Fitur Madrid, ITB Berlin, SXSW (EUA), BTL Lisboa, WTM Africa, ATM Dubai, IBTM Américas e WTM Latin America, e segue com agenda na FIT Buenos Aires e na ABAV Expo.

Aeroportos do Brasil terão shoppings, hotéis e centros comerciais com novo programa federal

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Aeroportos terão shoppings
A proposta do programa é flexibilizar os contratos de cessão de uso das áreas localizadas dentro dos aeroportos (PIXABAY)

Com o objetivo de diversificar e ampliar as fontes de receita nos aeroportos concedidos à iniciativa privada, o Governo Federal, por meio do Ministério de Portos e Aeroportos, lançará nesta segunda-feira (15) o programa Investe Mais + Aeroportos.

REDAÇÃO DO DIÁRIO com assessorias

A iniciativa visa transformar os terminais aéreos em hubs multifuncionais, com a instalação de empreendimentos como shoppings centers, hotéis, hospitais, galpões logísticos e centros de convenções, reposicionando os aeroportos como centros estratégicos de negócios, serviços e entretenimento.

A proposta do programa é flexibilizar os contratos de cessão de uso das áreas localizadas dentro dos aeroportos, permitindo que as concessionárias firmem acordos com prazos mais extensos — o que facilita a amortização de investimentos substanciais em infraestrutura. Essa medida representa uma guinada na gestão aeroportuária, alinhando o Brasil às tendências internacionais, onde até 60% das receitas de grandes aeroportos provêm de fontes não tarifárias, como lojas, serviços e atividades corporativas.

De acordo com Clarissa Barros, secretária nacional de Aviação Civil substituta, essa nova abordagem pode inclusive tornar viável financeiramente a operação de aeroportos de menor porte, cuja sustentabilidade depende fortemente de receitas alternativas. “A expansão desse tipo de contrato permite a instalação de grandes empreendimentos, o que muitas vezes é essencial para a sobrevivência econômica de aeroportos regionais”, ressalta.

Entre 2023 e 2025, o setor já aprovou 19 novos empreendimentos comerciais em aeroportos brasileiros, resultando em um volume de investimentos da ordem de R$ 4,5 bilhões. A expectativa é de que o Investe Mais + Aeroportos potencialize ainda mais esse movimento, atraindo investidores nacionais e internacionais para explorar o alto fluxo de passageiros e a localização estratégica dos terminais. Com a abertura para escolas, casas de espetáculo e até usinas de energia, o programa promete redesenhar o ecossistema dos aeroportos brasileiros, conectando mobilidade, comércio e inovação.

Ilha dos Martírios

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Por Paulo Atzingen (texto e fotos)*

I

Esta ave tomando luz na pedra
e o réptil que corre para trás da sombra
movimentam o dia na Ilha dos Martírios.

Tudo é sol e feixes de claridade
lavam o traço, o risco, o rasgo
sobre a laje da imprecisa idade.

II

Sei que piso sobre distantes eras
o rio abraça a rocha aqui e agora
esculpe-a e segue sua trajetória
criando formas e uma nova atmosfera
o que vejo hoje, não vi outrora.

III

Na placa entalhada vejo o Santo Graal
uma coroa de espinhos em forma solar
O manifesto esculpido com pedra mais dura
seria a fé dos tempos passados?
Ou uma declaração de amor a uma civilização futura?

IV

Estes símbolos riscados pelo antepassado
compõem o conjunto de um tempo inacabado
são marcas, são traços sobre o quartzito
silenciosos ecoam uma mensagem como um grito.

V

O que quer dizer este risco rupestre
É a pergunta da alma de todos no mundo
Viemos do pó de estrelas cadentes?
Somos um sopro do Espírito Santo?
Ou rude resposta de um erro celeste?

* São Geraldo do Araguaia, setembro 2025

Turismo brasileiro cresce 6,1% em 2025 e mantém 14 meses de alta

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Turismo brasileiro cresce 6,1% no acumulado de 2025 e mantém 14 meses seguidos de alta - Foto: Freepik
Turismo brasileiro cresce 6,1% no acumulado de 2025 e mantém 14 meses seguidos de alta - Foto: Freepik

O turismo brasileiro segue em ritmo acelerado em 2025. De janeiro a julho, o agregado especial de atividades turísticas avançou 6,1% em relação ao mesmo período do ano passado. O desempenho foi impulsionado principalmente pelo transporte aéreo de passageiros, pelos serviços de reservas de hospedagem, além de hotéis, bufês e restaurantes.

REDAÇÃO DO DIÁRIO – com informações do MTur

De acordo com dados divulgados nesta sexta-feira (12/09) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 14 das 17 unidades da federação pesquisadas registraram crescimento. Entre os destaques estão Rio de Janeiro (12,7%), Rio Grande do Sul (10,8%), Bahia (8,4%), São Paulo (6,0%), Paraná (5,8%) e Santa Catarina (5,6%).

Na comparação entre julho de 2025 e o mesmo mês de 2024, o índice de volume de atividades turísticas do país também subiu 3,3%, marcando o 14º resultado positivo consecutivo. O avanço foi puxado, sobretudo, pelo transporte aéreo, serviços de bufê e reservas de hospedagem. Os estados com maior crescimento no mês foram Rio Grande do Sul (18,6%), São Paulo (4,9%) e Rio de Janeiro (4,7%).

Para o ministro do Turismo, Celso Sabino, os números reforçam a força e a resiliência do setor. “O turismo brasileiro vive um momento de grande expansão e geração de oportunidades. O crescimento registrado neste ano é resultado direto do esforço conjunto entre governo, iniciativa privada e trabalhadores do setor, que têm se reinventado e mostrado a importância estratégica do turismo para a economia e para o desenvolvimento do país”, afirmou.

Faturamento recorde

Levantamento mensal da FecomercioSP, com base em informações do IBGE, mostra que o turismo brasileiro faturou quase R$ 108 bilhões no primeiro semestre de 2025. É o maior valor já registrado na série histórica iniciada em 2012. O resultado representa alta de 6,9% sobre o mesmo período do ano anterior, com um incremento de R$ 7 bilhões.

Todos os segmentos analisados apresentaram crescimento, com destaque para o transporte aéreo de passageiros, que movimentou R$ 27,3 bilhões, uma elevação de 10,6% na comparação anual.

Fonte: Assessoria de Comunicação do MTur 

No G20 Turismo, Brasil propõe união global por setor mais verde e ético

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No G20 Turismo África do Sul, Brasil defende o multilateralismo para avançar em um setor justo e sustentável - Foto: divulgação MTur
No G20 Turismo África do Sul, Brasil defende o multilateralismo para avançar em um setor justo e sustentável - Foto: divulgação MTur

O Brasil encerrou sua participação na Reunião de Ministros do G20 Turismo, realizada nesta sexta-feira (12) em Mpumalanga, África do Sul, com um forte posicionamento em favor do multilateralismo para impulsionar um turismo global justo e sustentável.

REDAÇÃO DO DIÁRIO – com informações do MTur*

Representando o ministro Celso Sabino, a secretária-executiva do Ministério do Turismo, Ana Carla Lopes, destacou que o bloco responde por 85% do PIB mundial e 75% do comércio internacional. “Acreditamos firmemente no multilateralismo como uma estratégia poderosa, que promove a cooperação e a prosperidade compartilhada. Desafios globais exigem soluções globais”, afirmou.

Ana Carla Lopes também reforçou que o turismo deve ser exemplo na transição para uma economia verde, com benefícios amplos e sem deixar ninguém para trás. A Declaração de Mpumalanga, resultado do encontro, formalizou compromissos em linha com a Agenda 2030 da ONU e o Acordo de Paris, incluindo a aceleração da transição para um setor de baixo carbono, a proteção da biodiversidade e a promoção ética e responsável do uso da inteligência artificial no turismo.

O documento ainda enfatizou a inclusão social, com foco no empoderamento de comunidades locais, mulheres, jovens e no fortalecimento de micro, pequenas e médias empresas. “Juntos, podemos fazer do turismo uma força para o bem, um motor para a regeneração do planeta e para a prosperidade de nosso povo”, concluiu a secretária, convidando os países para a COP30, em Belém (PA).

Avanço em cooperação bilateral

Fortalecendo o diálogo, Ana Carla Lopes realizou reuniões bilaterais com representantes do Japão, Indonésia e Emirados Árabes Unidos. Com o ministro japonês Katsunori Takahashi, tratou da atualização do protocolo de intenção para ampliar o fluxo de turistas entre os países — desde 2018, o Brasil recebeu 266 mil visitantes do Japão.

Com a vice-ministra da Indonésia, Ni Luh Puspa, discutiu a criação de um acordo para intercâmbio de informações e conhecimento. Já com Shaikha Nasser Al Nowais, representante dos Emirados Árabes e futura secretária-geral da ONU Turismo, a pauta incluiu o fortalecimento da cooperação entre Américas e Caribe, além de sua visita ao escritório da ONU Turismo no Brasil, prevista para o fim deste mês.

Essa participação reafirma o papel do Brasil na construção de um turismo global sustentável, inclusivo e cooperativo.

Fonte: Assessoria de Comunicação do MTur

Dubai conquista brasileiros e registra alta de 82% nas reservas em 2025

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Brasileiros impulsionam recorde de visitas a Dubai, atraídos por experiências únicas e facilidades de viagem - Foto: Freepik
Brasileiros impulsionam recorde de visitas a Dubai, atraídos por experiências únicas e facilidades de viagem - Foto: Freepik

Dubai vive um de seus melhores momentos no turismo internacional e se consolida como um dos destinos mais desejados pelos viajantes do Brasil. Dados da Civitatis, plataforma líder na venda de passeios e experiências turísticas em português, mostram que a cidade registrou crescimento de 82% nas reservas feitas por brasileiros entre janeiro e agosto de 2025, em comparação ao mesmo período de 2024. O salto é atribuído à facilidade de entrada, à infraestrutura de alto padrão e à forte presença do destino nas redes sociais.

REDAÇÃO DO DIÁRIO – com assessorias 

Segundo Alexandre Oliveira, country manager da Civitatis no Brasil, “Dubai se consolidou como uma combinação rara de modernidade, cultura e experiências únicas. Essa mistura vem conquistando cada vez mais o brasileiro que busca um destino surpreendente, mas ao mesmo tempo prático de visitar”.

Passeios mais procurados

Entre as atividades que lideram as reservas no período estão o Desert Safari com jantar e espetáculo, seguido do tour completo por Dubai com safari no deserto e dos ingressos para o Museu do Futuro. Experiências em iates e passeios privados com guia em português também tiveram forte crescimento.

Conectividade, romantismo e redes sociais

A cidade atrai cada vez mais casais e viajantes em lua de mel. Em 2025, personalidades como o jogador Éder Militão e Tainá Fernandes, além de Zé Felipe e Virginia Fonseca, escolheram Dubai para momentos especiais. Essa exposição impulsiona o interesse de quem busca experiências românticas e luxuosas.

Outro fator importante é a conectividade aérea. Voos diretos saindo de São Paulo e Rio de Janeiro facilitam o acesso, enquanto a isenção de visto para estadias de até 90 dias torna a viagem mais simples. No primeiro semestre de 2025, Dubai recebeu 9,88 milhões de visitantes internacionais, um aumento de 6% em relação ao ano anterior, de acordo com o Departamento de Economia e Turismo do emirado.

Experiências em português

A Civitatis aposta na ampliação de passeios com guias em português e na possibilidade de parcelamento, práticas que têm atraído ainda mais brasileiros. “Queremos que o viajante tenha a tranquilidade de entender toda a história e cultura local durante o passeio”, afirma Alexandre.

Ele conclui que “Dubai deixa de ser apenas sinônimo de luxo e se torna um destino completo, com atrações para quem busca cultura, aventura, gastronomia e compras. A tendência é que continue crescendo no radar dos brasileiros em 2025”.

O crime que não pode se repetir: O caso Gastón Burlon continua impune

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Gastón Burlon, ex-secretário de Turismo de Bariloche e presidente da CATE, morreu após ser baleado no Rio - Foto: divulgação
Gastón Burlon, ex-secretário de Turismo de Bariloche e presidente da CATE, morreu após ser baleado no Rio - Foto: divulgação

O que deveria ser um dia de passeio no Cristo Redentor terminou em tragédia para a família argentina de Gastón Fernando Burlon, de 51 anos. Em 12 de dezembro de 2024, seguindo a rota indicada pelo GPS, o carro alugado pela família entrou por engano no Morro dos Prazeres, área dominada pela facção Comando Vermelho. Dois homens armados interceptaram o veículo e abriram fogo.

REDAÇÃO DO DIÁRIO – com tradução 

As balas perfuraram o corpo, uma das quais atingiu Gastón na cabeça. Seus filhos e sua companheira sobreviveram àquele inferno, a centímetros da morte, mas milagrosamente escaparam ilesos. Gastón foi levado às pressas para o Hospital Souza Aguiar em estado crítico, onde permaneceu em coma profundo por um mês. Em 13 de janeiro de 2025, ele morreu devido a complicações decorrentes do ferimento à bala.

A investigação policial identificou o atirador como Sandro da Silva Vicente, conhecido como “Sandrinho”, membro da organização criminosa local. Apesar de ter sido decretada a prisão preventiva contra ele, ele continua foragido, nove meses após o assassinato e dez meses após o tiroteio.

Gastón Burlon, ex-secretário de Turismo de Bariloche, com a companheira e os filhos - Foto: divulgação
Gastón Burlon, ex-secretário de Turismo de Bariloche, com a companheira e os filhos – Foto: divulgação

Em entrevista, Nadia Loza, sua companheira, compartilhou a dor que eles estão sentindo:

“Nossa família está para sempre destruída; a alegria, os projetos e a vida feliz que tínhamos juntos nos foram tirados. A morte injusta e trágica de Gastón dói ainda mais ao saber que seu assassino continua foragido. Sabemos dos esforços para capturá-lo, mas precisamos que sejam redobrados. Viver com tanta impunidade é uma ferida aberta que não cicatriza. Precisamos de justiça e que tudo o que for possível seja feito para que nenhuma outra família tenha que passar pelo inferno que vivemos e que estamos vivendo. Gastón era meu amor, meu apoio, meu parceiro em tudo. Nós o amamos, precisamos dele e sentimos sua falta todos os dias. É tudo muito injusto e doloroso. É inaceitável que um aplicativo de navegação possa direcionar turistas para áreas controladas por traficantes de drogas sem qualquer aviso. Não se trata apenas de uma questão de segurança; é uma questão de vida ou morte. Gastón não retornará, mas sua morte não pode ser em vão”, afirma Nadia.

Entenda o caso

Na tarde de 12 de dezembro de 2024 Gastón Fernando Burlon foi baleado na cabeça ao entrar por engano na comunidade Morro do Escondidinho, localizada em Santa Teresa, região central do Rio de Janeiro.

Gastón era presidente da Câmara de Turismo Estudantil (CATE) e ex-secretário de Turismo de Bariloche.

Testemunhas relataram que Gastón utilizava um aplicativo de GPS para chegar ao Cristo Redentor quando acessou a Rua Cândido de Oliveira, onde foi surpreendido por criminosos armados. Após ser atingido, Burlon colidiu o veículo contra um muro; ele estava acompanhado por familiares no carro. Socorrido por militares do Quartel Central dos Bombeiros, foi levado ao Hospital Municipal Souza Aguiar.

Burion foi secretário de Turismo de San Carlos de Bariloche de outubro de 2017 a dezembro de 2023. O caso está sendo investigado pela Delegacia de Atendimento ao Turista.

A economia da experiência: o relacionamento como pilar para o crescimento sustentável na cadeia do Turismo

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Turismo sustentável cresce com foco na experiência do cliente - Foto: Freepik
Turismo sustentável cresce com foco na experiência do cliente - Foto: Freepik

A jornada do cliente no setor de Turismo deixou de ser uma simples transação comercial e se tornou uma experiência completa, holística. Em um ambiente onde o produto físico (o quarto, o assento no voo, o passeio) é cada vez mais padronizado, o valor agregado reside no intangível: a prestação do serviço, a atenção aos detalhes e a conexão humana.

*Por Alexandre Hilgemberg, Diretor Executivo da AH Consultoria – @ah.gestaoemarketing, em colaboração para o DIÁRIO

A Economia da Experiência, um conceito popularizado por Joseph Pine II e James Gilmore, sugere que as empresas devem oferecer experiências memoráveis em vez de apenas produtos ou serviços. No turismo, isso se traduz na centralidade do relacionamento com o cliente (Customer Relationship Management – CRM) como um pilar de crescimento sustentável nos negócios.

Da Hospitalidade ao Relacionamento: Uma Evolução Necessária

Tradicionalmente, a hospitalidade era vista somente como a arte de acolher as pessoas. Hoje, a gestão do relacionamento com o cliente vai muito além do momento do check-in e check-out. Ela é um processo contínuo, que começa no primeiro ponto de contato e se estende após a partida do hóspede. O objetivo não é apenas satisfazer, mas encantar, a ponto de transformar clientes em defensores da marca. O cliente não volta com um simples souvenir, ele volta com outra escuta, volta com o corpo mais leve em um estado mais presente. Ele volta para o mesmo lugar de origem, mas não volta igual.

O CRM como Ferramenta Estratégica de Geração de Valor

A implementação de um sistema de CRM é o primeiro passo para profissionalizar a gestão do relacionamento e colher seus benefícios. Suas aplicações estratégicas incluem:

  • Fidelização e Lifetime Value: estudos acadêmicos demonstram que o custo de aquisição de um novo cliente é 5X maior do que o de retenção de um cliente existente (fonte: Bain & Company). O CRM permite criar programas de fidelidade eficazes, baseados no histórico do cliente gerando um aumento no valor do tempo de vida do cliente (LTV).

  • Personalização em escala: o sistema permite segmentar estes hóspedes com base em suas preferências, histórico de estadias, vôos e dados demográficos. Essa segmentação possibilita a criação de ofertas personalizadas, comunicações relevantes e experiências sob medida, desde o pré-check-in até o pós-estadia.

  • Gerenciamento proativo da reputação: este gerenciamento se integra a ferramentas de monitoramento de reputação online, permitindo que a equipe de gestão responda rápida e assertivamente a comentários e avaliações, transformando um eventual feedback negativo em uma oportunidade de melhoria contínua e reforçando a imagem de uma marca atenciosa.

  • Indicações e divulgação orgânica: uma experiência excepcional leva à divulgação pelo método “boca a boca”. Clientes satisfeitos compartilham suas histórias positivas em redes sociais e com amigos, transformando-os em defensores e promotores da sua marca.

  • Maior disposição para pagar: clientes que percebem um valor agregado na experiência — seja pelo atendimento personalizado, pelo ambiente aconchegante ou por serviços exclusivos — estão dispostos a pagar mais por isso.

Estratégias para uma Gestão de Relacionamento de Excelência

A excelência em CRM vai além da tecnologia. Ela exige uma cultura organizacional centrada na jornada do cliente:

  1. Treinamento humano-centrado: a tecnologia é um facilitador, mas o toque humano é insubstituível. A equipe deve ser treinada em softskills como habilidades de empatia, comunicação ativa e resolução de problemas, para que cada interação seja autêntica e memorável.

  2. Mapeamento da jornada do hóspede: profissionais devem mapear cada etapa da jornada do cliente — da pesquisa online ao check-out — para identificar os “momentos da verdade” e garantir que a experiência seja fluida e positiva em cada ponto de contato, minimizando ou até eliminando possíveis fricções.

  3. Coleta de feedback contínuo: além das avaliações pós-estadia, a coleta de feedback em tempo real (via QR Codes em pontos de venda, equipamentos como tablets no quarto, etc.) permite uma ação imediata para resolver problemas e demonstrar que a opinião do cliente é importante e deve ser valorizada.

  4. Integração de canais: esta cultura de CRM deve unificar dados de todos os canais de interação (site, mídias sociais, e-mail, telefone etc) para garantir que a comunicação seja consistente e a experiência seja contínua, independentemente de como o hóspede escolhe se comunicar.

  5. Crie ambientes acolhedores: a atmosfera do seu espaço — a limpeza, a decoração, a iluminação e até a fragrância — influenciam diretamente a percepção e a valorização pelo hóspede. Invista em criar um ambiente que seja o refúgio dele e que reflita a identidade da sua marca.

Economia da experiência valoriza serviços e fortalece o turismo - Foto: Freepik
Economia da experiência valoriza serviços e fortalece o turismo – Foto: Freepik

A Sustentabilidade no Turismo Pós-Pandemia

A pandemia global da Covid-19 acelerou uma tendência que já estava em curso: a busca por autenticidade e conexões humanas no turismo. Priorizar a experiência do cliente e investir em uma gestão de relacionamento estratégica não é um custo, mas tem se comprovado um investimento no crescimento e na sustentabilidade do negócio.

Em um mercado onde a competição por preço é insustentável a longo prazo, aonde novos playeres incrementam diariamente a oferta turística, a capacidade de construir e nutrir relacionamentos com os hóspedes é a verdadeira chave para o sucesso duradouro.

Assim, nesse mercado de viagens e turismo cada vez mais competitivo, a experiência do cliente (CX) deixou de ser um diferencial e se tornou o principal motor de crescimento e fidelização. A profissionalização do setor exige que gestores e profissionais olhem para além das operações diárias e se inspirem nas boas práticas de redes hoteleiras e companhias aéreas de ponta, que visam transformar a jornada do cliente em uma experiência fluida e memorável.

CX sem fricção: lições de Redes Hoteleiras e Companhias Aéreas

A jornada sem fricção é o grande objetivo de empresas que buscam a excelência em CX. Em vez de simplesmente remover pontos de atrito, o foco é antecipar as necessidades do cliente, criando uma experiência tão intuitiva que se torna quase invisível.

  1. Hiperpersonalização orientada por dados

    • A lição: Empresas de ponta como a The Peninsula Hotels e a Marriott utilizam dados do hóspede de forma proativa para criar ofertas e experiências personalizadas. Não se trata apenas de saber o nome do cliente, mas de antecipar suas preferências. Um hóspede que sempre solicita um travesseiro de pena encontra seu quarto já preparado com ele. Um viajante a negócios que se hospeda com frequência em uma rede tem seu check-in simplificado e acesso a serviços customizados. Essa personalização vai além do luxo: é uma forma de demonstrar que a marca valoriza cada cliente, reconhece as suas preferencias reforçando assim a sua lealdade.

    • Na prática: A Marriott, por exemplo, investiu pesadamente em um aplicativo móvel que permite aos hóspedes fazer o check-in online, escolher o quarto e usar o celular como chave digital. Isso elimina a fila na recepção, um ponto de fricção clássico, e oferece ao cliente controle sobre sua própria jornada.

  2. Autonomia e atendimento proativo

    • A lição: companhias aéreas como a Delta e a United investem em tecnologia para dar ao passageiro mais controle sobre a sua viagem. Apps de autoatendimento, sistemas de notificação proativa sobre mudanças de voo e a possibilidade de remarcar uma conexão em poucos cliques transformam uma situação estressante (como um voo cancelado) em um problema de fácil solução. A fricção não é eliminada, mas a resposta é tão eficiente que a percepção do cliente é positiva.

    • Na prática: O Ritz-Carlton empodera seus funcionários com um orçamento de até US$ 2.000 por hóspede para resolver problemas ou criar momentos de encantamento, sem a necessidade de aprovação da gerência. Essa autonomia é a base para o atendimento proativo. Um gerente que contrata um serviço de detector de metais para encontrar o anel de casamento perdido de um hóspede não apenas resolve um problema, mas cria uma história de marca inesquecível.

  3. Integração de canais e unificação de dados

    • A lição: A RIU Hotels & Resorts unificou todas as etapas da jornada do cliente em um único aplicativo, permitindo que o hóspede gerencie tudo, desde o check-in até as solicitações de serviço, sem precisar sair da plataforma. Essa integração elimina a fricção entre diferentes canais (app, site, telefone, balcão de atendimento) e garante uma visão 360º do cliente. A mesma lógica se aplica a companhias aéreas que integram o aplicativo com o sistema de check-in biométrico no aeroporto.

    • Na prática: A Hilton adotou uma abordagem “mobile-first”, permitindo que os clientes façam tudo pelo app da rede. O resultado é um aumento na fidelidade, já que a conveniência de usar o app para check-in, escolher o quarto e destravar a porta se torna um fator decisivo para a escolha da marca.

Relacionamento personalizado se torna diferencial no setor de viagens - Foto: Freepik
Relacionamento personalizado se torna diferencial no setor de viagens – Foto: Freepik

5 tendências de CX para o futuro do Turismo no Brasil

O mercado brasileiro de turismo, com seu dinamismo e particularidades, está posicionado para absorver e adaptar as tendências globais na área de costumer experience. Aqui estão cinco mais relevantes que acredito, moldarão o setor nos próximos anos:

  1. Tecnologia para a jornada completa (e não apenas a reserva): o foco se expandirá do “antes” (reserva e planejamento) para o “durante” e “depois” da viagem. Soluções como concierges digitais via chatbot, chaves de quarto no celular e assistência em tempo real para reservas de restaurantes ou atividades e passeios se tornarão padrão. O desafio será integrar a tecnologia de forma que ela complemente, e não substitua, a interação humana.

  2. Sustentabilidade autêntica como vantagem competitiva: o viajante brasileiro, especialmente os mais jovens, está cada vez mais consciente de seu impacto no mundo. Não basta só ter um selo eco-friendly. As empresas precisarão demonstrar ações concretas, como a redução real de plásticos, o apoio a comunidades locais, a articulação para políticas públicas ESG e o uso de energias renováveis. A transparência sobre essas práticas se tornará um fator de decisão.

  3. Personalização hiper-localizada: em vez de experiências convencionais e pasteurizadas, a tendência é a imersão no destino. As hospedagens e agências de viagem no Brasil terão de se especializar em oferecer experiências culturais autênticas, gastronomia local e atividades guiadas por moradores. O viajante busca se conectar e viver a cultura do lugar, e não apenas visitá-la.

  4. O crescimento do “bleisure” (Viagem de negócios + lazer): com a ascensão do trabalho remoto e híbrido, além do incremento do mercado MICE, a fronteira entre negócios e lazer praticamente se dissolveu. Hotéis e destinos precisarão se adaptar para atender a esse viajante que busca ambientes que combinem produtividade e bem-estar. Wi-Fi de alta velocidade, espaços de co-working confortáveis e programas de atividades para o tempo de lazer se tornarão essenciais.

  5. Biometria e fricção zero em aeroportos: embora ainda em fase de teste no Brasil, a tendência global é de que os aeroportos se tornem ambientes de “fricção zero”. Check-in, despacho de bagagem e embarque serão feitos por meio de reconhecimento facial, eliminando a necessidade de documentos e filas. As companhias aéreas que investirem nessa tecnologia terão uma vantagem competitiva significativa, oferecendo uma experiência de viagem mais rápida e agradável.

Priorizar a CX e implementar uma estratégia de CRM eficaz não são mais diferenciais; são requisitos essenciais para a sustentabilidade e o sucesso de qualquer negócio. Aqueles que compreendem que o valor não está apenas no produto ou serviço, mas em toda a jornada do cliente, serão os que prosperarão seus negócios no futuro do Turismo.

A excelência em CX não é um destino, mas uma jornada contínua. Para se manter relevante, o setor de turismo brasileiro deve olhar para as melhores práticas globais, adaptá-las à realidade local e, acima de tudo, entender que a tecnologia é um meio, não um fim em si, para criar experiências que ressoam e fidelizam o viajante moderno.