Rolhas sintéticas no lugar de rolhas de cortiça alteram o vinho?

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Quem ainda não fez a pergunta diante de uma gôndola no supermercado: será que essa garrafa com tampa de metal, ou sintética não indica um vinho de baixa qualidade?

REDAÇÃO DO DIÁRIO 


Essa pergunta foi enviada esta semana pelo designer Denis Rugeri para a série Pergunte ao Werner Schumacher. Rugeri aproveita e também indaga: “Até que ponto a garrafa deitada já na adega influencia no sabor do vinho? Não posso mantê-las em pé em um armário?

Werner responde:

Caro Denis, para sua primeira pergunta posso lhe garantir que não há nenhuma alteração na qualidade do vinho pelo fato de se utilizar ou a rolha de cortiça, ou as rolhas sintéticas, com suas tampas em rosca e também em vidro.

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É preciso levar em consideração que a árvore que produz a cortiça, o sobreiro, precisa 40 anos ou mais para se retirar a primeira casca e depois mais nove anos para a retirada de casca seguinte. Os riscos que se pode ver numa rolha natural, não aglomerada, revelam os anos de formação de cada camada.

Dificilmente alguém investirá nessa atividade de plantio do sobreiro, consequentemente, cedo ou tarde, teremos escassez de fornecimento.

Surgiram então as rolhas aglomeradas, inicialmente muito ruins, pois a finalidade era ter baixo preço. Pouco a pouco foram melhorando, como o uso de um disco de cortiça natural nos extremos, parte que entraria em contato com o vinho. Modernamente, há a cortiça micronizada e aglomerada, cuja parte lenhosa e separada no processo de fabricação, o que evita o gosto de rolha, conhecido como TCA.

  

Aglomerada, com dois discos naturais e microaglomerado (Crédito: divulgação)

Rolhas sintéticas

Depois vieram as rolhas sintéticas, cuja qualidade é indiscutível, mas depende muito do material utilizado. Aqui entra aquele velho ditado: sempre há alguém que produz mais barato, mas … o resultado vem depois.

Logo alguém se perguntou: bebidas destiladas usam tampa rosca, porque não usá-la para vinho e, principalmente, australianos e neozelandeses foram pioneiros no uso da tampa rosca.

Vinhos da Cooperativa Garibaldi usam tanto rolhas de cortiça como rolhas metálicas (Crédito: Cooperativa Garibaldi)

Tampas de vidro

Finalmente, as tampas de vidro são pouco usadas pois exigem garrafa e máquina de fechamento especiais, o que as torna ainda caras. O maior produtor de rolhas de cortiça do mundo, a empresa portuguesa Amorim, adquiriu 50% de fabricante tcheco de tampas de vidro, de acordo com matéria da revista Adega de outubro de 2019.

Tampas de vidro são poucas usadas. (Crédito: divulgação)

Garrafa deitada

Já para sua segunda pergunta, Denis, somente os vinhos com rolhas de cortiça precisam ficar deitados, principalmente, no caso de vinhos de guarda; se o consumo for rápido, não há essa necessidade. Exceção são os espumantes que devem ficar na vertical, pois o gás carbônico é protetor contra a oxidação, devido o “respirar” da rolha.

Algumas rolhas sintéticas também “respiram”, por precaução, também devem ficar deitadas as garrafas. A tampa em rosca e em vidro não necessitam.

Como todas as adegas são horizontais, na maioria dos casos as garrafas acabarão deitadas.


Werner Schumacher, é o alemão brasileiro que na década de 80 e 90 do século passado trouxe os insumos da Europa para o início da vinicultura no Rio Grande do Sul, e portanto, no Brasil.

Sem meias palavras, Werner durante o último ano escreveu sobre inúmeros assuntos do universo do vinho. Defendeu a viticultura heroica de montanha, ficou do lado dos pequenos produtores de uva e vinho do Rio Grande do Sul, enalteceu a importância do enólogo em uma propriedade que produz vinho. Além de tudo isso, e com muita classe, critica os marqueteiros que tentam desmistificar o mundo do vinho com seus produtos padronizados e sem caráter.


As perguntas a WERNER SCHUMACHER podem ser enviadas para o Whatsapp do DT: (11) – 99361-4862 – ou no próprio Comentários do Leitor (logo abaixo)

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