As questões não param de chegar sobre esse mundo tão fascinante e misterioso do vinho. Marco Antonio, de Porto Alegre (RS) pergunta ao Werner: Vinhos feitos com uvas diferentes podem ser considerados de qualidade?
Werner Schumacher responde:
Para mim são os melhores vinhos! Em francês esses vinhos são chamados de ‘Assemblage’, que é uma arte e os vinhos da região francesa de Bordeaux são os maiores exemplos. Na Espanha é chamado de ‘Corte’, termo que adotamos no Brasil. Na Itália ‘taglio’ e em inglês ‘blending’, como o whisky.
Vou usar o exemplo de Bordeaux, o mais famoso. Normalmente usam 4 castas: Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot e Petit Verdot em proporções diferentes e também em relação à área que é produzido o vinho. O Pomerol, do famoso Petrus usa mais Merlot ou
só essa cepa.
O enólogo deve então pegar amostras desses vinhos, que são produzidos separadamente e faz diversas misturas entre eles, normalmente, predomina uma variedade e as outras entram em menor escala. Cada variedade aporta com uma característica.
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Exemplo: 70% Cabernet Sauvignon, 15% Merlot, 10% Cabernet Franc e 5% de Petit Verdot e isso varia de ano a ano, conforme a qualidade da vindima.
Na Copa do Mundo de Futebol em 2014 aqui no Brasil, a vinícola Lidio Carraro criou um vinho com 11 cepas diferentes, cada uma representando uma posição dos jogadores. Foi o vinho oficial da Copa.
Châteauneuf-du-Pape, outro exemplo francês, nesse caso são 13 as variedades utilizadas para o corte e na Itália, o Chianti tinto aceita uma uva branca, hoje já não se usa tanto, mas está permitida em norma.
Voltando a Bordeaux, cabe ressaltar – por causa da mudança climática – estão testando outras variedades. A uva Malbec já foi muito utilizada por lá e agora está voltando com força. Daqui uns anos os vinhos de Bordeaux já não serão os mesmos de hoje. Aliás os
vinhos dessa região, por exigência do mercado, vem aumentando o seu teor alcoólico.
Apenas por curiosidade, pois é outro assunto, o vinho trazendo a variedade no rótulo foi uma invenção americana no início do século passado.
Ficou curioso? então prove um vinho de corte! Gostou? Ótimo, afinal, aprende-se sobre vinho provando!
Werner Schumacher, é o alemão brasileiro que na década de 80 e 90 do século passado trouxe os insumos da Europa para o início da vinicultura no Rio Grande do Sul, e portanto, no Brasil.
Sem meias palavras, Werner durante o último ano escreveu sobre inúmeros assuntos do universo do vinho. Defendeu a viticultura heroica de montanha, ficou do lado dos pequenos produtores de uva e vinho do Rio Grande do Sul, enalteceu a importância do enólogo em uma propriedade que produz vinho. Além de tudo isso, e com muita classe, critica os marqueteiros que tentam desmistificar o mundo do vinho com seus produtos padronizados e sem caráter.
As perguntas a WERNER SCHUMACHER podem ser enviadas para o Whatsapp do DT: (11) – 99361-4862 – ou no próprio Comentários do Leitor (logo abaixo)
Matéria interessantíssima. Sempre me questionei sobre isso e, na verdade, tinha até um certo pré-conceito quando ia beber um vinho de corte. Aliás, descobri com a matéria que pode ser chamado assim. Sem dúvidas, agora, provarei esse tipo de vinho com outros olhos! Adorei a matéria. Descobri o site recentemente e fico impressionada com a vasta variedade de assuntos que são abordados. Meus parabéns!