Marabá e sua orla com borda infinita

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É difícil não retornar a Marabá e não correr para as margens do Rio Tocantins para ver o pôr do sol. É aqui, encravada no sul do Estado do Pará, que a engenharia humana e a natureza se entenderam de forma tão harmoniosa que o concreto armado da orla se casa com o abstrato amado de um fim de dia.

por Paulo Atzingen*


Fui apresentado ao Tocantins na mesma época que uma pororoca de palavras me entrou pelos ouvidos: buriti, cajá, andiroba, murici, terecô, terçado, boroca, mucumbu, e tantas outras que me ajudaram a conhecer um Brasil mais rústico, mais original e nem um pouco sofisticado. Mas o que me tatuou o cérebro com tinta de urucum foi esta vista do rio.

Voltar a Marabá é reorganizar um horizonte impermanente, que muda a cada dia, seja na posição das nuvens, no rodamoinho das águas, na formação do areal da praia, na intensidade do vento que bate eu meu rosto, mas, e principalmente voltar a Marabá é dar de cara com essa orla de borda infinita.

Nesta orla, que obedece as curvas impostas pelo império do tempo, os barrancos foram transformados em plataformas de avistamento, o abandono foi socorrido por um abraço da engenharia, e no  lugar do capim cresceu um projeto que se prostrou de joelhos diante da mãe natureza, sem querer ultrajá-la, apenas respeitá-la e contemplá-la.

E na forquilha dos rios, quando acontece o conflito das águas barrentas contra as águas minerais, o conflito das águas escuras com as águas cristais, o conhecimento humano se pôs ao trabalho unindo hoje, o que a natureza fez lá atrás.

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Nesta orla, que já foi cais para o embarque da borracha e da castanha, que já foi porto de chegada e partida para os garimpos de diamante e do ouro, hoje se ergue para o extrativismo do que há de melhor no ser humano. É dessa orla, que se extrai a alegria de poder ver as cores espraiadas até se perder de vista. É dessa orla que se extrai a euforia de receber o vento no rosto. É dessa orla que eu extraio do fundo da minha floresta mais intacta, do fundo da minha mina mais reservada, o êxtase de me sentir completamente vivo.

*Paulo Atzingen é jornalista e viajou com seguro Global Travei Assistance

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  1. isso e verdade maraba e muito lindo.o por do sol sou de Goiânia e estou aqui em Marabá trabalhando num projeto lindíssimo que.se chama MOSTRA KZULO MARABA

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