Para atuar no setor de turismo de Portugal, interessados devem fazer cursos técnicos com certificação pelo governo português nestas áreas; cursos online para os que buscam qualificação e transição de carreira podem ser feitos no Brasil com estágio em terras lusas
EDIÇÃO DO DT com agências
Portugal segue atraindo trabalhadores brasileiros. E um dos setores que mais contribuiu para a criação de vagas em 2023 é, também, um dos que ainda mais demandam mão de obra brasileira. No ano passado, o turismo gerou cerca de 36 mil vagas, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE). No total, as atividades de hotelaria e gastronomia, ligadas ao setor, empregaram 328,8 mil pessoas em 2023, correspondendo a 6,6% do total da economia lusa. E pela primeira vez, a maioria (55%) dos empregados em turismo tinha o ensino secundário e superior.
Não por acaso, fazer um curso de capacitação profissional é uma das melhores e mais práticas formas de se regularizar para atuar no mercado de trabalho português. Pela legislação portuguesa, todos os alunos que se matricularem em cursos com duração de um ano ou mais têm direito a vistos de residência que permitem a atividade laboral em território português. Porém, para não cair em golpes da internet, é preciso assegurar que o curso é certificado pela Direção-Geral do Emprego e das Relações do Trabalho (DGERT), vinculada ao Ministério do Trabalho lusitano. Ao concluir o curso, o formado pode atuar não somente em Portugal, mas também em outros 26 países da União Europeia (UE).
Disponibilizando mais de 20 cursos certificados pela DGERT, a Academia eFuturo é uma das escolas portuguesas de formação profissional que capacita brasileiros. E os cursos de cruzeiros marítimos e hotelaria estão entre os mais procurados, tendo em vista justamente o mercado de trabalho aquecido nessas áreas. Além da língua portuguesa, ambos os cursos, em especial, podem ser feitos em inglês e/ou espanhol, o que para estrangeiros é uma ótima porta de entrada não somente no mercado de trabalho português, mas também internacional.
O curso completo para cruzeiros é um verdadeiro curso 3 em 1, pois oferece, com exceção de cozinha, a capacitação em zeladoria/housekeeping, recepção, restaurante e bar, e tem duração de 12 meses. “Nossos alunos, no entanto, costumam conclui-los antes desse prazo, numa média de quatro a cinco meses, pois nossa metodologia flexível permite terminá-lo antes do prazo de um ano para aqueles que têm maior tempo de dedicação. E logo após a parte teórica das aulas, damos todo apoio ao enquadramento profissional, preparando-os para o estágio que é feito em hotel 4 ou 5 estrelas, requisito básico para poder trabalhar em cruzeiros”, ressalta a diretora da eFuturo, Renata Maida Freire.
Segundo Renata, o curso completo para cruzeiros também possibilita a atuação em hotelaria ou restauração – como é chamado o segmento de restaurante e similares em Portugal. Ou seja, o curso completo para cruzeiros, além de oferecer a formação para três funções que abrem mais oportunidades de trabalho, ainda permite atuar em outras áreas do turismo além de cruzeiros. Mas para quem não tem interesse em atuar em cruzeiros, é possível fazer um curso focado somente em hotelaria/restauração, que capacita profissionais para trabalharem em hotéis ou pousadas, em zeladoria/housekeeping, recepção, restaurante/bar e também na cozinha.
Além destes dois cursos mais completos, há outros específicos para determinadas funções, como os de capacitação profissional para guest service em cruzeiros ou de recepcionista em hotéis, além de cursos técnicos de restaurante e bar para cruzeiros ou hotelaria, de empregado de mesa (garçom) para cruzeiros ou hotéis, de barman para cruzeiros ou hotelaria, de assistente de cabine em cruzeiros, de governanta de hotel e, finalmente de cozinheiro para cruzeiros e hotelaria/restauração, este último disponível somente na unidade da eFuturo na capital portuguesa.
Com exceção do curso focado em cozinha, todos os cursos podem ser feitos remotamente, online, do Brasil – as aulas práticas e o estágio para este curso em específico são obrigatoriamente realizados em Portugal, em Lisboa ou Porto. O estágio, seja em cozinha ou relacionados a outros cursos, não costuma ser remunerado em Portugal. Por isso, é recomendável ao estudante contar com recursos financeiros até a formatura ou mesmo até que encontre emprego. Segundo Renata, o investimento feito na capacitação profissional pode ser recuperado de um a três meses após a efetiva contratação por uma empresa, dependendo do salário da função para o qual foi contratado.
Um das formadas pela eFuturo e que já está trabalhando no setor de turismo é Layanne Carmo. A pernambucana de 24 anos escolheu o curso completo de cruzeiros em razão da grade curricular abrangente, que lhe permitiria ter conhecimento para atuar dentro de navios ou em hotéis ou restaurantes. “Sou formada em direito e queria atuar em uma área mais abrangente como o turismo, pois assim conseguiria trabalhar em vários países do mundo”. Hoje, Layanne trabalha há cerca de um ano e meio como recepcionista em uma guest house, no centro de Lisboa.
A idade mínima do estudante dos cursos profissionalizantes é 18 anos e, para melhor aproveitamento dos cursos, é recomendada a conclusão do Ensino Médio, equivalente ao 12º ano completo em Portugal. Ao pedir o visto de estudo, é necessário estar atento à duração do curso escolhido, pois não deve ser menor que 12 meses, o prazo mínimo para se ter o visto de estudante, que permite residência e trabalho. Este tipo de visto favorece também a imigração familiar, pois o requerente pode agregar seu cônjuge e filhos desde que cumpram com os pré-requisitos da Portaria 1563/2007 para comprovação de meios de subsistência, o que atualmente um outro tipo de visto, o de procura de trabalho, não permite. Importante ressaltar que as escolas profissionalizantes portuguesas certificadas pela DGERT não se responsabilizam por vistos, fornecendo apenas a prova de matrícula dos alunos que querem estudar em Portugal.
Trabalhadores estrangeiros são essenciais para a economia portuguesa. Eles contribuíram em 2022 com cerca de 1,87 bilhões de euros para a Segurança Social, ao passo que se beneficiaram de cerca de 257 milhões de euros em benefícios sociais – o valor das contribuições é, portanto, sete vezes superior aos das prestações que receberam do Estado.