Em entrevista exclusiva ao DIÁRIO, Ribinha Maracanã, que é cantor de boi do Boi de Maracanã, falou sobre a participação do grupo no São João de São Luís e nas festas juninas e contou como os turistas se divertem “brincando” nas apresentações com o boi! Confira!
Por Caroline Figueiredo – Repórter do DT
Na tarde desta quinta-feira, o DIÁRIO entrevistou José Ribamar Algarvs Mendes, mais conhecido como Ribinha Maracanã, cantador do grupo de bumba meu boi chamado “Boi de Maracanã” e integrante do PONTO BR, banda de artistas que leva músicas contemporâneas de São Luís para todo o Brasil, divulgando a cultura e as músicas regionais.
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Com a Festa de São João em São Luís retornando após dois anos sem as tradicionais comemorações por conta da pandemia da COVID-19, a expectativa de receber e encantar os turistas é grande. O DIÁRIO perguntou à Ribinha se o “Boi de Maracanã” se apresenta apenas durante as festas juninas ou em outras ocasiões: “Nós do Boi de Maracanã nos apresentamos nos arraiais oficiais de São Luís e do Maranhão, que é do Estado e da Prefeitura. Também participamos de arraiais com os nossos parceiros de empresas privadas, arraiais em comunidades, e também em outros órgãos parceiros que são apreciadores do nosso trabalho. Às vezes, temos também trabalhos com prefeituras do interior, em eventos do interior, tanto do Maranhão quanto de outros estados, como em São Paulo, várias vezes, além de Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Ceará, Brasília, Bahia, entre outros, todos com o boi”, explicou Ribinha.
Ribinha adiantou também que o “Boi de Maracanã” também se apresenta em conferências, casamentos, aniversários e outros eventos diversos. Ele disse que o “Boi de Maracanã”, grupo folclórico e cultural, é conhecido como bumba meu-boi como “sotaque da ilha” ou “sotaque de matracas”. Sotaque significa “ritmo” e há vários em São Luís, de acordo com Ribinha: Sotaque da ilha ou sotaque de matracas, sotaque de orquestras, sotaque de zabumba, sotaque da região da Baixada (que é o mesmo de Pindaré) e ainda o sotaque de costa de mão (também da região da Baixada). A diferença entre eles são os instrumentos utilizados, que são vários, e também a “indumentária”, ou seja, a vestimenta de cada um. É uma verdadeira riqueza cultural.
Perfil variado de integrantes do “Boi do Maracanã” e turistas se divertem “brincando” com o boi
Para quem ainda não assistiu à uma apresentação de bumba meu-boi, Ribinha explicou que além das toadas, que são as músicas, existem os personagens, que são os caboclos-real, também chamados de “caboclo de pena”, além das índias, também conhecidas como “tapuias”; há ainda “rajados, que são os mesmos caboclos de fita”, com chapéus de fita; o cantador, como o Ribinha e outros; o boi enfeitado, personagem da capoeira; a burrinha; o Nego Chico (pai Francisco), marido da Cartirina, que faz a comédia do alto do boi, dentre outros personagens.
Quando ao perfil dos integrantes “Boi de Maracanã”, Ribinha disse que é bastante variado, pois os grupos de bumba meu-boi foram criados em sua maioria, em regiões rurais ou metropolitanas, mais afastados da capital maranhense. São Luís possui a capital e 3 municípios (São José de Ribamar, Raposa e Paço do Lumiar).
“Então, em todos esses municípios têm grupos de bumba meu-boi, e também tem grupos do interior. Quando esses grupos foram fundados, foram criados por pessoas da região rural, ou seja, pescadores, lavradores, pessoas que trabalhavam na roça, em emprego público, com comunidades. Então, com o passar do tempo, os grupos foram crescendo, ficando conhecidos, foi popularizando e hoje o boi tem do pescador ao lavrador, ao juiz, ao advogado, ao engenheiro, ao secretário, ao prefeito, ao governador, o delegado, o policial. ”
“Hoje é o contexto, todo muito gosta, porque popularizou. As pessoas brincam mesmo, batem a matraca, batem o pandeiro; universitários, professores, alunos, todo mundo interagiu. Além de que, a quantidade de turistas que vêm também brincar no boi. Dos dias 23 a 30 de junho, que nós consideramos como a “alta temporada”, os turistas vêm mesmo e brincam com o boi, batem o pandeiro, a matraca; compram a camisa padronizada; e participam em peso, principalmente no dia 23 de junho que é o dia do batismo do boi (ritual tradicional e simbólico, vindos dos antepassados, em que o padre “abençoa” o novo boi) ”, justifica Ribinha.
O futuro das tradições folclóricas
Ribinha é filho do saudoso mestre Humberto de Maracanã, famoso compositor de “toadas”, que são as músicas, algumas delas muito conhecidas por terem sido gravadas por diversos artistas nacionais, como Maria Betânia, Alcione, Margarete Menezes, Skank, se destacando a toada “Maranhão, meu tesouro, meu torrão”.
Quando questionado sobre quais as expectativas para o futuro das tradições folclóricas, Ribinha disse que “existe uma galera jovem vindo. E é preciso se adaptar. Há algumas pessoas que participam ativamente todos os anos no grupo “Boi de Maracanã”, então, quando há um evento, Ribinha e os outros participantes do grupo contatam estas pessoas “fixas”. Com o passar das gerações, alguns personagens que vão partindo, nós conseguimos naturalmente ter reposições, outros não. ”
“Nós temos improvisos, mas o cantador do boi é um personagem que não pode ter improviso. O cantador do boi é um personagem que conta com poesia, com a voz, com a melodia, e os cânticos, que nós chamamos de toada, tem que estar dentro do padrão que o grupo espera. O boi é um trabalho social, em que nós fazemos o ensaio, a comunidade toda vem, e contamos com estes apoios da festa tradicional que chama muitas pessoas, não só do interior, mas da capital e das regiões metropolitanas, inclusive turistas. Então nós queremos continuar preservando as tradições culturais. Como será daqui para frente? Nós nunca sabemos o dia de amanhã… estamos trabalhando para que funcione. E vamos ver se quem vai conduzir, terá interesse, se ele vai ter isso na cabeça e no coração.”, finalizou.
Para saber mais, visite o Instagram do Boi de Maracanã e o site da Secretaria Municipal de Turismo – Prefeitura de São Luís.