Japão – Todos os 379 passageiros e tripulantes de um avião da Japan Airlines escaparam milagrosamente de um incêndio após uma colisão com uma aeronave da Guarda Costeira no aeroporto de Haneda, em Tóquio, na terça-feira (2) , mas cinco dos seis tripulantes do avião da Guarda Costeira morreram.
A Guarda Costeira disse que a colisão envolveu um de seus aviões que se dirigia ao aeroporto de Niigata, na costa oeste do Japão, para entregar ajuda às pessoas atingidas por um poderoso terremoto que ocorreu no dia de Ano Novo, matando pelo menos 48 pessoas.
Agências Internacionais
Primeiro veio o choque quando o Airbus A350 que transportava 379 pessoas colidiu com outro avião enquanto pousava em Tóquio.
Depois vieram o calor e a fumaça enquanto o jato, que estava pegando fogo, acelerava pela pista.
Então, o instinto de sobrevivência das pessoas a bordo entrou em ação: eles lutaram para fugir de uma cabine cheia de fumaça, sabendo que suas vidas dependiam dos próximos segundos.
O fato de todos a bordo do voo 516 da Japan Airlines terem saído com vida é extraordinário.
Especialistas dizem que uma evacuação perfeita e as novas tecnologias desempenharam um papel importante para a sobrevivência dos passageiros.
As pessoas que estavam a bordo do segundo avião, uma aeronave menor da guarda costeira que deveria entregar ajuda às vítimas do terremoto que atingiu o país na segunda-feira (1/1), não tiveram a mesma sorte.
Cinco delas morreram e o piloto ficou gravemente ferido.
Os investigadores estão apurando o que aconteceu às 17h47, horário local do Japão, no aeroporto de Haneda, e por que dois aviões estavam na pista ao mesmo tempo.
Por enquanto, vídeos e depoimentos de passageiros pintam um quadro de alguns minutos de terror.
O passageiro sueco Anton Deibe, de 17 anos, descreveu o caos após o impacto quando o Airbus A350 parou na pista.
“A fumaça na cabine ardia como o inferno. Foi um inferno. Nós nos jogamos no chão. Então as portas de emergência foram abertas e nos jogamos contra elas. Não tínhamos ideia para onde estávamos indo, então corremos para fora. Foi um caos.”
Ele, seus pais e sua irmã conseguiram escapar ilesos do acidente.
Satoshi Yamake, um passageiro de 59 anos, disse que sentiu que o avião “inclinou para o lado, seguido de um grande solavanco” na colisão inicial.
Outro passageiro, que preferiu não se identificar, descreveu um “solavanco, como se a aeronave estivesse colidindo com alguma coisa ao pousar. Vi uma faísca do lado de fora da janela e, de repente, a cabine estava cheia de fumaça”.
Um terceiro passageiro relatou à rede Kyodo News que ouviu “um estrondo como se tivéssemos batido em alguma coisa e subido no momento em que pousávamos”.
Trechos desses momentos foram capturados por telefones celulares.
Alguns passageiros gravaram o brilho vermelho de um motor ainda aceso enquanto o avião parava. Outro filmou o interior, uma cortina de fumaça obscurecendo rapidamente as lentes da câmera enquanto os passageiros gritavam e a tripulação de cabine tentava orientar os próximos movimentos.
Uma passageira disse que estava escuro a bordo quando o fogo se intensificou após o pouso.
“Estava esquentando dentro do avião e pensei, para ser sincera, que não sobreviveria”, disse ela à emissora japonesa NHK.
Segundo outro passageiro, o plano de fuga foi dificultado porque foi utilizado apenas um conjunto de portas. “A tripulação falou que as portas de trás e do meio não poderiam ser abertas. Então todos desembarcaram pela frente”, disse ele.
Imagens e vídeos mostram o momento em que as pessoas começaram a pular nos escorregadores infláveis do avião – algumas caindo em seu esforço para fugir de uma cabine em chamas e correndo para ficarem seguras.
Nos vídeos, ninguém aparece carregando bagagens de mão – um fator importante na rapidez com que uma cabine foi liberada.
Alex Macheras, analista de aviação, disse à BBC que a tripulação “foi capaz de iniciar uma evacuação clássica” nos primeiros minutos cruciais após o impacto com a outra aeronave.
O incêndio foi “isolado em uma área” do Airbus A350 durante os primeiros 90 segundos, permitindo-lhes uma breve janela de tempo para retirar todos da aeronave, analisa Macheras.
Ele disse que a tripulação conseguiu entender claramente quais portas estavam longe das chamas, razão pela qual as imagens mostram que nem todas as saídas estavam abertas para a fuga.
Macheras acrescentou que os passageiros podem atrapalhar o procedimento em caso de pânico – por exemplo, tentando pegar suas malas nos armários.
O Airbus A350 é um dos primeiros jatos comerciais feitos de materiais compósitos de fibra de carbono – que parecem ter resistido bem à colisão inicial e ao incêndio.
Tudo isso ocorreu enquanto o fogo se espalhava rapidamente até engolir o avião. Imagens mostram bombeiros lutando para conter o incêndio, quando a fuselagem da aeronave começou a se partir em duas.
Satoshi Yamake, passageiro, disse que, apesar de todo o caos, demorou cerca de cinco minutos para todos saírem. “Vi que o fogo se espalhou em cerca de 10, 15 minutos”, acrescentou.
Tsubasa Sawada, de 28 anos, afirmou que “foi um milagre, poderíamos ter morrido”.
Demorou várias horas para que o fogo finalmente fosse extinto. Quatorze passageiros e tripulantes tiveram ferimentos leves.
Horas após o acidente, Sawada tinha uma pergunta. “Quero saber por que isso aconteceu?”, questionou, acrescentando que não planejava embarcar em outro avião até obter a resposta.