Nascida em uma comunidade quilombola, chamada Sororoca, do município de São Bento, no Maranhão, Benigna Soares começou a ter interesse pelo jornalismo por meio de uma empatia com a figura de Glória Maria. “Ela traduz, para mim, muitas conquistas das mulheres brasileiras. Muitas de nós, de origem humilde, de cor negra, acreditamos que é possível escrever nossas histórias enquanto reportamos as histórias e vivências de outras pessoas”, contou ao DIÁRIO.
REDAÇÃO DO DIÁRIO (por Tárcia Oreste e Paulo Atzingen)
Formada em comunicação e em direito, Benigna é especialista em Cultura e Midiologia das Sociedades Contemporâneas e deve se tornar especialista também, até julho deste ano, em Direto Civil e Processual Civil. No setor de turismo, sua primeira reportagem foi cobrindo um off road de aproximadamente 10 dias, partindo de Belém para a Hidrelétrica de Tucuruí, seguindo por municípios da Rodovia Transamazônica e região do Xingu. “Uma cobertura inesquecível para o Portal Amazônia, da Amazon”, comentou Soares. “O começo de um caminho sem volta”, assegurou.
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Ao longo de sua carreia, Benigna passou por veículos como a TV RBA (afiliada Band), TV Cultura, Rádio Liberal, Portal Amazônia (Amazon), Amazônia News, Agência Pará, jornal O Público, além da Coordenadoria de Comunicação do Estado (CCS), Coordenadoria de Comunicação de Belém (COMUS), Funpapa, Paratur, Belemtur e Setur. Com uma vasta vivência em meios de comunicação, Soares é uma das profissionais escolhidas para fazer parte da série de reportagens do DT sobre ‘mulheres que escrevem o turismo do Brasil’, acompanhe abaixo:
A decisão de escrever sobre viagens
Quando saí da TV Cultura, em 2000, depois de um ciclo de oito anos, me deparei com a assessoria de Imprensa governamental e fui indicada pelo então secretário de comunicação, jornalista Nélio Palheta, para auxiliar a equipe que assessorava uma das primeiras edições do ‘Ver-o-Peso da Cozinha Paraense’, festival idealizado pelo saudoso chef Paulo Martins. Mais do que agradar ao exigente embaixador da culinária amazônica, a missão exigia demonstrar a importância da vinda de 22 dos melhores chefs do mundo ao Pará, durante a Feira Internacional de Turismo da Amazônia (Fita).
Na entrega do clipping que resumia o trabalho coordenado pela jornalista Carmen Palheta, uma das mais competentes assessoras com quem trabalhei, recebi o convite do presidente da Companhia Paraense de Turismo (Paratur), Adenauer Góes, para integrar a equipe de comunicação. A condição era ter disposição para aprender sobre a indústria do turismo, descrever o Pará como “A Obra-Prima da Amazônia”. Os primeiros textos, ele ditava para mim, depois revisava, sugeria. E o aprendizado me serviu. Muitos outros colegas da área do marketing contribuíam diariamente. Aí, virou rotina, regra, quase um vício.
Paratur: um período de construção em todos os sentidos
Boa parte da equipe de marketing e de fomento era movida por uma paixão, um desejo de transformar o Pará em um destino imbatível. Cumpriam um calendário que em meados de 2006 chegava a 44 feiras anuais no Brasil e exterior. Entre 2007 e 2010, quando eu não estava lá, mas apoiava a divulgação pela Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo (ABRAJET), o planejamento avançou para o turismo interno, fortaleceu os municípios. A retomada, entre 2011 e 2017, assegurou voos diretos entre Belém e Miami, Belém e Lisboa, Belém e Suriname. Pautar a imprensa positivamente, substituir as manchetes nacionais com a gastronomia, a cultura, a biodiversidade amazônica era muito gratificante. Ao criarmos o Prêmio de Jornalismo em Turismo “Comendador Marques dos Reis”, acho que deixamos, na ocasião, uma ferramenta que conecta o Pará à imprensa nacional e mundial.
Marcos da carreira de jornalista de viagens
[Tive alguns momentos marcantes, como] cobrir a Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), quando a comitiva do Pará levou junto a Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Nazaré, símbolo maior do Círio, e a cantora Fafá de Belém. Foi inesquecível também relatar a participação do Pará na Expocatólica e Jornada Mundial da Juventude, quando a comitiva do Pará entregou a réplica da nossa “Nazinha” ao Papa Francisco. As transmissões para a Rádio Cultura e as matérias enviadas ao Pará eram carregadas de emoção. Momentos gratificantes.
O Festival de Ópera do Marajó foi uma iniciativa linda, da Família Brito, em especial da Kátia Brito. Uma poesia, algo incrivelmente pensado de forma grandiosa: ópera no meio do mangue, no coração da floresta marajoara, na Fazenda São Jerônimo. Tenho certeza que assim como eu, o Zeca Camargo e outros jornalistas e operadores de turismo nunca vão esquecer.
Gosto muito [também] de uma cobertura sobre a conexão do destino Pará com o Suriname. Foi importante para mim, ao mesmo tempo que conheci o Pará, conhecer outros países, especialmente Guiana Francesa, Orlando, Suriname e Portugal.
Jornalismo de turismo: o lado feliz da vida
Por conta da pandemia, acho que este é um momento reflexivo para nós. A responsabilidade com a vida alheia não nos permite escrever como antes, divulgar nossos destinos e visitar os demais. Ainda assim, ser jornalista de turismo é ter a oportunidade de nos dedicarmos ao lado feliz da vida, é traduzir em nossas palavras, imagens e dicas, a mensagem de que existem infinitas possibilidades de se buscar e alcançar sonhos e alegrias. Quando ficamos parados, a vida é mais lenta, monótona. Mas quando viajamos ou inspiramos alguém a viajar, também inspiramos vida, felicidade, esperança. Então, que nunca nos falte essa inspiração e coragem.