Evandro Schütz, presidente da ABETA: “repudiamos o amadorismo no turismo de aventura”

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A prática de atividades no âmbito do Turismo de Aventura e Ecoturismo precisa ser acompanhado por profissionais devidamente treinados e capacitados. Não é o que acontece. Vários acidentes têm ocorrido principalmente pela falta de acompanhamento profissional. A Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (ABETA) repudia essas práticas ilegais. “Repudiamos a informalidade, o uso indiscriminado de atividades ditas de “turismo de aventura” sem as mínimas prerrogativas legais, de qualidade e segurança, colocando em risco de morte os nossos consumidores e turista”, afirma Evandro Schütz, nesta entrevista exclusiva ao DT. Acompanhe:

DIÁRIO – A ABETA consegue fiscalizar se as empresas cumprem as regras de segurança no turismo de aventura?

Evandro Schütz – Quando uma empresa de nosso segmento (incluindo também hotéis, pousadas, refúgios, etc) opta por fazer parte do quadro associativo da Abeta, é necessário que ela nos envie uma série de documentos que comprovem a existência da mesma e as devidas licenças para esta operação, em âmbito municipal, estadual e federal (Alvarás, CNPJ, Cadastur). Depois disso e, quando todos os documentos estiverem ok, nossa equipe executiva emite um pedido de aprovação à diretoria (presidente, vice presidente e mais 5 diretores). Ao recebermos, um dos membros da diretoria entra em contato com o representante da empresa a ser filiada para uma conversa sobre as expectativas de ambos os lados e alinhamento da visão. Caso aprovado, é emitido então a cobrança referente à entrada desta empresa e somente após isso, então, a empresa é considerada afiliada Abeta.

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Em relação à fiscalização, a Abeta, por competência, não pode fiscalizar ações de operação e cumprimento de regras, leis e normas técnicas. Esta competência é de responsabilidade das instâncias públicas, especialmente fiscalizações municipais, estaduais e federais. Para a questão do turismo, mais especificamente, Secretarias Municipais de Turismo, Secretarias Estaduais de Turismo e Ministério do Turismo.

DIÁRIO – O que o consumidor deve fazer para saber se a empresa que está contratando segue os procedimentos de segurança necessários?

Evandro Schütz – O consumidor de atividades, serviços e produtos turísticos tem o dever de ser um dos principais agentes de fiscalização sobre a idoneidade e legalidade de atuação de empresas e profissionais turísticos. A primeira coisa a ser feita é a consulta e solicitação de apresentação de alvarás de licença municipais (que devem estar em local visível ao público), Cadastur (Cadastro como Agência, Operadora ou Profissional do Turismo no Ministério do Turismo), CNPJ e especialmente a comprovação de que a empresa possui Sistema de Gestão de Segurança de acordo com a Norma Abnt ISO 21101 previsto na Lei Geral do Turismo como “obrigação” da empresa que oferece atividades de turismo de aventura ao consumidor.

DIÁRIO – O que a Associação tem feito para conscientizar o público consumidor e as empresas sobre o perigo das práticas amadoras de turismo de aventura?

Evandro Schütz – Divulgamos em palestras e em nossas redes sociais o Manual do Consumo Consciente em Ecoturismo e Turismo de Aventura, pois sabemos da importância do consumidor nesse processo. Além disso, somos membros de diversos conselhos municipais e estaduais de turismo, além de membro pleno do Conselho Nacional de Turismo, e em todos esses conselhos trabalhamos na promoção das Normas Técnicas como ferramentas de qualidade capazes de garantir a segurança de nossos clientes e consumidores. ​E, sempre que possível​, temos contado com o auxílio ​da imprensa brasileira no esclarecimento sobre tudo o que concerne à este e demais temas de nosso segmento.

(Foto: Ion David/ABETA)
“Trabalhamos na promoção das Normas Técnicas como ferramentas de qualidade capazes de garantir a segurança de nossos clientes”. (Foto: Ion David/ABETA)

DIÁRIO – Qual é a importância do turismo de aventura para o setor no Brasil? Houve crescimento nos últimos anos?

Evandro Schütz – O Brasil é considerado por entidades como a Organização Mundial do Turismo e também pelo Fórum Econômico Mundial, como o país com a maior ​potencialidade de recursos naturais ​e de biodiversidade do planeta para a exploração do turismo ​de natureza, sustentável e responsável.

Somos o país que possui a maior capacidade de exploração do turismo de natureza do mundo mas estamos iniciando a nossa caminhada. Somos jovens e imaturos na estruturação do turismo como ferramenta de desenvolvimento econômico e social e por isso, tanto o ecoturismo quanto o turismo de aventura, tem papel fundamental para ditar qual será o nosso futuro neste contexto. O segmento de ecoturismo e turismo de aventura é o que mais cresce dentro do macro segmento do turismo mundial, com índices próximos a 20% de crescimento, segundo a OMT – Organização Mundial de Turismo​.

Só não somos melhores pela ​falta de infraestrutura apropriada, ​de ​promoção ​comercial adequada ​e ​do reconhecimento por parte da sociedade, da importância econômica, social e estratégica da indústria turística para o Brasil.

Só não somos melhores pela ​falta de infraestrutura apropriada, ​de ​promoção ​comercial adequada ​e ​do reconhecimento por parte da sociedade, da importância econômica, social e estratégica da indústria turística para o Brasil”

DIÁRIO – Além das questões de segurança e legalidade da atividade, o que falta para que o Brasil seja o maior destino do mundo para o Turismo de Aventura?

Evandro Schütz – Primeiramente compreender o que é ​o turismo e seu potencial econômico para o Brasil. ​Para exemplificar, nosso maior produto de exportação é o minério de ferro bruto. Uma commodity de baixo valor agregado, que é explorado por poucas empresas e com grandes impactos socioambientais. Gera por ano algo perto de 30 bilhões de dólares em receitas cambiais. Já o turismo na Tailândia, por meio de milhares de pequenas e médias empresas, e empregando muito mais gente, gera os mesmos 30 bilhões anuais em receitas cambiais.

​Como nação, desconhecemos a potencialidade econômica deste setor. A política e a sociedade brasileira não compreendem que turismo é um segmento econômico estratégico​. Precisamos promover a cultura da vida ao livre em nossa sociedade. Conhecer para preservar é estratégico se quisermos nos posicionar como este promissor “maior destino do mundo para o turismo de aventura” e temos um longo caminho pela frente.

O desafio de dar à sociedade educação e o conhecimento atrelados ao turismo deve ser encarado como meta a ser atingida e, para isto, é fundamental que sejamos proativos nas boas práticas do segmento, preparar melhor nossa infraestrutura e ampliar os canais de promoção ​do destino Brasil para brasileiros e estrangeiros. É mais fácil encontrar em brasileiro que conheça a cidade de Orlando na Flórida, do que um brasileiro que conheça Bonito no Mato Grosso do Sul.

A Abeta e seus associados estão cumprindo o seu papel neste cenário!

www.abeta.tur.br

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1 COMENTÁRIO

  1. Concordo plenamente, mas tem um ano que estou procurando cursos, capacitações e qualificações em turismo de aventura e não consigo nada, nem informação. Inclusive entrei em contato com a ABETA e nem eles souberam me informar, só disseram que eles não capacitam e não dão cursos. Então quem capacita???? Estou aqui no Centro-Oeste com vários, muitos mesmo, empreendimentos que querem se regulamentar e não tem ninguém capacitado pra orientar ou capacitar. E aí! como fica? Só na Chapada dos Veadeiros em uma semana teve dois acidentes, com uma morte, em empreendimentos de turismo de aventura, e lá nenhum é regulamentado, nem mesmo o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. Não adianta ficar só falando e pregando que não aceita amadorismo, eu estou aqui querendo e buscando capacitação pra orientar e regulamentar empreendimentos e não acho uma opção se quer. E quero pagar por isso.
    Patrick José dos Santos – Turismólogo, Especialista em Gestão Ambiental e Gerenciamento de Projetos – Consultor Credenciado do SEBRAE.

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