“Os Conventions & Visitors Bureaus não podem mais trabalhar sozinhos”, afirma Toni Sando

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Em entrevista ao DIÁRIO, presidente do São Paulo CVB e Unedestinos fala sobre os caminhos para a retomada do setor

POR ZAQUEU RODRIGUES

Nesta terça-feira (16), o Hotel Sheraton SP WTC, recebeu o Fórum BandNews Expo Visite SP, evento B2B que debateu as diretrizes para a retomada do turismo e viagens no Estado de São Paulo. Durante o dia todo, a programação reuniu palestras, workshops, painéis e uma feira apresentando 10 destinos paulistas a serem descobertos pelos turistas.

A unificação da cadeia do turismo foi apontada em diferentes ocasiões do Fórum como fundamental para a retomada e fomento dos destinos. Na ocasião, o presidente do São Paulo Convention & Visitors Bureau e Unedestinos, Toni Sando, conversou com o DIÁRIO sobre a nova fase do turismo, os aprendizados na pandemia e os caminhos da retomada.

Toni observa que a recuperação econômica passa pelo trabalho conjunto. “A cadeia produtiva está um pouco mais comprometida em apoiar as entidades para fomentar o turismo. Você tem que ter apoio, tem que ter a cadeia toda envolvida. As próprias entidades setoriais, quando a gente criou o movimento G20, foi uma demonstração de que a gente precisava se unir”.

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A seguir, Toni aponta os caminhos para a retomada, defende atuação integrada dos conventions e compartilha as suas expectativas para o turismo nos próximos meses.

A Fundação 25 de janeiro chega aos 38 anos. Qual é o seu papel agora?

Toni Sando: Ela começou com um grupo de empresários e com o conceito de ser uma agência de captação de eventos. Hoje a gente ampliou essa atuação. O atual modelo nos permite não só fazer a captação de eventos, mas também a promoção do destino. O Convention Bureau, que é a marca fantasia da Fundação 25 de janeiro, que é para o público intermediário, e a marca Visite São Paulo, para público final, têm o propósito de promover o destino para alavancar cada vez mais a vinda de visitantes não somente para eventos, mas para todas as atividades do turismo. Hoje, no evento Fórum Band News Visite SP, falamos sobre cultura, infraestrutura – tudo isso tem um peso para ampliar o leque de propostas para a vinda de turistas para São Paulo.

Hoje, o São Paulo Convention & Visitors Bureau representa praticamente uma agência de fomento. Ele é um braço direito da secretaria de turismo do estado, da secretaria de turismo municipal, e como uma integração entre os Conventions Bureaus do próprio estado para que, harmonicamente, possamos trabalhar com um único objetivo: fazer com que o destino prospere através do turismo e de eventos.

O tradicional slogan do SPCVB, São Paulo é Tudo de Bom, será mantido?

Toni Sando: São Paulo é Tudo de Bom é o slogan do Convention Bureau para a cidade. São Paulo para todos é o slogan do estado. Quando a gente fala especificamente sobre o posicionamento da cidade, usamos o São Paulo é Tudo de Bom. O slogan existe desde 2005 e pretendemos mantê-lo. Quando a gente fala do estado, com mais de um destino, usamos a marca São Paulo Para Todos.

A pandemia está mudando o jeito de fazer turismo. Que mudança o senhor destaca?

 Toni Sando: A gente tem olhado a mudança de perfil do próprio visitante. Falamos muito de nômades digitais, que são as pessoas que viajam na pessoa física, e de pessoas físicas que viajam com pessoa jurídica… Isso acabou gerando uma integração muito maior do que tínhamos antigamente. A gente esperava que uma pessoa jurídica visitasse um destino e estimulava para que ela ficasse um dia a mais. Hoje a gente tem uma visão um pouco mais ampla sobre tudo isso. Temos muitas pessoas físicas que estão viajando com sua família e trabalhando onde querem trabalhar, e não mais onde a empresa as manda trabalhar. Isso aumentou o leque de visitantes, abrindo espaço para a cultura, o entretenimento, o comércio… tudo isso está se tornando torna cada vez maior, ainda mais num momento pós-pandemia, em que vemos um estado de euforia. As pessoas estão empolgadas para viajar.

Existe um capital reservado de viagens que as pessoas não fizeram. Embora tenhamos as dificuldades na pandemia, muita gente teve suas reservas guardadas para viagens, que começam a acontecer exatamente agora. E o destino que estiver preparado estará melhor. A proposta desse encontro é exatamente essa. Vamos nos reorganizar para sairmos na frente e começar a trabalhar. Esse é o nosso objetivo.

A pandemia arrasou os caixas do turismo. Como o SPCVB se mantém e qual é o papel da room tax?

 Toni Sando: Não podemos mais ficar concentrados numa única fonte de receita. A principal fonte hoje ainda continua sendo a room tax, que vem da contribuição facultativa recolhida pelos hotéis e repassada para a fundação (Fundação 25 de janeiro), que sustenta o Convention Bureau. Por outro lado, existem outras fontes de receitas como os mantenedores, que pagam mensalidades ou patrocínios por meio de eventos como este, que geram reservadas financeiras para a gente promover ainda mais o destino.

Qual é a sua expectativa para os próximos meses?

Toni Sando: A minha expectativa é muito boa. Em 2022 teremos Carnaval, centenário da Semana de Arte Moderna, Bicentenário da Independência, Eleições, Copa do Mundo. Todos os eventos que não aconteceram em 2021 irão acontecer em 2022. Tudo isso ajudará a alavancar a hospedagem, restaurantes, visitas aos museus… o ano que vem será um ano muito eufórico. E talvez o Carnaval seja o grande marco desse novo mundo. Não será muito diferente do que aconteceu em 1918, com a gripe espanhola. Em 1919 foi o Carnaval da década. As pessoas precisam e querem viajar e precisamos estar prontos para recebê-las.

Qual é o papel dos Conventions de agora em diante?

Toni Sando: Uma coisa é a proposta de atuação e a outra é o envolvimento das pessoas para que a proposta aconteça. A cadeia produtiva está um pouco mais comprometida em apoiar as entidades para fomentar o turismo. Os Conventions & Visitos Bureaus não podem mais trabalhar sozinhos. Temos que ter apoio, temos que ter a cadeia toda envolvida. As próprias entidades setoriais, quando a gente criou o movimento G20, foi uma demonstração na pandemia de que a gente precisava se unir, criar pleitos e propostas em conjunto. Quando a gente olha para o São Paulo Convention & Visitors Bureau, que tem a Unedestinos, é a mesma coisa: o fortalecimento de todos os Conventions do Brasil para que façam a mesma proposta, tenham o mesmo encaminhamento e tenham, mais do que tudo, credibilidade e representatividade.

A atuação dos Conventions tende a ser mais unificada?

Toni Sando: Sim. No Rio de Janeiro a gente está em redes sociais com a ação Venha Para São Paulo, Vá Para o Rio; em Cartagena (Colômbia), na FIEXPO, fomos junto com Foz do Iguaçu, Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo e Ceará. A gente está criando um movimento em grupo para se fortalecer. No 33º Festuris, em Gramado (RS), participamos com um grupo de conventions… A proposta é: a gente não pode mais estar sozinho. Os destinos são concorrentes, mas precisam se integrar quando temos que trabalhar o Brasil. E é isso que estamos fazendo.

Como turista, qual é o perfil de viagem que prefere?

Toni Sando: Eu?

Sim, você.

Toni Sando: Olha! Como eu tenho filhos de 6 anos, de 12 anos e de 30 anos, eu acabo me diversificando em várias atividades (risos). Tem hora que eu estou em parque infantil e tem hora que eu estou num show. Eu aproveito muito a diversidade de passeios que o estado de São Paulo proporciona. Eu gosto muito de montanha, de fazer compras em shopping, de caminhar pela Avenida Paulista. Eu sou o típico paulistano da gema.

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