Perguntas a Eduardo Marchioni, o Viajante do Brasil que Poucos Conhecem (1)

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O DIÁRIO DO TURISMO é parceiro do Projeto “O Brasil que poucos conhecem”, do arquiteto, aventureiro e mineiro Eduardo Marchioni Escobar Filho. Eduardo,  que mora no Rio de Janeiro desde 2012, partiu no mês de maio  para uma “volta no Brasil”. Segundo ele O Brasil que poucos conhecem” pode ser definido através de três pontos de vista: primeiro, fotograficamente falando, segundo, do ponto de vista das viagens e aventuras necessárias para que o projeto se concretize;  por último, do ponto de vista pessoal e profissional, já que é um projeto longo e por isso acaba se tornando um estilo de vida. O DIÁRIO entrevistou Eduardo e, como as respostas são muito boas (e longas) resolveu apresentá-las uma a uma: aí vai a primeira:

 

DIÁRIO – Eduardo, em nosso histórico de vida, algumas razões nos levam a decisões, algumas sensatas, outras nem tanto, outras malucas e assim por diante. Qual foi a razão (ou as razões) que te levou a esta aventura incrível?

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EDUARDORealmente, nossa vida é repleta de decisões (tem um filme bom sobre isso: Mr Nobody). Esta, em especial eu tomei por uma séria de observações que fiz enquanto crescia profissionalmente. Comecei a trabalhar na área de arquitetura com 15 anos, ainda no colegial, fazia uma biblioteca de móveis 3D para um arquiteto de Sorocaba, SP. Naquele momento minha, vida era guiada pelos anseios do crescimento profissional, queria então entrar na faculdade, depois fazer estágios e intercâmbio, logo queria a contratação, depois a evolução de cargos, depois mais um degrau, depois outro e assim por diante até um limite que eu não consegui até hoje saber qual o fim.

Pelotas: Castelo Simões Lopes (Foto: Eduardo Marchioni Escobar Filho)
Pelotas: Castelo Simões Lopes (Foto: Eduardo Marchioni Escobar Filho)

Em meu caso particular, tive um crescimento profissional relativamente rápido: me formei em 2009 e em 2013 assumia cargo gerencial e cerca de 20 salários mínimos: cuidava da engenharia de uma obra de 160 milhões de reais. O que acontece é quegradualmente eu vi meu tempo de vida sendo dedicado cada vez mais exclusivamente ao emprego, ao ponto de não conseguir fazer quase mais nada pra mim mesmo, somente trabalhar. Isso fez com que eu tivesse muitos períodos de reflexão e quase todos me levavam a seguinte conclusão: este processo não tem fim. Quanto mais tempo você passa nele, mais difícil de sair. Com otempo seus cargos são mais importantes, seu salário melhor, casamento, filhos… quanto mais passa o tempo, mais difícil de sair daquele cenário. Somente uma ruptura abrupta para interromper este ciclo: é o que fiz.

Mas por que sair de um emprego, já que é o que buscava? Porque descobri que fui criado através da cultura do emprego: assim como você nasce, cresce e morre, para minha família, você estuda, arruma um emprego e se aposenta. É a cultura da sobrevivência, não da vivência

Mas por que sair de um emprego, já que é o que buscava? Porque descobri que fui criado através da cultura do emprego: assim como você nasce, cresce e morre, para minha família, você estuda, arruma um emprego e se aposenta. É a cultura da sobrevivência, não da vivência. Descobri que não é o único caminho, o outro se chama empreendedorismo e este projeto não deixa de ser um empreendimento, mas com características que me levam a ter uma experiência de vida da qual me orgulhe um dia, por exemplo, contar a meus filhos e a meus netos. Diferente dos muitos anos que passei dentro de um container em construções, onde não via o dia, nem a noite, nem o comércio aberto ou o movimento das pessoas; uma forma de vida que eu sei que no fim da vida me arrependeria, quando o salário, cargo e status já não contam mais.

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