Parlamento Europeu pede que início do processo de ‘Brexit’ comece na terça

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Agências com edição do DT

O presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, pediu ao primeiro-ministro britânico, David Cameron, que inicie o processo de saída da União Europeia (UE) na terça-feira (28), dia de uma reunião de cúpula do bloco. Após o resultado do referendo, Cameron anunciou que deixará o cargo em outubro para que um outro líder conduza esse processo.

Em uma entrevista ao jornal alemão Bild, Schulz afirmou que um período confuso “levaria a mais insegurança, colocando os empregos em perigo”.

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 “Esta atitude de dúvida, simplesmente para seguir o jogo tático dos conservadores britânicos, prejudica a todos. Por isto contamos com o governo britânico para cumprir suas promessas a partir de agora e a reunião de cúpula de terça-feira será um bom momento”, completou.

As quatro bancadas mais importantes do Parlamento Europeu também redigiram uma resolução que convida Cameron a iniciar o Brexit na terça-feira, informa o jornal alemão Frankfurter Allgemeine Sonntagszeitung.

“É imperativo evitar uma incerteza prejudicial para todos e preservar a unidade da União. Não se poderá aprovar nenhuma nova relação, do tipo que for, entre o Reino Unido e a UE enquanto o acordo de saída não estiver concluído”, afirma o texto dos parlamentares.

Na sexta-feira, após o choque do resultado do referendo, que definiu a saída do Reino Unido da UE, Cameron anunciou sua renúncia para o mês de outubro, deixando para o sucessor o papel de negociar o Brexit com os outros países membros.

Como estipula o artigo 50 do Tratado de Lisboa, que nunca foi utilizado até hoje, para concretizar a saída, o Reino Unido deve notificar o Conselho Europeu, composto pelos chefes de Estado e de Governo, sobre a intenção de abandonar a UE.

 A partir deste momento, o Estado que deseja abandonar o bloco e os membros da UE têm dois anos para negociar a saída.

A Escócia já demonstrou a intenção de tentar barrar o processo de saída. A primeira-ministra escocesa, Nicola Sturgeon, disse neste domingo (26) que o parlamento escocês poderia tentar bloquear a saída do Reino Unido do bloco.

Em declarações para um programa da emissora “BBC”, a premiê sustentou que “certamente” pediria ao parlamento autônomo que não concedesse o “consentimento legislativo” para que o governo de Londres procedesse com a saída do bloco comunitário.

No entanto, Sturgeon admitiu que o governo britânico poderia contestar a necessidade de ter que receber o consentimento de Edimburgo para proceder com a “Brexit”.

Os chefes de Estado e de Governo da UE devem se reunir na terça e quarta-feira (30) para discutir o referendo britânico. O Parlamento Europeu se reunirá na terça-feira em sessão extraordinária.

Os ministros das Relações Exteriores dos seis países fundadores da UE (Alemanha, França, Itália, Bélgica, Holanda e Luxemburgo) pressionaram no sábado o governo britânico a iniciar o processo de saída “o mais rápido possível”.

Alemanha mais flexível
Mas a chanceler alemã, Angela Merkel, mostrou-se um pouco mais flexível ao afirmar que corresponde ao Reino Unido decidir quando iniciar a fase de saída, mas sem “eternizar-se”.

“Não temos nenhuma razão para ser desagradáveis nas negociações. Devemos seguir as regras do jogo”, declarou no sábado.

O chefe de gabinete de Merkel, Peter Altmaier, disse que a “petição (de saída) será apresentada em algumas semanas, inclusive dentro de alguns meses, certamente com a chegada de um novo governo”.

Ele disse que o novo governo britânico deve primeiro se organizar para depois apresentar o pedido. “Deveríamos esperar com tranquilidade”, afirmou.

Arrependimento?
O sentimento de arrependimento pela Brexit, fusão dos termos “british” e “exit” – que significam saída britânica em inglês – foi batizado de “Bregret”, junção de “british” e “regret”, ou arrependimento britânico, segundo a Efe.

Mais de 3 milhões de pessoas assinaram até este domingo uma petição ao Parlamento para que o Reino Unido celebre um segundo referendo sobre a União Europeia após histórico ‘Não’ de quinta-feira.

O site petition.parliament.uk chegou a travar com a grande quantidade de pedidos por uma segunda consulta.

O Parlamento é obrigado a responder a qualquer demanda que supere 100 mil assinaturas, mas um debate na Câmara dos Comuns não significa nenhuma votação posterior.

A petição, criada apenas 24 horas depois da votação que deu a vitória ao Brexit, demonstra a profunda divisão no país depois do terremoto provocado pela decisão de sair da UE.

Oficialmente, o referendo não é “vinculante”, ou seja, ele não torna obrigatória a decisão de sair do bloco europeu. Mas o futuro primeiro-ministro britânico dificilmente será capaz de contrariar a decisão da população. Parlamentares também podem bloquear a saída do Reino Unido, mas analistas consideram que isso seria suicídio político.

Divisões profundas e os insatisfeitos
O resultado do plebiscito sobre a permanência na UE evidenciou profundas divisões entre os britânicos. Em grandes cidades como Londres, Manchester, Bristol, Leicester, Leeds e Liverpool, a maioria votou por permanecer na UE, enquanto em cidades menores e zonas rurais predominou a preferência pela saída do bloco.

Na sexta-feira, londrinos fizeram um protesto contra o resultado do referendo. A maioria dos eleitores da cosmopolita capital britânica, de 8,6 milhões de habitantes, votou contra a separação. Os londrinos também lançaram uma campanha bem-humorada pela independência da capital britânica nas redes sociais, como informou a BBC.

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