A fala do Ministro Guedes e o Turismo

Continua depois da publicidade

*Por  Bayard Do Coutto Boiteux

Temos vivido nos últimos meses, situações difíceis para o turismo, em função de declarações equivocadas e indelicadas, por parte de autoridades constituídas e que deveriam avaliar melhor seus pronunciamentos. A atividade turística demanda conhecimentos básicos de seus preceitos e de sua história. Sempre que fizermos alusão à mesma, devemos pensar que a construção da imagem do Brasil se faz no dia a dia das políticas publicas e da forma como atuamos no mundo das relações internacionais. O Itamaraty,que é um orgulho para o Brasil, sempre atuou com muita cautela, em tom moderador, que cabe aos diplomatas formados pelo Instituto Rio Branco, mas com firmeza nos posicionamentos levando em consideração a necessidade de mostrar ao mundo nossa posição de diversidade, de entendimento das diferenças culturais, econômicas, de respeito aos direitos humanos, da liberdade, entre outros.

A “fala” do Ministro Guedes no tocante ao dólar, que se encontra num patamar muito alto, trouxe algumas imprecisões, que acredito devam ser esclarecidas dentro da ótica do Turismo. Em primeiro lugar, uma parte da cadeia produtiva do Turismo, formada por operadores de Exportativo estão hoje sentindo um decréscimo nas viagens internacionais, agravada pelo coronavírus. Assim, a alta do dólar que trouxe estragos, obrigando mais uma vez o Banco Central a intervir também nos mostra que pronunciamento de uma alta autoridade econômica pode trazer efeitos negativos. Por outro lado, é necessário esclarecer que as viagens dentro do Brasil, que devem ser incentivadas, muitas vezes são impossíveis por força de tarifas aéreas internas, que estão entre as mais caras do mundo, levando os brasileiros a optarem por destinos internacionais.

Veja também as mais lidas do DT

É salutar lembrar que as pessoas viajam para onde desejam, independente de suas profissões, algumas com muita dignidade e salários nem sempre tão atrativos, como as empregadas domesticas. Nos últimos anos, houve uma democratização do acesso ao turismo que levou brasileiros a viajarem pela primeira vez para o exterior, trazendo novas experiências enriquecedoras para parte da população, como ocorreu com o acesso de novas camadas de estudantes, ao Ensino Superior. Tal fato correu, é verdade, com um  dólar mais baixo, mas também com novas modalidades de hospedagem e pacotes diferenciados e de certa forma inovadores.

A alta do dólar beneficia de certa forma o Turismo Receptivo, hoje estagnado em nosso país por falta de incentivo e politicas de promoção, que aqui entre nós deveriam ser melhor dimensionadas pela Embratur. Parece-me que o Ministro deveria ter citado tal segmento como benificiário de tal câmbio, já que o Brasil não é hoje um produto tão competitivo no mercado internacional.

O turismo é um segmento importante da Economia, que se baseia em estatísticas, no Código de Ética Mundial do Turismo e no lazer preconizado em nossa Constituição Federal, voltado para todos brasileiros, independente de suas profissões, opções sexuais, religiosas ou mesmo políticas. Vamos tratar o mesmo com relevância e respeito, palavra hoje esquecida por muitos em redes sociais e na política nacional.

Bayard Do Coutto Boiteux é professor,pesquisador,escritor.Atualmente é vice-presidente executivo da Associação dos Embaixadores de turismo do RJ,superintendente executivo do Instituto Preservale e consultor.(www.bayardboiteux.com.br

Publicidade

1 COMENTÁRIO

  1. A fala do ministro Paulo Guedes resultou numa especulação na alta do dólar, portanto, o objetivo do pronunciamento foi feito com essa intenção, ou seja, alimentar a especulação onde meia dúzia de pessoas ganharam alguns milhões de dólares especulando dólares. E quem duvida basta ver o movimento do dólar nos jornais durante esse período ! O governo Bolsonaro esta se lixando para o Turismo !

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Recentes

Publicidade

Mais do DT

Publicidade