EUA acabam com regra que suspendia pedidos de asilos no país

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O fim do chamado “Título 42” beneficiará imigrantes de várias nacionalidades, mas terá pouco impacto sobre brasileiros que tentam entrar nos EUA, diz Felipe Alexandre, advogado especialista em imigração para o país.

EDIÇÃO DO DT com Agências


No dia 1º deste mês, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês) anunciou o fim de uma regra criada pelo próprio órgão que suspendia o direito de imigrantes de entrar nos EUA e solicitar asilo.


Em comunicado, o órgão afirmou: “Em consulta com o Departamento de Segurança Interna (DHS), este término será implementado em 23 de maio de 2022, para permitir que o DHS tenha tempo para implementar protocolos adequados de mitigação da Covid-19, tais como a ampliação de um programa para fornecer vacinas para migrantes e preparar para o reinício da migração regular”.

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Colocado em prática em março de 2020 como uma medida de saúde pública, o Título 42 – como foi chamada a regra do CDC – obrigava que oficiais da fronteira expulsassem imigrantes que tentassem entrar no país antes que eles solicitassem asilo. O objetivo era evitar que esses estrangeiros carregassem alguma variante do coronavírus para dentro do território americano e, assim, prejudicassem os esforços sanitários do governo federal.


Com isso, nos últimos dois anos, os imigrantes (a maior parte deles do México e de países da América Central) tinham de aguardar em abrigos no lado mexicano da fronteira, geralmente em cidades com altíssimos índices de violência. Esse cenário vinha sendo criticado por organizações de direitos humanos, de defesa dos imigrantes e por membros do Partido Democrata, do qual o presidente Joe Biden faz parte.


De acordo com dados do Serviço de Controle e Proteção das Fronteiras (CBP), mais de 1,7 milhões de imigrantes foram expulsos dos Estados Unidos sob o argumento do Título 42.


“Após considerar as atuais condições de saúde pública e a maior disponibilidade de ferramentas para combater a Covid-19 (como vacinas altamente eficazes e outras medidas terapêuticas), o diretor do CDC determinou que a ordem suspendendo o direito de introduzir migrantes nos Estados Unidos não seja mais necessária”, continuou o CDC em seu comunicado.


Dois dias antes do anúncio, durante uma coletiva de imprensa na Casa Branca, a diretora de comunicação da administração Biden, Kate Bedingfield, havia afirmado que o governo estava se preparando para uma possível revogação do Título 42 e que, caso a medida se concretizasse, “haveria um influxo de pessoas na fronteira”. “E por isso estamos nos planejando bastante para criar contingências”, disse.


Para o advogado de imigração Felipe Alexandre, a decisão do CDC é benéfica para os imigrantes e deve gerar um aumento rápido nos pedidos de asilo: “Com certeza agora as pessoas vão correr para pedir asilo aos Estados Unidos, e por isso é importante que o governo se prepare para esse aumento repentino, que irá acontecer a partir de maio. Além disso, o fim do Título 42 reforça a tradição dos Estados Unidos de oferecer ajuda humanitária a quem precisa”, diz Alexandre, que é sócio-fundador da AG Immigration, escritório de advocacia especializado em imigração para os EUA, em nota enviada por e-mail à redação do DIÁRIO.

Asilo para brasileiros

De acordo com Alexandre, a decisão do CDC de acabar com o Título 42 ajudará imigrantes que buscam ajuda humanitária nos Estados Unidos, mas terá pouco impacto sobre os brasileiros.

Alexandre explica que, em geral, imigrantes do Brasil não conseguem mostrar para as autoridades americanas um temor crível de que, se voltarem a seu país de origem, poderão ser mortos, presos ou torturados – critério que embasa a análise do pedido de asilo.

Ele aponta que em 2019, por exemplo, 185 brasileiros tiveram seus pedidos de asilo aprovados pelos EUA – uma fração das 27.643 concessões totais daquele ano. Em 2018, foram 110 e, em 2017, apenas 29. Os dados apresentados são do Serviço de Cidadania e Imigração dos Estados Unidos (USCIS).

Por fim, Alexandre diz que, em geral, brasileiros que requisitam asilo nos Estados Unidos alegam perseguição política, homofobia ou risco de violência por parte de gangues e do crime organizado.

 

Para saber mais sobre a imigração legal para os Estados Unidos, acesse o site do escritório de advocacia.

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