Turismo brasileiro alcançou um novo patamar, afirma Daniel Chequer Ribeiro, presidente do grupo Tauá Hotels

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Em entrevista ao DIÁRIO DO TURISMO, o presidente do grupo Tauá Hotels fala sobre a modernização e ampliação da rede e traça um panorama sobre o momento e os rumos do turismo brasileiro

Por Zaqueu Rodrigues (Repórter Especial)

Em janeiro deste ano, Daniel Chequer Ribeiro assumiu a presidência do Grupo Tauá Hotels, empresa familiar fundada em 1986 e gerida até 2018 pelo patriarca João Pinto Ribeiro. “Foi uma transição muito tranquila”, diz. A principal novidade, afirma ele, foi a criação de um Conselho Administrativo para dar suporte às decisões estratégicas daqui para frente.

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Agora, sob a sua presidência, o Grupo Tauá promove uma de suas maiores renovações, que inclui a modernização de suas estruturas e a construção de novas unidades no país. Hoje, o grupo é responsável pelo Tauá Hotel & Convention Atibaia (SP), o Grande Hotel Termas de Araxá (MG), o Tauá Resort & Convention Caeté (MG) e o Alegro Hotel (SP).

A próxima unidade do grupo, Alexânia, encontra-se em fase de acabamento e será inaugurada em abril de 2020 em Goiânia, a 70 km de Brasília. De acordo com Chequer, o seu conceito será semelhante ao da unidade de Atibaia. Para os próximos anos, a expectativa é também inaugurar outros resorts no país, um no Sul e outro no Nordeste. “Queremos um na praia”, revela.

As mudanças que sinalizam o novo momento vivido pelo grupo e que têm sido comandadas pelo renomado escritório nova-iorquino Studio Gaia já começaram a ser apresentadas na unidade de Atibaia. A recepção, bar 86, os restaurantes Pedra Grande e Pedra Bela foram inteiramente repaginados, assim como Bem-Estar Spa. Em setembro começarão as obras de construção de mais 200 apartamentos do prédio Jarinu, também no mesmo resort.

Os investimentos, afirma o presidente, contrariam o atual cenário do país, que passa por um período de instabilidades política e econômica.

Na entrevista a seguir, Daniel Chequer Ribeiro fala sobre a renovação que vem implementando no grupo Tauá, faz uma análise sobre o momento vivido pelo turismo brasileiro e se mostra otimista com os rumos do setor.

 

Diário do Turismo: O senhor assumiu a presidência do Grupo Tauá Hotels em janeiro deste ano. Como foi essa transição?

Daniel Chequer Ribeiro: Somos uma empresa familiar. Eu trabalho nela desde que nasci. Então, foi uma coisa que veio amadurecendo há muitos anos e aconteceu de uma maneira muito natural. Não abrupta. O mais interessante foi a criação do nosso Conselho Administrativo, formado por pessoas muito bacanas e experientes como o renomado professor da Fundação Dom Cabral Roland de Bonadona, que foi presidente da Acoor e é uma sumidade na hotelaria. O Conselho está sendo muito efetivo e tem dado um assessoramento muito importante para que eu possa tomar as decisões estratégicas. Não podemos errar, pois são decisões de milhões de reais. Em relação à mudança na presidência, como disse, ela transcorreu de modo muito tranquilo. Graças à Deus eu fui muito bem recebido pela família e pelos funcionários.

 

Diário do Turismo: O Tauá Hotel & Convention Atibaia vive um momento de expansão e modernização. Qual é a representatividade dessa unidade para o grupo Tauá?

Daniel Chequer Ribeiro: Hoje, o Tauá Hotel & Convention Atibaia representa 80% do resultado e 60% do faturamento do grupo. No ano passado ele fechou com 65% de eventos e 35% de lazer. Neste ano, os eventos cresceram e alcançaram 60%. Com a inauguração do Bem-Estar Spa e, em setembro, do parque aquático Indoor, a nossa expectativa é a de que o lazer amplie. Em 2020 deverá ficar meio a meio, 50% de eventos e 50% de lazer. Assim que for inaugurado o parque aquático indoor, começaremos as obras para a construção do prédio Jarinu, que contará com mais 200 apartamentos. A demanda aqui é grande e estamos sempre trabalhando para ampliá-la ainda mais. Se construísses esses novos apartamentos sem as atrações, por exemplo, não iria funcionar. As atrações precedem os apartamentos. Esse conceito de sucesso deste hotel Atibaia será replicado na unidade Alexânia, que está sendo construído a 70km de Brasília.

Tauá
Tauá Atibaia (Crédito: Arquivo DT)

DIARIO: O Tauá Hotel & Convention Alexânia terá o mesmo perfil do Tauá Hotel & Convention Atibaia?

Daniel Chequer Ribeiro: O perfil é semelhante. Mas lá, evidentemente, não teremos tantos eventos quanto temos aqui. São Paulo é São Paulo. Nenhum local no Brasil baterá o número de eventos de São Paulo. Em Alexânia, a nossa estimativa é fazer, de início, 60% de lazer e 40% de eventos. Alexânia terá uma pegada de hotel de design; é um resort que contará com 412 apartamentos, piscina, Spa e uma área infantil grandiosa. Embora ele esteja no Estado de Goiás, estamos falando de hotel Brasília, pois fica a apenas 70km. O prédio já está de pé, em fase de acabamento, e está sendo feito pelo escritório de Nova Iorque Studio Gaia, responsável pelos mais modernos projetos hoteleiros ao redor do mundo. O Alexânia custou R$ 144 milhões e será o melhor hotel do grupo. Eu arrisco a dizer que será o melhor resort do país. Após a inauguração de Alexânia, o nosso desejo é abrir uma unidade na praia, inteiramente voltada para o lazer. Se isso se concretizar, estamos pensando num retorno de 85% de lazer e 15% de eventos.

 

DIÁRIO: Os eventos sofreram uma queda nos últimos anos…

Daniel Chequer Ribeiro: A demanda de eventos em Alexânia deverá ser maior. Na unidade de Caeté, em Belo Horizonte, a gente já teve uma quantidade muito grande de eventos. Eles tiveram uma queda a partir da crise de 2014, que afetou muito o estado de Minas Gerais. Lá, já chegamos a ter 40% de eventos. Hoje estamos numa média de 20%. Por outro lado, o lazer aumentou.

No geral, tivemos um aumento tanto de lazer quanto de eventos. Este ano estamos aumentando em 35% o nosso faturamento. Isso é muito significativo. Em Caeté, o aumento é de 25%. A única unidade que registramos uma queda na receita foi a de Araxá, de -5%.

 

DIÁRIO: Há uma explicação para essa queda na receita do Grande Hotel e Termas de Araxá?

Daniel Chequer Ribeiro: Olha… eu não sei explicar Araxá. Acho que é a localização. O nosso atendimento nunca esteve tão bom. O período de férias é ótimo. Mas o primeiro semestre foi ruim em Araxá. Ainda não estamos de cabelo em pé porque a previsão é de um segundo semestre muito bom.

 

DIÁRIO: O senhor falou sobre a localização. Qual é a situação de Araxá nesse aspecto?

Daniel Chequer Ribeiro: O grande desafio para o turismo de Araxá é o acesso dos turistas. Esse é o maior gargalo. A cidade não tem voo regular, embora tenha um aeroporto grande e com pista muito boa. Mas é preciso ampliar os voos. No século passado haviam muitos voos diretos para Araxá vindos, inclusive, do Chile e da Argentina. Por terra, a cidade mais próxima é Uberlândia, a 180km. A estrada que liga a Araxá ainda não é duplicada, o que representa outro desafio para o turismo na região. A logística de mobilidade trava o turismo de Araxá, que tem tudo para deslanchar. Se o nosso hotel de Araxá fosse em São Paulo, ele seria uma máquina, pois é maravilhoso, é um castelo, um patrimônio arquitetônico. Para a sua construção foi gasto um valor que, à época, representou o dobro do orçamento do estado de Minas Gerais e contou com mais de 5 mil operários. Quem visita Araxá se apaixona. E sempre volta.

alexandre cardoso
Tauá Araxá. (Foto: Arquivo DT)

DIÁRIO: Embora o País enfrente uma forte instabilidade, tanto política quanto econômica, o grupo Tauá está em plena expansão. Como o senhor tem analisado esse período?

Daniel Chequer Ribeiro: O País está indo mal e nós estamos indo bem. Se o Brasil estivesse melhor, nós também estaríamos melhor ainda. Eu estou com uma expectativa muito grande. Mas as coisas não estão acontecendo. A reforma da previdência não foi aprovada até hoje e o país vive uma instabilidade muito grande. Nós trabalhamos com investimentos, sempre em busca de novidades. O que aconteceu? Nessa crise, as pessoas não investiram um real, pois ficaram preocupados. Nós fomos pelo caminho contrário. A gente investiu, investiu, investiu… E isso fez toda a diferença. As pessoas queriam novidades e sempre estivemos prontos para recebe-las. Com a disparada do Dólar, o que aconteceu foi que as pessoas começaram a viajar internamente no país.

 

DIÁRIO: Qual é a análise que o senhor faz sobre os rumos do turismo brasileiro?

Daniel Chequer Ribeiro: O turismo brasileiro alcançou um novo patamar de qualidade e está proporcionando experiências a nível mundial, algo que não acontecia há alguns anos. Temos novidades tecnológicas que se equiparam a de países como Estados Unidos. O cenário tende a melhorar ainda mais. O novo conceito que estamos implementando no grupo Tauá tem sido conduzido pelo melhor escritório de design do mundo, ou seja, temos aqui o mesmo padrão dos melhores hotéis do mundo. O nosso país é maravilhoso, mas os números do turismo brasileiro ainda são pequenos. Recebemos 6 milhões de turistas ao ano. O crescimento do turismo no Peru é muito maior do que o nosso. A gente precisa incentivar a vinda de turistas estrangeiros. A isenção de vistos para turistas estrangeiros terá um efeito muito positivo. É um absurdo cobrarmos visto de americanos, japoneses… Além do turista estrangeiro, precisamos incentivar as viagens internas. Sinto que estamos num momento muito bom para isso. Mas o Brasil precisa resolver os problemas de reformas políticas para poder crescer. Essas brigas internas só atrapalham o ambiente de negócios. O ano começou muito bem e deu uma desanimada, pois o mercado está aguardando a reforma da previdência para retomar os investimentos.

Tauá Hotels

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