Turismo do Rio de Janeiro: mais poses para fotos que coisas concretas*

Continua depois da publicidade

Mais poses para fotos que projetos concretos e realizados. Parece que tudo se repete quando lemos o artigo de Bayard Boiteux quando escreve sobre o Rio de Janeiro, e o turismo em seu âmbito público. “Nosso grande desafio é que todos saiam da zona de conforto, das felicitações, curtidas de ego e se empenhem num projeto de consolidação do produto Turístico Rio de Janeiro”, escreve Bayard em seu artigo. Embora sem se aprofundar nos problemas. Bayard aponta uma série de inconsistências na administração do turismo do Rio de Janeiro, confira abaixo em seu artigo.


Turismo do Rio de Janeiro: mais poses para fotos que coisas concretas

por Bayard Boiteux*

O desenvolvimento turístico de um Município ou de um Estado pressupõe integração entre o setor público e privado, além de um planejamento minucioso que possa apresentar, pelo menos uma vez por ano, resultados das ações desenvolvidas. Não se pode continuar utilizando os cargos públicos, para preparação de eleições futuras.

Veja também as mais lidas do DT

Nosso grande desafio é que todos saiam da zona de conforto, das felicitações, curtidas de ego e se empenhem, de uma vez por todas, num projeto de consolidação única do produto Turístico Rio de Janeiro, com suas especificidades locais e regionais.

O que se vê, no âmbito do Estado do RJ e da Cidade Maravilhosa também são ações pontuais, que parecem sem fim e que recomeçam cada vez que há uma mudança de gestor. O que está faltando? Em primeiro lugar, um fortalecimento e mudança de paradigmas nas atuais associações de classe e do setor privado. Parecem temerosas de se posicionar e de perder alguma benfeitoria, em forma de cala boca. Não se vê crítica e apenas fotos de sorrisos amarelos para esconder uma falta de perspectiva, a longo prazo.

Por outro lado, cada entidade, cada Convention Bureau, cada secretaria quer se valer de espaços na mídia, para mostrar projetos, muitas vezes mirabolantes e onde falta uma visão técnica de desenvolvimento sustentável. Num único evento promocional, quatro entidades fluminenses se apresentam desunidas e muitas vezes sem material especifico para aquela ocasião. Aparecer num evento e ser fotografado não significa absolutamente nada, assim como constantes assinaturas de acordos técnicos, que nunca se materializam.

Em segundo lugar, uma visão de capacitação e reciclagem contínua nas áreas de atendimento, gestão, marketing e alimentos e bebidas. Mais uma vez, não projetos que saem de cartolas mágicas e que só trazem resultados mediáticos. Os prefeitos e secretários municipais de Turismo precisam criar workshops de capacitação e não gastar dinheiro em ações sem nenhum retorno, vide shows nos aniversários municipais, onde se continua confundindo nos últimos 20 anos, lazer da população local e atração de turistas.

Em terceiro lugar, um plano de Turismo que seja flexível mas que permita direcionamento de programas e projetos com uma viabilidade econômica de crescimento de nossa atividade. Sabemos que pouquíssimos cargos técnicos na área de turismo são ocupados por turismólogos. Aliás, as faculdades de turismo vão desaparecendo e são esquecidas pelas autoridades.

Em quarto, uma linha de financiamento para infraestrutura básica, como postos de informações e sinalização. Os órgãos oficiais de turismo devem realizar concursos públicos como existem nas áreas de Educação e Saúde. Assim, o que tem acontecido é que o Corpo técnico foi se aposentando e as vagas são substituídas por ocupantes de cargos em comissão, que ajudaram nas campanhas….

Pareço repetitivo mas nada mudou muito nos últimos 20 anos. Fora os incríveis desafios de um aeroporto internacional esvaziado, que devemos lembrar que após “tudo resolvido”, o que não acredito nos próximos 6 meses, ainda vai demorar no mínimo 2 anos para a volta de empresas aéreas internacionais. E uma tirolesa, destruindo um atrativo como o Pão de Açucar, que é uma marca do Rio.

Como um apaixonado pelo Rio, um verdadeiro riomaníaco com vibrações positivas de algumas empresas e pessoas que conseguem criar, sobreviver e lutar, deixo aqui mais uma vez algumas considerações, que poderiam ser pelo menos lidas e analisadas.

Bayard Do Coutto Boiteux é escritor, professor universitário, palestrante e consultor .

www.bayardboiteux.com.br

Publicidade

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Recentes

Publicidade

Mais do DT

Publicidade