Enrico Fermi Torquato Fontes, CEO da Happy Hoteis, fala ao DIÁRIO

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O DIÁRIO DO TURISMO conversou com Enrico Fermi Torquato Fontes, hoteleiro por formação e ex-presidente da ABIH – Associação Brasileira da Indústria de Hotéis. Fermi Torquato tem grande experiência na atividade hoteleira e isso lhe dá autonomia e segurança para transitar em outras áreas do empreendedorismo. Após arrendar um de seus hotéis, o Natal Praia Hotel, em 2009, Fermi diversificou sua atuação no setor e nos últimos anos tem apostado na administração hoteleira. Hoje, fundador e CEO da empresa administradora Happy Hotéis, fala ao DIÁRIO, sobre as perspectivas do mercado hoteleiro, principalmente no Nordeste, da hotelaria independente, da Lei Geral de Proteção de Dados e suas perspectivas pós pandemia. Acompanhe:

DIÁRIO – Fermi, você lançou em outubro de 2017 a empresa Administradora Happy Hotéis. Como foi o processo de consolidação do negócio, considerando, inclusive, um acidente de percurso: a pandemia?
FERMI TORQUATO – “Em outubro de 2017 começamos com a administração do Happy Hotel Ponta negra, na Ponta Negra, em Natal, que tem 55 apartamentos e demos sequência na captação de mais produtos. Em abril de 2019 nós abrimos o Happy Hotel Pajuçara, em Maceió; logo após, em outubro de 2019, abrimos o Happy Hotel Praia Azul e agora em dezembro de 2020 nos assumimos a gestão do Happy Ponta Negra Express, que fica também em Natal. Hoje estamos com três produtos em Natal e um em Maceió. Nosso projeto é ter dez Happys, em oito anos, compreendendo o espaço geográfico de Fortaleza, até Porto Seguro, nesse litoral nordestino.

Sim, tivemos que enfrentar nesse interim a questão da pandemia que realmente ocasionou um impacto muito forte, negativo, no nosso setor. Setor que vinha num viés crescente, acompanhando a questão da economia que estava crescendo em V e saímos um pouco prejudicados, mas estamos retomando. Eu creio que até outubro vamos retomar os índices de antes de 2019.

Nosso projeto é ter dez Happys, em oito anos, compreendendo o espaço geográfico de Fortaleza, até Porto Seguro, nesse litoral nordestino

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DIÁRIO – Na época – os números indicavam – que 93% da hotelaria eram hotéis independentes e desses 72% hotéis de pequeno porte. Isso mudou? 
FERMI TORQUATO – “Mudou sim. Avançou um pouca a questão das redes, isso até porque como a Happy é administradora também foram criadas outras redes regionais para atender a necessidade desses hotéis de pequeno porte que não são o foco das grandes redes internacionais. O modelo de gestão das redes, operadoras e administradoras menores, regionais, atendem bem esse anseio do pequeno empreendedor hoteleiro, que fez ali o seu hotel, com a expectativa de crescer, ter uma receita e aí acaba tendo prejuízo porque não conhece o mercado e por uma série de fatores, que em um país com dimensões continentais como o nosso, dificulta já que colocar um produto na prateleira não é fácil, não é barato. Então você tem que atuar em um grupo e está acontecendo exatamente o crescimento dessas redes regionais, e no nordeste nós temos várias delas, que estão fazendo frente e adquirindo um pouquinho desse mercado dos hotéis que são independentes”.

O modelo de gestão das redes,  operadoras e administradoras menores, regionais, atendem bem esse anseio do pequeno empreendedor hoteleiro

DT- O modelo de administração e negócio da Happy assimila essas tendências da hotelaria de vanguarda como multipropriedade, timeshare, etc? Se sim quais? 
FERMI TORQUATO – “No nosso modelo de negócio, o que nós temos hoje é a gestão por locação. A gente não faz administração de condomínios, nem de multipropriedade, nem aplicamos o “timeshare” dentro das nossas unidades. Nós atuamos única e exclusivamente com o processo de locação, juntamente com o grupo proprietário do empreendimento, onde esse aluguel é pago mensalmente e nós temos uma administração totalmente independente, sem nenhuma interferência do gestor proprietário no negócio do nosso dia a dia. Foi um modelo que nós escolhemos, até porque para ter essa independência e poder aplicar com mais tranquilidade o nosso modelo de gestão”.

No nosso modelo de negócio, o que nós temos hoje é a gestão por locação. A gente não faz administração de condomínios, nem de multipropriedade, nem aplicamos o “timeshare” dentro das nossas unidades.

DIÁRIO – Fermi, você como ex-presidente da ABIH Nacional tem uma visão estratégica da hotelaria como segmento econômico.  Como estão os investimentos no Nordeste e como a Hotelaria poderá contribuir na vida das pessoas, dos colaboradores e dos turistas? 
FERMI TORQUATO –” A hotelaria tem muito a contribuir na questão do crescimento do segmento econômico, a gente vai crescer também com relação a hotelaria, principalmente aqui no Nordeste, onde o forte é o turismo de sol e mar. Por vários fatores, por ter sol em abundância, por ter uma população hospitaleira, então há um viés muito grande na oferta hoteleira do setor, em toda a região. A gente pode contribuir levando a melhoria na qualidade de vida das pessoas, dando empregabilidade, melhorando a renda desse cidadão. Geralmente quando você coloca um hotel, você lá leva empreendimentos de empregos diretos e leva também a questão dos empregos indiretos. Você passa a ser um contribuinte muito forte na cadeia produtiva do turismo, que abrange aqueles cinquenta e dois segmentos, diversos segmentos do setor da economia de uma região.

Happy Hotel Praia Azul
Vista do Happy Hotel Pajuçara, em Maceió
Happy Hotel Ponta Negra, em Natal

DIÁRIO – A pandemia quebrou esse ritmo, correto?

FERMI TORQUATO – Logicamente que houve um retrocesso nos investimentos que estavam por vir para o nordeste, em função da pandemia e em função também da desaceleração econômica que aconteceu no país, mas que a gente vê como um futuro promissor, tendo em vista esse viés, esse retorno em V da economia e com certeza o turismo interno vai ter um crescimento muito forte e o nordeste é uma região privilegiada, que atende bem as expectativas dos principais polos emissores do país, o sul, sudeste e centro oeste, no que diz respeito a favorecer à esses turistas um turismo de lazer, um turismo de tranquilidade, com bons hotéis, hotéis novos, de ponta.

A gente pode contribuir levando a melhoria na qualidade de vida das pessoas, dando empregabilidade, melhorando a renda desse cidadão

DIÁRIO – E a capacitação de mão de obra?
FERMI TORQUATO – Nós estamos tendo a necessidade, cada vez maior, de oferecer aos nossos colaboradores uma melhor capacitação, principalmente no que diz respeito ao idioma; já que o “bem atender” está intrínseco já na hotelaria, na população do nordeste e em toda a sua mão de obra. Mas a profissionalização é importante, a conscientização de que esse é um negócio de futuro, um negócio crescente; fazendo mostrar a eles isso, e com certeza temos aí vários resorts que impactam muito fortemente na economia daquele município local. Geralmente os resorts ficam afastados das principais capitais do nordeste, e ele leva um desenvolvimento econômico muito forte na questão do município onde ele se instala.

DIÁRIO – Como você analisa a LGPD no âmbito dos hotéis, especialmente no tocante à gestão administrativa?
FERMI TORQUATO – “A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), é uma lei muito complexa. Os hotéis demoraram a fazer sua implantação, nós por exemplo, estamos começando agora a fazer a implantação em nossos hotéis da Rede Happy. Ela tem uma complexidade com ela; são escritórios especializados que nós contratamos para fazer essa implantação, mas é extremamente importante. Estamos nos adequando ao primeiro mundo quando implantamos LGPD, com relação e a respeito da informação dos dados que nós obtivemos de nosso cliente. Então toda a cadeia produtiva do turismo desde a companhia aérea, a operadora, a agência de viagem, locadoras, hotéis, enfim, vão ter que se adequar a nova realidade, e o momento chegou. A partir deste mês de agosto vamos iniciar essa implementação e treinar nossas equipes, capacitá-las, e também orientar nossos clientes no que diz respeito a LGPD, também porque eles vão ter que assinar documentos, vão ter que concordar com algumas coisas que terão que ser feitas, que hoje não são cobradas.

Com a população vacinada, a economia ganhará um ritmo muito forte e crescente aliada a isso a questão política sendo amenizada em função do aumento do número de empregos

DIÁRIO – Quais são suas previsões para o mercado hoteleiro em geral?
FERMI TORQUATO – Eu vejo a questão hoteleira, no segmento hoteleiro, economicamente em um viés de crescimento. Nós enxergamos que a economia pujante, com as reformas que ainda estão por vir sair, as reformas políticas e econômicas que ainda estão presas no Congresso, assim que as reformas forem complementadas, eu creio que até esse ano ela será, nos vamos ter aí um crescimento muito forte da economia, e também puxando o crescimento hoteleiro, nesse setor. E o Nordeste, como falei anteriormente, é uma região privilegiada, porque nós temos sol em abundância, temos praias maravilhosas, temos uma estrutura hoteleira para bem receber esse turista, e serviços, enfim, uma gastronomia vasta, então eu vejo com muito otimismo esse futuro que está por vir aí. Com a população vacinada, a economia ganhará um ritmo muito forte e crescente aliada a isso a questão política sendo amenizada em função do aumento do número de empregos, uma economia girando, fazendo a roda girar, fazendo o país avançar. Estou muito otimista, nós vamos ter dias bem promissores por aí em um futuro muito breve.

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