Hotelaria de São Paulo prevê mais desligamentos se não for socorrida

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Em uma entrevista exclusiva concedida ao DIÁRIO, a diretoria da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de São Paulo (ABIH-SP) demonstrou a enorme preocupação diante da crise causada pela Covid-19 – em 2020 -, mas em especial ao impacto da segunda onda agora em 2021 que refletirá diretamente na demissão de mais funcionários.

por Paulo Atzingen


A entrevista online ocorreu em um momento em que se espera a prorrogação da MP 936 por mais quatro meses. Assim como no ano passado, a empresa hoteleira que aderir ao programa terá que garantir ao trabalhador uma estabilidade pelo mesmo período de tempo que se beneficiou do auxílio do governo. Segundo a diretoria da ABIH a situação está insustentável e novas demissões devem ocorrer.

Os primeiros meses de 2021 davam mostras de que a situação melhoraria, no entanto, isso não ocorreu nos 12 polos do Estado (MRT), com exceção de três regiões.

De acordo com dados apresentados pelo Conselheiro Fiscal da entidade, Roberto Gracioso, a  taxa de ocupação acumulada do estado em fevereiro deste ano ficou em 31,53%, com variação de -0,63% em relação a janeiro/21 e -42,52% em relação a Feveiro/20 – mesmo período do exercício anterior.

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“Somente a MRT Planalto Paulista, com +25,00%, MRT Terra do Sol, com +20,75% e MRT Capital Expandida, com 19,27% apresentaram relevantes destaques positivos, em se comparando com janeiro/21”, afirmou Gracioso. “Tivemos uma ligeira melhora no turismo de lazer, mas no corporativo a queda foi brusca”, resumiu Roberto.

Para o presidente da ABIH-SP, Ricardo Roman, o impacto maior – tanto nos índices de ocupação como de receita – se deu por conta das políticas para contenção da Pandemia, fato que levou a várias regiões a sofrerem com restrições. “A não realização do carnaval acabou por impactar negativamente as regiões do estado de São Paulo com apelo turístico, que contam fevereiro como mês de alta. Já as regiões corporativas historicamente apresentam queda neste período da ano, porém as restrições sanitárias potencializaram esta retração”, enumerou.

Para Roman, é vital que a Medida Provisória 936 seja editada. “Embora os acordos com os sindicatos sejam regionais e cada região do Estado de São Paulo tenha seu próprio acordo (com os colaboradores) estes acordos são suspensos à medida que as empresas (hoteleiras) adotem a MP. Cada região tem seu acordo”, diz Roman ao DT. E acrescenta:

“A hotelaria não tem mais caixa para (pagar) abril que deverá pagar em maio”, avisa.

Onda mais pesada

A hoteleira Niuara Tedesco, membro do Conselho Fiscal da Abih-SP e proprietária de um estabelecimento hoteleiro em São Sebastião reforçou as palavras de Ricardo Roman: “Já fizemos nossas reduções de pessoal e ajustamos salários. Não temos mais caixa. A onda de demissão vai vir mais pesada do que a do ano passado”, adiantou na entrevista.

Roberto Gracioso lembrou que os dados de março/21 ainda não estão sedimentados, no entanto as notícias não são boas: “O mês de março agora, será talvez o pior mês histórico da nossa pesquisa. Com base nas respostas ele se assemelha ao mês de julho do ano passado, um dos piores da história”, compara. Segundo tabela apresentada, em julho do ano passado 65,41% dos hotéis paulistas estavam com suas atividades suspensas (fechados) – considerando os 142.334 Uhs de oferta total e 79.664 Uhs (49,58%)  dos municípios que responderam à pesquisa, cerca de 103 cidades.

Conforme gráfico abaixo, o mês de julho de 2020 teve uma taxa de 12,2% de ocupação, ou seja, muito baixa; já a partir de dezembro houve uma tendência de de melhora:

 

Desligamento de colaboradores

Ricardo Roman acrescenta que o índice de desligamento de funcionários de julho de 2020 para março de 2021 ficou em torno de 50%, considerando que cada Unidade de Habitação corresponda a 0,5 funcionário. “Cada 100 apartamentos correspondem a 50 funcionários” cifrou a equação em que se divide o número de funcionários pelo número de apartamentos para dimensionar a mão de obra.

Considerando os 142 mil apartamentos de oferta no estado, já foram desligados aproximadamente 70 mil colaboradores desde julho do ano passado.


*A pesquisa apresentada pela ABIH-SP tem Gláucia Sangiovanni Paiva como gerente operacional e captação de dados e Roberto Gracioso na coordenação e responsável pelo desenvolvimento do estudo.

 

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