Quanto custa morar em Portugal? Publicitário tira todas as dúvidas

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José Cascão é natural de Chacim, Braganca, Portugal e atualmente mora em Lisboa. Sócio diretor de Criação na empresa Rent My Brain Comunicação Marketing Mídias Sociais, já morou no Brasil e estudou Comunicação Social – Publicidade e Propaganda na FMU/FIAM trabalhando como redator publicitário em algumas empresas de marketing e propaganda, em São Paulo.

José Cascão, gentilmente cedeu ao DIÁRIO esse receituário econômico de Portugal, publicado nesta quarta-feira (20) em seu facebook. Em uma linguagem ágil, atual e direta, Cascão fala quanto custa viver na terra de Camões, Fernando Pessoa e Cristiano Ronaldo. Desde preços de manicure, do café, e da refeição na tasca da esquina até o valor do aluguel de um imóvel. Desde valores do transporte municipal até o custo na educação de crianças ou o investimento em um plano de saúde. Uma mão na roda oferecida àqueles que querem atravessar o Atlântico e conhecer a vida portuguesa. Um primor de serviço, com certeza.  Boa leitura:


Dia desses um ex-colega de trabalho me perguntou se eu estava gostando de Portugal  e quanto custava viver por aqui. A resposta à primeira parte da pergunta é fácil, mas a segunda parte é um pouco mais complexa. Como não queria deixá-lo sem resposta, pedi para que fosse mais específico. E, com base nas indagações dele montei um pequeno quadro que talvez seja útil para mais alguém. 

Mas, atenção, tudo que você vai ler é referente a pessoas, tipo…normais rsrs, que vêm para trabalhar como assalariados ou a fim de montar algum pequeno negócio ou empresa de prestação de serviços, que têm uma profissão, instrução superior ou técnica e uma condição de vida média no Brasil. Jovens em início de carreira ou pessoas sem qualificação profissional e sem ascendência portuguesa que lhes permita obter a cidadania, tendem a ter dificuldades maiores do que as relatadas aqui. Já para a outra ponta, a das pessoas com um bom patrimônio, padrão de vida elevado, saldo bancário robusto ou uma boa aposentadoria, nada disto se aplica e muito menos é motivo de preocupação. Então vamos lá:

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Sozinho ou com família?
Sozinho você se vira num bom quarto de 300 euros/mês, com ou sem casa de banho privativa. Com filhos, independente da idade, já vai precisar de uma casa ou apartamento. E aqui está o ponto crucial dessa questão. Moradia é a maior dificuldade para quem decide mudar-se para Portugal, sobretudo se quiser viver em Lisboa ou na chamada linha de Cascais. Aluguéis caríssimos tanto para os padrões brasileiros como portugueses. E para quem não vem já com um contrato de trabalho ou consegue um aqui, pior, porque é difícil de convencer os proprietários a alugarem sem garantias e fiador. Alguns aceitam alugar se você paga 5 ou 6 meses de pagamento adiantado. Por isso é bom ter ou trazer reservas suficientes para viver sem rendimentos por aqui durante uns seis meses, sendo o ideal por um ano. 

Nos bairros mais centrais ou tradicionais, a locação de um T1 ou T2 (T de Tipologia e 1, 2 etc, referente ao número de dormitórios) pode variar entre 600 e 1000 euros, dependendo do bairro e do estado do imóvel. Em Portugal é muito comum encontrar imóveis mobiliados e equipados (a cozinha é sempre completa, mesmo quando não há mobília) e essa condição pode acrescer uns 100 ou 200 euros à locação. Em bairros mais periféricos pode-se conseguir o T1 por 500 e o T2 por uns 700. Quem paga o condomínio é o proprietário. Por conta do inquilino ficam as contas de água, luz, gás e internet, claro. Para referência: o salário mínimo atual é de 705 euros.

Contas de consumo
Para internet (celular + internet fixa e móvel + canais de tv), água, luz e gás, prepare uns 150 a 200 euros. 

Transporte
Ônibus (autocarros), trens (comboios) e metro, pagos no momento da viagem, são caros: 2 a 4 euros dependendo do trajeto. No entanto, se morar em Lisboa, existe um passe chamado “Lisboa Viva – Navegante Metropolitano”, que por 40 euros mensais (20 para 65+ e grátis até 12 anos), permite andar de ônibus, metrô, barcos (que atravessam o Tejo nas duas direções) em Lisboa e em mais 18 cidades do entorno (tipo SBC, Osasco etc) em qualquer horário, quantas vezes você quiser, todos os dias do mês. Desde cima, Mafra e Vila Franca de Xira, até lá embaixo em Sesimbra e Setúbal e nos dois lados do Tejo. Para a família inteira, custa um máximo de 80 euros. A região metropolitana é bem servida por transportes púbicos, embora os portugueses afirmem o contrário. Taxis de aplicativo são abundantes e têm um preço acessível fora dos horários de pico. 

Escola para as crianças 
O sistema de ensino público em Portugal é reconhecido como um dos melhores da Europa, gratuito na maioria dos casos, ou muito acessível quando pago. Creches com instalações excelentes, alimentação de primeira e horário estendido. E há muitos apoios sociais para casais com filhis pequenos. As juntas de freguesia, espécie de sub-prefeituras, são centros de apoio social e de convivência importantes, bem próximas, acessíveis e presentes na vida dos cidadãos. Bem diferentes do Brasil. 

Saúde
Sistema de saúde público bom, mas insuficiente para a demanda, sobretudo nos grandes centros. Requer alguma programação para consultas e exames. As urgências funcionam bem e são uma alternativa quando não se puder esperar. Caso tenha alguma doença ou problemas de saúde recorrentes, contrata um bom plano de saúde por vokta de 200 euros/mês, dependendo do número de pessoas e tipos de coberturas. 

Segurança
Definitivamente, segurança por aqui não é assunto que demande preocupação ou qualquer tipo de gasto. Nunca vi ou soube de alguém que tivesse um carro blindado. Não é pouco frequente ver altas autoridades e ministros dirigindo o próprio carro. 

Diversão
Você pode se divertir um pouco mais e melhor, pagando. Mas se não quiser ou não puder pagar, as médias e grandes cidades portuguesas oferecem muitas opções de museus, parques, passeios, peças de teatro e shows gratuitos, especialmente para os residentes. Há de tudo para todos os gostos, todos os dias e meses do ano.

Come-se bem em qualquer tasquinha e as porções são quase sempre grandes (Crédito: Getty Images)

Restaurantes
Os preços em Lisboa são os mesmos de qualquer cidade turística da Europa. Regulam com os preços de São Paulo. A diferença é que as porções são quase sempre grandes. E quanto mais para o norte maiores e mais baratas são. E come-se muito bem em qualquer tasquinha. Algumas têm menu completo, da entrada à sobremesa e café, incluindo vinho ou cerveja, por 8 a 10 euros. Mas uma boa refeição num restaurante normal não sai por menos de 15/20 euros por pessoa, com bebida.

Supermercados
Encontra-se tudo que é produzido não somente em Portugal, mas também na EU, com preços normais já que nada é “importado”. Os gêneros alimentícios frios e secos, tipo pães (variados e excelentes), queijos (variados e excelentes), presuntos e enchidos (excelentes e variados) são muito bons e baratérrimos comparativamente ao Brasil. Vinho então nem se fala. Com 5 euros você toma ótimos vinhos. Os mais baratos que isso são apenas bons. Alguns custam quase o mesmo que uma ou duas latas de coca-cola. O preço das frutas, legumes e verduras não têm muita diferença do Pão de Acúcar ou de qualquer hortifruti que você conhece no Brasil. Bacalhau, polvo, cerejas, nozes e castanhas não são luxo. E o azeite tem praticamente o mesmo preço do óleo. 

A única coisa que aqui – não sei porquê – é muuuito cara, são os produtos de higiene pessoal e os artigos de perfumaria e limpeza. Certamente porque o país é pequeno, tem poucas indústrias locais (vem quase tudo dos vizinhos, especialmente Espanha) e não se consegue economia de escala. 

Considere que sozinho você pode gastar uns 30/40 euros por semana no supermercado. Casal, uns 60/70. Com filhos pode preparar uns 80/100.

Calçado e vestuário
Muito bom e de forma geral mais barato do que no Brasil. Você consegue vestir-se elegantemente e na moda sem ter que deixar as calças (!) na loja.

Um bom barbeiro: 10 euros. 
Uma manicure razoável: 10/15 euros. 
Gasóleo ou gasolina comum (pós-guerra): 2 euros/litro e sabe-se lá onde isso vai parar. 
Um carro popular: 15/20 mil euros, com prestações a partir de 250 euros. 
Um café: 0,60 a 0,80. 
Limpeza: você mesmo pode fazer, vai! não custa nada. Se contratar, vai pagar por hora e é caro.

Para finalizar: em cidades mais para o centro-norte, como Leiria, Coimbra, Viseu, Vila Real, Porto, etc, o custo de vida cai uns 20%. 
Em outras cidades menores, mas ainda assim com boa infraestrutura, cai uns 30%. 
Já no sul (Algarve) a região é super turística e os preços de moradia e alimentação fora de casa, principalmente, são até maiores do que em Lisboa, porque o padrão é determinado pelos ingleses, alemães, franceses, belgas, holandeses etc, de países onde o salário mínimo é pelo menos duas vezes maior do que em Portugal.

Importante: embora a língua falada seja a mesma, a cultura portuguesa é um pouco diferente. É preciso estar aberto e ir se acostumando. E, sim, uma parte do povo ainda tem algum preconceito em relação a brasileiros. Por isso, precisará de um pouco de paciência e resiliência. E não adianta se “refugiar” no meio dos brasileiros que vivem aqui. Pelo contrário, desenvolva relacionamentos e amizades locais. Se for para conviver apenas com brasileiros, melhor ficar no Brasil.

Se há alguma coisa que queria saber e eu não falei, diga-me!

+351 936 005 138


*José Cascão é Sócio Diretor de Criação na empresa Rent My Brain Comunicação Marketing Mídias Sociais e mora em Lisboa, Portugal –

http://www.rentmybrain.com.br/

 

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