O Ministério do Turismo é sede de empregos frustrantes?

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por Fábio Steinberg*

Para um bom profissional, não existe situação mais complexa que trabalhar para um chefe sem a mínima ideia do ofício. Pior ainda é quando, sem noção e incompetente, dá ordens que andam na contramão da funcionalidade e desafiam o bom senso. Como perversa lente de aumento, no serviço público estes casos se multiplicam ao infinito.

Nenhum setor do governo federal sofre mais da Síndrome do Ministro-Que-Cai-de-Paraquedas que o Turismo. Para satisfazer interesses de acomodação política, a autarquia paga um preço altíssimo ao ganhar no Brasil o status de Ministério. Nada mais equivocado. Na maioria dos países onde o turismo se desenvolveu, o setor é representado por uma secretaria importante atrelada ao que é: Indústria e Comércio.

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O Ministério do Turismo é tratado no Brasil como cachorro vira-lata sem dono. Depende da boa vontade de algum político sem melhores opções a curto prazo para ser adotado. Mas que na primeira oportunidade ele dá um chute em seu rabo, e o devolve para a Rua da Amargura, Sem Número.

Por alguns momentos coloque-se no lugar de um funcionário público que trabalha para o turismo brasileiro. Vamos chamá-lo de Rolando Boaventura. Interessado em desenvolver o setor, convencido do potencial do país e sua importância econômica, ele decidiu dedicar sua carreira ao assunto. Para isto prepara-se com afinco tanto nos estudos acadêmicos, como em experiência profissional. Sem “empurrão” oficial ou filiação partidária, é aprovado através de concurso para uma posição técnica na área.

Feliz em motivado, Rolando assume o cargo cheio de ideias. Imagina, entre outros sonhos, contribuir para a criação de Políticas Públicas de apoio ao Turismo brasileiro, estabelecimento de um Plano Diretor sustentado por metas objetivas, e fazer intercâmbios com países líderes nesta indústria, assim como entidades internacionais que estimulam o seu desenvolvimento.

Rolando Boaventura sabe que nada do proposto pelos mandatários de ocasião faz qualquer sentido e que não atende aos interesses prioritários do turismo. Ele se entristece ao ver que qualquer ilhota do Caribe dá banho no Brasil em atração de turistas, enquanto patinamos há décadas nos seis milhões de viajantes internacionais anuais. E o pior de tudo é conhecer bem a fórmula do sucesso, mas não ser jamais ouvido pelos superiores.   

Ele e seus colegas de infortúnio perdem esperança à medida em que cruzeiros abandonam águas brasileiras por falta de incentivo, infraestrutura precária dos portos, e impostos abusivos. Ou a aviação comercial voa para trás e se recolhe a patamares inferiores. Ou a cadeia econômica do setor fecha portas e empregos sumirem. E enquanto isto, ele observa investimentos em canoas furadas, com projetos físicos, conceituais ou editoriais inócuos.

Diante de emprego tão frustrante, resta ao profissional de Turismo do governo duas opções. Uma é pegar o boné e buscar outro lugar para trabalhar. Outra é se acomodar no melhor estilo “relaxa e goza”, proposto por sinal por uma autoridade que ocupou o Ministério há poucos anos.

*Fábio Steinberg é jornalista

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