Nos próximos 20 anos a uva Tannat desaparecerá (Parte I)

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por Werner Schumacher*

É o que acreditam os produtores do sudoeste da França, pois os vinhos derivados desta uva, mesmo com algumas intervenções, alcançam em média 16% de álcool e com este teor o vinho fica muito pesado.

Teor alcoólico não é sinônimo de vinho nobre

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Antes de falar sobre esta região de onde provem a uva Tannat, é oportuno ressaltar um fato curioso e interessante. Em Sarragachies está o primeiro vinhedo a ser classificado como MONUMENTO HISTÓRICO, pois não é comum considerar um ser vivo monumento, mas fruto de uma preocupação com herança única, viva e frágil..

Este vinhedo de cepas não enxertadas, mostra como a uva era cultivada antes da crise da filoxera; uma plantação com pés duplos dispostos em um quadrado. Cerca de 21 variedades de diferentes uvas estão plantadas neste lote e 7 das quais nunca foram listadas anteriormente, nomeados Pédebernade 1 a 7 em homenagem à família que cuidava das videiras há oito gerações, ninguém sabia da existência dessas uvas na região AOC Saint Mont.

Deve esta distinção, inédita na França, à sua idade (150, talvez 200 anos), a um método ancestral de cultivo que desapareceu com a filoxera que devastou as vinhas francesas no século XIX, e ao seu valor genético.

Os Ministros da Agricultura e Ecologia, Stéphane Le Foll e Philippe Martin, no vinhedo de Sarragachies.

Esta parcela resistiu à filoxera graças à natureza arenosa do solo, e mais tarde ao desenraizamento subsidiado das videiras

Em doze hectares cultivados pela família Pedebernade no sopé dos Pirineus, no coração da denominação Saint-Mont, este terreno de 2 mil metros quadrados de propriedade da família há gerações está listado como Monumento Histórico desde junho de 2012.

René Pedebernade, de 87 anos,  cuidou dela por décadas – não pelo que ela produziu, mas pelo que ela representava – antes de entregar a propriedade a seu filho Jean-Pascal, 46 anos. Tem sido visitada por especialistas em vinhos há anos. Mas a notícia do registro trouxe sua incrível fama na França e no exterior, diz Jean-Pascal Pedebernade. “As pessoas me escreveram pedindo enxertos dessas videiras e replantando-as em casa”, algo “obviamente não concebível”.

O diretor administrativo e enólogo chefe da Plaimont Producteurs, Olivier Bourdet-Pees diz, “Em 1950, as 20 uvas principais cultivadas na França, como Merlot e Cabernet Sauvignon, representavam cerca de 50% da área de vinhedos franceses, mas hoje, essas mesmas 20 uvas, representam mais de 90%”.


*Werner Schumacher estudou Economia na PUC/RS e é um dos responsáveis pela profissionalização da vitivinicultura no Brasil.


 

 

 

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