Potencial cultural de Alagoas é pouco explorado, avalia sociólogo

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Alagoas há muito é referência em belezas naturais por causa das praias paradisíacas, que atraem turistas de diversos lugares do Brasil e do mundo. Mas o setor poderia ser mais aproveitado, segundo o sociólogo, pesquisador e professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) Elder Alves. Ele avalia que o estado tem potencial para projetar e viabilizar, a médio prazo, uma Alagoas criativa, que seja sinônimo de ricas atrações culturais.

Alves é sociólogo e defende o desenvolvimento de políticas públicas culturais e investimento em segmentos da economia criativa, como artesanato, cinema, música e teatro, setores relacionados ao aproveitamento do conhecimento e da criatividade humana como insumos produtivos, que participam da movimentação econômica local.

Alguns segmentos ganharam uma atenção especial, avalia o sociólogo, mas ainda há muito a ser feito. “A Bienal do Livro, os eventos gratuitos da prefeitura, o São João, etc. Todos eles têm a capacidade de realizar um soft power (poder de projetar significados), no entanto, Maceió historicamente tem tido dificuldade em projetar esses significados no âmbito da cultura para o país, ao contrário do Recife e de Salvador, por exemplo”.

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Nessa economia, destaca ainda o professor, “o importante é experimentação, porque formula capitais. O importante é fazer circular esses produtos culturais. Para isso, precisamos de estratégias de desenvolvimento eficazes. As políticas de desenvolvimento da cultura no estado ainda são muito modestas", critica.

Um dos problemas para o desenvolvimento desta economia, segundo Alves, está na formação de pessoas, na disposição delas para consumir cultura no estado e dos investimentos modestos por parte dos poderes públicos. "O fato de o estado ter um índice de analfabetismo alarmante, uma economia desigual, com índices de pobreza extremada são fatores que comprometem o desenvolvimento da economia criativa."

O cenário, entretanto, aponta para um futuro próspero no segmento, ou pelo menos para uma nova visão de mercado por parte de investidores, empresários e produtores culturais. “Até pouco tempo atrás, éramos a capital com o menor número de salas de cinema, e até muito recentemente não dispúnhamos de nenhuma livraria com acervo razoável”, destaca o sociólogo.

Um projeto desenvolvido em parceria entre a Fundação Municipal de Ação Cultural e a Ufal reúne informações sobre a diversidade cultural da cidade. É a "Cartografia Cultural de Maceio", que fornece pontos georeferenciais em um mapa virtual interativo dos lugares em que há manifestações culturais.

O projeto conta atualmente com 163 pontos cadastrados. Na plataforma, é possível localizar, fazer buscas, ter acesso aos contatos do local, ver fotos e interagir através de comentários. 

Muitos projetos ainda não são rentáveis o suficiente para se tornar a única fonte de sustento dos empreendedores. A jornalista Patrícia Machado é sócia-fundadora de uma produtora cultural que atualmente realiza o projeto “Autorretrato Nordeste, Quilombos de Alagoas”, que pretende fomentar a produção cultural em comunidades quilombolas e conta com apoio financeiro da Fundação Nacional de Artes (Funarte).

Patrícia destaca que o fato de Alagoas ainda não contar com uma Lei de Incentivo à Cultura, prejudica o trabalho e o estímulo dos produtores culturais em produzir no estado. "É sempre bom desenvolver uma outra atividade paralela, e assim não depender apenas da produtora cultural como fonte de renda. Ainda é complicado produzir cultura no estado", destaca.

  

Bordado filé virou inspiração para peças de grife nacional (Foto: Jonathan Lins/G1)

O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), junto à Secretaria de Estado do Planejamento e do Desenvolvimento Econômico (Seplande) e a Ufal, quer viabilizar a concessão do selo de Indicação Geográfica (IG), um registro que é conferido a produtos e serviços que são característicos do seu local de origem. Esse reconhecimento vai caracterizar o artesanato desenvolvido naquela região como um artefato histórico-cultural único, e assim ajudar a projetar ainda mais a arte para além das fronteiras de Alagoas.

Com essas e outras iniciativas, Alves acredita que a médio prazo a economia criativa no estado pode ganhar força e se estabelecer. Segundo ele, o grau de escolarização em ascensão e uma maior quantidade de pessoas frequentando as universidades ajudam a delinear, no futuro, um público consumidor maior e mais ativo.

O que falta, para o professor, é engajamento dos órgãos, pessoas e setores ligados a esse setor. “Do mesmo jeito que trazer uma fábrica pode gerar empregos diretos e indiretos, um pólo de cinema também pode gerar empregos diretos e indiretos”, exemplifica.

 

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