Pelourinho precisa livrar-se da miséria comercial e eleitoral

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por José Queiroz*

O Pelourinho sempre foi porto, centro comercial, frequentado por viajantes, marinheiros, aventureiros e malandros, mas nunca teve tanto desocupado, indigentes, alcoólatras, usuário de drogas, traficantes e ladrões como atualmente. É calamitosa a situação social de um dos bairros mais famosos do mundo, da primeira capital do Brasil, do bairro do Jorge Amado, justo depois de transformado em patrimônio da humanidade.

O lugar é manipulado por grupos que se especializaram em explorar ou criar a miséria social que sustenta dezenas de instituições e parceiros, não raro militantes, parentes ou amigos de partidos políticos, e que garante o voto, tornando a comunidade refém de um discurso e práticas que só tem arruinado a vida cultural, econômica e social do bairro. As polícias não tem como controlar os aproveitadores que são atraídos e mantidos por obras sociais e protegidos por direitos humanos que eles não respeitam nas outras pessoas. E partidos políticos e candidatos se aproveitam cínica e irresponsavelmente dessa situação, afinal, fica fácil o voto para representar ‘desassistidos’ no Pelourinho.

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O bairro quer acreditar nos gestores públicos, mas estes não merecem mais créditos, quer ser otimista, mas a realidade se impõe, quer trabalhar, mas o gestor não facilita! A segurança no Centro Histórico não funciona por causa da recusa do Estado em desocupar e interditar os casarões, diante da recusa de utilizar os serviços e programas sociais, seja do governo ou da prefeitura, para identificar, realocar e atender essa gente, e diante da não utilização da força que tem direito. Os secretários municipais responsáveis pelo serviço social e serviços prestados ali tem que cumprir com suas obrigações e tem que usar as leis contra o Estado, que não cumpre as dele, e não pensar apenas em suas carreiras políticas, seus votos, ao evitar fazer o que tem que ser feito. Sem paternalismo, sem assistencialismo, sem o socialismo que enriquece gestores!

Pseudo humanistas e socialistas concentraram no Pelourinho um número absurdo de obras pseudo sociais e filantrópicas que atraíram uma parte considerável da miséria de Salvador que não tem nada a ver com o bairro

Pseudo humanistas e socialistas concentraram no Pelourinho um número absurdo de obras pseudo sociais e filantrópicas que atraíram uma parte considerável da miséria de Salvador que não tem nada a ver com o bairro, incluindo desempregados, traficantes e ladrões que sabem que as autoridades sofrem ‘pressão’ dessas instituições – conveniente para gestores maus intencionados e delinquentes – e não tem coragem ou recursos para detê-los. O problema fica para as policias e a sociedade! Emblematicamente, há meliantes que alegam que são nascidos e criados ali, quando são presos, como se isto os autorizasse a não estudar, vagabundar, traficar, roubar, tirar a tranquilidade de quem trabalha para manter empregos e gerar os impostos que sustentam os próprios gestores.

O autoritarismo do Estado brasileiro evoluiu nos últimos anos para a insana criação e imposição de grupos sociais vulneráveis, comportamentos, pensamento e decisão pela sociedade. Isto gerou a lucrativa e eleitoralmente bem sucedida ‘indústria da miséria’. Muita gente ganha para administrá-la ou já foi eleita por ela! O discurso falso, oportunista e irresponsável da delinquência gerada pela pobreza, já combatido no mundo inteiro, sobrevive ali graças a delinquência intelectual e política de partidos que tem suas sedes a milhares de quilômetros e são representados por membros sem a menor bagagem cultural para discutir, planejar e administrar um lugar como este!

Contraditoriamente, o lugar que poderia gerar e irradiar a formação de postos de trabalho e cultura para a cidade inteira, através do turismo bem feito, sofre as consequências da incompetência do Governo do estado e da Prefeitura para gerar empregos, e coloca a vagabundagem atrás do turista! Só o governo da Bahia, com a cumplicidade do município, extinguiu milhares de postos de trabalho nos equipamentos, nas praias e atrativos turísticos da cidade. O Pelourinho é responsabilidade do mesmo Estado que gastou quase R$ 2 bilhões na Fonte Nova e oferece paliativos para o patrimônio da humanidade que gera muito mais dinheiro e trabalho do que o futebol.

 Lugar  poderia gerar e irradiar a formação de postos de trabalho e cultura para a cidade inteira, através do turismo bem feito
Lugar poderia gerar e irradiar a formação de postos de trabalho e cultura para a cidade inteira, através do turismo bem feito

O Pelourinho assistiu estarrecido nos últimos anos às mentiras oficiais e desperdício de recursos que o bairro tem direito, por falta de projetos, falta de competência. Atualmente, o bairro vive uma sensação mista de esperança e preocupação com a exploração imobiliária, diante dos últimos anúncios de intenções de grupos conhecidos instalarem-se ali. Sim, claro, é o que se espera, mas, a intenção é cultural e turística ou puramente comercial? Quem vai dar o primeiro passo para desocupar os casarões e levar para bem longe os indigentes que inviabilizam qualquer negócio ali?

Não tem dinheiro? Faça-se uma auditoria nas ong’s, associações e outras dos gêneros, identifiquem-se os assistidos, exija-se prestação de contas, acabe-se com as inúteis, tirem a maioria do Centro Histórico! O bairro não pode arcar com o ônus da incompetência estatal, empreendedores locais têm encargos, precisa gerar trabalho, educação, formação e informação, atrair os turistas, os negócios e o crescimento cultural. Não pode ser laboratório de políticas sociais de partidos políticos, nem paraíso de marginais. Tem que ajudá-los com cursos e empregos, não sustentá-los!

*José Queiroz é guia de turismo

 

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