Em nova carta, Praticagem de São Paulo confronta empresas de Cruzeiro e Abremar

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Tanto a matéria assinada por Fábio Steinberg “Cruzeiros começam a desembarcar do Brasil”, publicada segunda-feira (28) no DIÁRIO como a  entrevista com o presidente da CLIA Abremar (Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos), Marco Ferraz, publicada no DT na quarta-feira (23), tem criado o que chamaríamos de indignação junto à empresa de Praticagem de São Paulo. Pela segunda vez, a empresa – que garante ao DIÁRIO que não é uma associação – manifesta sua insatisfação com as empresas de Cruzeiros Marítimos que operam no Brasil, e em carta, apresentam uma série de situações as quais coloca, no mínimo, as armadoras em situação constrangedora: entre elas, problemas trabalhistas e ambientais. Confira a carta abaixo, assinada pelo presidente da Praticagem de São Paulo, Cláudio Paulino.

Ao Diário do Turismo: 

Sobre a matéria “Cruzeiros começam a desembarcar do Brasil”, publicada neste jornal, a Praticagem de São Paulo, empresa que reúne práticos de Santos e São Sebastião, vem novamente contestar o falacioso argumento que coloca os custos de Praticagem como um dos entraves ao “sucesso” das viagens de cruzeiros na costa brasileira.

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Estima-se que, nesta temporada, passarão por Santos 760.000 passageiros. Utilizando os números da própria Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (ABREMAR), o custo por passageiro pelos serviços de praticagem gira em torno de R$14,00, menos do que os R$20,00 cobrados à bordo por uma lata de refrigerante.

Em montantes globais, a pouca significância também é patente. Considerando que o custo médio de um pacote nos cruzeiros é de R$2.000,00 por passageiro, fica fácil verificar que os armadores vão arrecadar na temporada em Santos, somente com a venda de pacotes, sem contar com as despesas a bordo, passeios e cassino, R$1,52 bilhões! Segundo a própria ABREMAR, aPraticagem representa 0,7% de tal quantia.

Sem entrar em maiores detalhes de que aqueles R$1,52 bilhões representam recursos que deixam de ser desembolsados no turismo interno brasileiro, o desembarque dos navios de cruzeiros tem motivos bastante distintos, a começar pela crise brasileira que afeta praticamente todos os setores da economia. Os armadores de cruzeiros não gostam de populações empobrecidas!

Em paralelo, pesam também os vários problemas trabalhistas e ambientais que têm sido denunciados por Sindicatos e órgãos públicos, como ocorreu em Salvador, em março do ano passado, quando 11 tripulantes foram resgatados pela Secretaria de Inspeção do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego, por apresentarem condições de trabalho análogas às de escravos.  Como os tripulantes são recrutados no Brasil e cumprem a maior parte do trabalho na costa brasileira deveriam ser contratados sob as regras da legislação trabalhista brasileira. Um termo de ajustamento de conduta foi assinado em 2010, como o Ministério do Trabalho, criando regras para o trabalho em navios. Segundo matéria publicada pela Folha de São Paulo, a maior parte das empresas foi autuada nas últimas temporadas por descumprirem o acordoHttp://www1.folha.uol.com.br/mercado/2014/04/1435814-fiscais-resgatam-tripulantes-de-cruzeiro-sob-condicao-de-trabalho-escravo.shtml).

Multas por jogar lixo no mar também são conhecidas. Em 2014, um passageiro fez questão de filmar o procedimento de um desses navios de cruzeiros, que durante quatro dias lançou sacos de lixo no oceano https://g1.globo.com/pr/norte-noroeste/noticia/2014/01/passageiro-filma-lixo-sendo-lancado-de-navio-em-alto-mar-durante-cruzeiro.html. A MSC foi autuada em R$2,05 milhões. https://www.ibama.gov.br/publicadas/empresa-de-viagens-de-cruzeiros-e-autuada-por-lancamento-de-lixo-no-mar.

Além disso, gostaríamos de destacar que, ao contrário de outros portos do mundo, no Brasil, as praticagens arcam com todos os custos de infraestrutura dos serviços, sem qualquer participação de governos. A Praticagem de São Paulo conta com uma estrutura de 100 funcionários, 18 embarcações, estaleiro e um Centro de Coordenação, Comunicações e Operações de Tráfego considerado um dos mais modernos do mundo.

Finalmente, não é demasiado lembrar que a ABREMAR e a Praticagem de São Paulo passaram cerca de seis meses ao longo de 2015 negociando uma nova tabela de preços exclusiva para os navios de passageiros. Ao final, com a quase totalidade dos pleitos da ABREMAR atendidos e com reduções de valores que chegavam a até 15%, esses mesmos armadores desistiram de firmar o novo acordo.

Meia lata de guaraná seria um preço caro para a salvaguarda da vida humana, para a segurança do navio e da navegação e para a proteção do meio-ambiente? Conforme afirmou Stelios Haji-Ioannou: “Se você pensa que segurança custa caro, experimente um acidente”. E o Costa Concórdia está lá, para lembrar.

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