Os riscos do desconfinamento e o Turismo

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por Bayard Do Coutto Boiteux*


No momento em que escrevo o presente artigo vejo que vários países europeus estão sendo obrigados a retomarem programas de isolamento social, em função de novos casos de coronavírus. Falta respeito às regras básicas traçadas como uso obrigatório da máscara, em todos os lugares, inclusive nas áreas comuns de condomínios, empreendimentos turísticos, restaurantes, parques, para citar apenas alguns locais. Há uma irresponsabilidade coletiva que acredita que o vírus está desaparecendo. Enquanto a vacina não for descoberta, estaremos correndo perigo e tendo que a cada dia aprimorar nossas formas de proteção.

Não adianta, sinceramente, criar” Selo Consciente”, para empreendimentos turísticos enquanto não pudermos delinear uma fiscalização efetiva para o que está ocorrendo dentro das empresas de entretenimento. Alguns restaurantes no Rio, por exemplo, não estão respeitando o isolamento entre mesas e permitindo fila  ,sem nenhum controle na porta dos estabelecimentos. Há uma vontade muito grande de retomar a Economia, sem se desenvolver um grande plano em todas as mídias diariamente do “novo comportamento obrigatório” e sobretudo de se buscar soluções mais efetivas para o controle de uma desordem generalizada por parte de uma fatia da população carioca que parece viver num outro momento, num outro planeta, sem pandemia.

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Há empresas também que se aproveitam da confusão reinante na cabeça dos consumidores e oferecem pacotes com preços, cujo valor final não corresponde nem sequer ao valor das taxas de embarque, no caso, de algumas viagens internacionais. As companhias aéreas brasileiras até o presente não desenharam novas configurações dentro das aeronaves, para evitar aglomeração, no sentido mais amplo da palavra. Algumas asiáticas e do oriente médio, como a Emirates já estão se reinventando, inclusive com distribuição de kits, no check in com todos os itens necessários para uma viagem tranquila e uma nova forma de distribuição dos assentos e do serviço de bordo.

Não nos parece plausível pensar que sem termos atingido ainda o ápice da curva, as pessoas vão sair de casa e querer viajar. Uma grande parte consciente está muito amedrontada e não vai facilmente aderir a viagens com tanta velocidade. As formas de comercialização devem mostrar também como a segurança será garantida, o que não tenho visto com muita frequência.

As pessoas vivem um sonho de que tudo vai passar. Não, tudo não vai passar e temos que nos preparar para um novo tempo de tratar o lazer .E fundamental que nos conscientizemos que o mundo do Turismo mudou, muitas demissões acontecem e acontecerão, fora a falta de atenção com categorias importantes, como os guias de turismo que ainda não conseguiram receber a ajuda emergencial que lhes é devida, por falta de regulamentação  de lei estadual, já sancionada pelo governador do Rio e os planos equivocados de órgãos governamentais com desconfinamentos ainda precoces.

Não é só turismo “quatro rodas” ou empreendimentos que vendam saúde e convívio familiar, é uma grande descoberta de novos produtos com muita criatividade e respaldo na vida de cada cidadão, que sabe que retomar uma pseudo normalidade é um desafio, que estamos tentando nos reinventar e que o lazer vai adquirir um formato diferente, que ainda não descobrimos…


Bayard Do Coutto Boiteux é professor universitário, escritor, pesquisador e trabalha voluntariamente no Instituto Preservale e na Associação dos Embaixadores de Turismo do RJ.

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