Patrick Mendes, CEO da Accor, fala de protocolos, MPs, flexibilização e retomada

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O entrevistado desta segunda-feira (4) é o CEO da rede Accor na América do Sul, Patrick Mendes. Em uma vídeo-conferência exclusiva com o DIÁRIO, Patrick falou dos procedimentos sanitários aplicados nas suas unidades para o enfrentamento do Covid-19, seu papel de representante da hotelaria nos pleitos junto ao governo, flexibilização e previsão da retomada.

REDAÇÃO DO DIÁRIO (Gabriel Emídio e Paulo Atzingen)

“Estamos criando o Novo Manual Operacional da Accor. Vamos poder dizer ao viajante que a nossa hospedagem é tão segura quanto a casa dele; ele poderá se hospedar com tranquilidade”, disse ao DT. Leia a entrevista completa:

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DIÁRIO – Com relação ao protocolo que a Accor assinou com o Bureau Veritas, fornecedor mundial em testes, inspeção e certificação recentemente, qual o impacto dessa parceria, para os negócios da Accor no Brasil?

PATRICK: No momento, o que temos feito é gerenciar crise. Lidamos com o fechamento de hotéis, negociação com o governo, encontrar formas de amenizar o impacto de desligamentos, suspensão de contratos – enfim – decidir que hotéis ficam abertos e para que tipo de necessidade, incluindo acordo com hospitais. No entanto, começamos a nos preparar para a retomada. O primeiro ponto para a reabertura é tranquilizar o viajante. Decidimos adotar duas providências: implementar operações com procedimentos novos depois da pandemia. Arrolamos cerca de 150 itens, que incluem cuidados com a limpeza em geral, monitorar filas com o devido distanciamento, alteração nos restaurantes; mudança no tempo que cada hóspede fica no mesmo quarto, entre outros. Para setembro, teremos o Novo Manual Operacional da Accor. E isso é fundamental. Vamos poder dizer ao viajante que a nossa hospedagem é tão segura quanto a casa dele… Vai poder viajar e se hospedar com tranquilidade. A segunda providência fica por conta da chancela decorrente da parceria com o Bureau Veritas, que faz verificação de projetos, de forma abrangente em todos os nossos hotéis. Queremos influenciar todo o mercado, nessa direção. Estou no Brasil há 8 anos e nunca tinha visto uma junção de esforços tão grande, de todo o mercado.

DIÁRIO –  Você está acompanhando as MPs em tramitação?

PATRICK: Desde o início tenho dedicado cerca de 40% do meu tempo em relações externas. Refiro-me a governo, ministérios, sindicatos. Com a experiência que temos lá fora, procurei sensibilizar os interlocutores sobre essa realidade. Mais do que acompanhando, estou fazendo gestões junto com o Fohb, a ABIH, etc…, tendo em vista que a Accor é a maior operadora hoteleira do Brasil, com 340 hotéis.

Uma coisa nova é o fato de que fomos recebidos, em audiência, por todas as instâncias de governo. Antes da pandemia, as atenções eram voltadas para outros setores da economia, como a indústria, o agronegócio, o mercado de commodities. O turismo sempre foi relegado a um segundo plano. Agora contamos com uma audiência como nunca tivemos antes. O governo acordou para o fato da grande força da empregabilidade direta e indireta do turismo, além de fonte geradora de receitas, por meio dos impostos.

Nessas audiências, fiz o que pude para sensibilizar os interlocutores, sobre o tamanho do tsunami que estava chegando. E nesse contexto, a MP 927-2020 ajudou a minimizar o impacto. A Accor está utilizando, em 70% dos casos, os efeito dessa MP – suspensão de contratos, redução de jornada, entre outros. E agora estamos negociando com o governo a extensão da MP, para mais alguns meses.

Outra questão se relaciona com o caixa. Não estou falando da Accor, que tem fôlego, reservas de caixa para se segurar. Mas os pequenos hotéis não têm. Daí a necessidade de se estender essa MP (927), especificamente.

Patrick acompanha o desenrolar das MPs em benefício do setor (Crédito: DT)

DIÁRIO – Falando sobre a flexibilização do isolamento, vocês acreditam que podem voltar a hospedar a partir de quando?

PATRICK: Já falei disso algumas vezes. Uso a nossa experiência na China. Lá temos dois tipos de hotéis: os de linha top, cerca de 400, mas também somos sócios da hoteleira nº 2 da China (os econômicos), que tem em torno de 4 mil hotéis. E nós temos 10% de participação, nessa sociedade. Lá fechamos os hotéis por 6, 7 semanas. Entre 1º de fevereiro e 15 de março. Em algumas cidades, nossos hotéis já alcançaram 42% de ocupação. São hotéis essencialmente low-cost, para o hóspede business, com diária média em torno de US$ 25. As pessoas voltaram a viajar pelo país. Depois de dois meses de confinamento, ninguém mais aguentava ficar em casa. Movimentação só dentro do país – vedada viagens para fora e recebimento de estrangeiros. Temos alguns poucos hotéis que já chegaram a 90% de ocupação.

Quando se libera a abertura dos hotéis, depara-se com diversos comportamentos das pessoas. Alguns ficam com medo, inseguros, outros têm sede de liberdade. Como não se pode viajar para o exterior, muitos vão querer viajar pelo país. O que nós precisamos garantir é que viajar é bom, é seguro. Daí a importância da sanitização, da tranquilização do viajante. Já temos várias consultas sobre hospedagens, mas não vamos abrir hotéis para menos de 25% de ocupação garantida, pois isso não se justifica. A lógica econômica prevalece. Por outro lado, não podemos abrir, fechar, reabrir (stop and go). Temos de reabrir com muita organização, procedimentos de segurança, como uso de máscaras, para que isso não resulte em nenhum drama.

DIÁRIO – E a parceria proposta pelo prefeito de São Paulo, Bruno Covas, para a hospedagem de profissionais da saúde?

PATRICK:  Já fizemos várias ações solidárias, inspiradas no conceito ‘heartist’, que já adotamos há dois anos. Algo quase emocional. Achamos fundamental mostrar uma atitude de parceria. Já fizemos algumas ações para a hospedagem de médicos, enfermeiros e profissionais da saúde que não querem voltar para casa, depois de 18 horas de trabalho, por medo de contaminar a família. Temos 62 hotéis no Brasil destinados a este fim. Quando a pandemia passar, esses hotéis ficarão fechados. Outra ação é a cessão do hotel ao governo, como uma extensão de hospitais. Ali ficam pessoas em fase de recuperação da COvid-19 e de outras enfermidades. Outro programa decorre de um fundo que a Accor criou, de 70 milhões de Euros, destinados aos colaboradores da empresa, com problemas relacionados à Covid-19. Tanto dos colaboradores como dos seus familiares. Então, nós suportamos, financeiramente, as despesas com UTIs e até mesmo nos casos de óbito. Temos 20 mil colaboradores na América do Sul.


 

 

 

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1 COMENTÁRIO

  1. Gratidão a Accor por toda estrutura e empenho neste momento, apoiando diretamente cada gestor e equipes!
    Estou curiosa para ver o Novo Manual Operacional.
    Vamos nos reinventar juntos!

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