Sítio Roberto Burle Marx, no Rio, amplia acesso ao público

Continua depois da publicidade

Rio de Janeiro, janeiro de 2020 – O Sítio Roberto Burle Marx –  Unidade Especial do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) – comemora a conclusão de seu projeto de requalificação, no valor de R$ 5,4 milhões, realizado com o objetivo de valorizar os locais de visitação, melhorar as instalações de trabalho, aperfeiçoar as condições de acessibilidade, potencializar as ações de pesquisa e educação e ampliar o acesso público à obra de Roberto Burle Marx.

EDIÇÃO DO DIÁRIO com agências


Localizado em Barra de Guaratiba, na Zona Oeste do Rio, esse espaço singular dispõe de um acervo botânico único, além de pinturas, gravuras, móveis, cerâmicas, tapeçarias, murais, painéis de azulejos, obras de artistas consagrados e do próprio paisagista, todos itens de sua coleção particular.

Veja também as mais lidas do DT

O trabalho de requalificação realizado pelo Intermuseus realça a grandeza do patrimônio preservado pelo Sítio e a sua importância como lugar de memória, repositório ímpar das múltiplas dimensões da vida e obra do paisagista. Segundo o Iphan, a propriedade é exemplo para o planeta de um espaço em que o estudo e a experiência paisagística da flora e da fito-ecologia tropical serviram de base para um intercâmbio de valores humanos que influenciaram a direção da modernidade e a visão de paisagismo no Brasil e no mundo.

Nascido em 1909 em São Paulo e criado no Rio de Janeiro, onde faleceu em 1994, Burle Marx se tornou conhecido internacionalmente como um dos paisagistas mais relevantes do século XX. Criou o conceito de jardim tropical moderno, promovendo uma mudança de paradigma no paisagismo mundial, baseado em formas modernas e no uso de plantas tropicais e subtropicais, rompendo com a tradição de jardins clássicos e românticos do século XIX e início do XX.

Com milhares de projetos  espalhados pelo mundo, Burle Marx concebeu paisagens de grande destaque no país, como os jardins do Complexo da Pampulha, em 1942; o jardim do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1954; o paisagismo do Parque Brigadeiro Eduardo Gomes (Aterro do Flamengo), em 1961; os jardins e a grande tapeçaria do Salão de Banquetes do Palácio Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores, em Brasília, em 1962; e o famoso traçado do “calçadão” de Copacabana, em 1970.

Burle Marx foi também artista plástico, pintor, escultor, designer de joias, figurinista, cenógrafo, ceramista e tapeceiro. Todas essas facetas do artista podem ser apreciadas na propriedade que foi para ele um grande laboratório de experimentações botânicas e artísticas, onde morou e produziu em seus últimos vinte anos de vida.

Os trabalhos para requalificação começaram em outubro de 2018 e são fruto de um projeto idealizado e realizado pelo Intermuseus, com apoio financeiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), por meio da Lei de Incentivo à Cultura e parceria com o Sítio Roberto Burle Marx/IPHAN.

HISTÓRIA

Originalmente chamado Santo Antônio da Bica, por conta de uma fonte d’água ali localizada e que abastecia a população local, o imóvel foi comprado em 1949 por Roberto e seu irmão Guilherme Siegfried, com a finalidade de abrigar sua coleção botânica, testar novas associações e cultivar mudas. A propriedade foi gradualmente se transformando; a Capela de Santo Antônio da Bica foi restaurada na década de 1970, com o apoio dos arquitetos Lúcio Costa e Carlos Leão; foi novamente restaurada em 2019-20, pelo Sítio Roberto Burle Marx/Iphan.

Burle Marx viveu no Sítio entre 1973 e 1994, reunindo exemplares de mais de 3.500 espécies de plantas tropicais e subtropicais de diversas partes do mundo, algumas em risco de extinção. O Sítio dispõe de exemplares das 34 espécies que possuem uma relação direta com Burle Marx: duas delas descritas diretamente pelo paisagista, 16 nomeadas em homenagem a ele e outras 16 que foram descritas utilizando materiais coletados nas expedições realizadas por ele.

Uma das oito edificações do Sítio, a Capela de Santo Antônio da Bica foi erguida antes de 1681, por ordem do capitão-mor Belchior da Fonseca Dórea; foi saqueada no dia 11 de setembro de 1710, assim como a fazenda, por corsários franceses. Os invasores entraram no Rio de Janeiro pela Barra de Guaratiba, sob o comando de Jean François Duclerc, e conseguiram chegar até o centro da cidade, onde foram vencidos. Conforme relato do Monsenhor José de Souza Azevedo Pizarro e Araújo, a Capela achava-se arruinada em 1743 e “estando só com alicerces, foi reedificada pelo falecido Cap. Francisco de Macedo Freire no ano de 1791”. É nessa localidade histórica que se celebra, no dia 13 de junho, a festa de Santo Antônio, padroeiro da comunidade de Barra de Guaratiba, além de missas dominicais, casamentos e batizados.

Essas são apenas algumas das memórias da propriedade, que são valorizadas com a requalificação.


SÍTIO ROBERTO BURLE MARX:    

Estrada Roberto Burle Marx, No. 2019 – Barra de Guaratiba
CEP: 23020-255 – Rio de Janeiro/RJ
Tel.: (21) 2410.1412
E-mail: visitas.srbm@iphan.gov.br

Publicidade

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Recentes

Publicidade

Mais do DT

Publicidade