Um Pacto Federativo para o Turismo Receptivo – Parte 2

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Somente com parte do “dinheiro deixado na mesa” pelo turismo nacional, sobre as vendas da nossa hotelaria é mais que suficiente para o turismo conquistar a sua independência.  

Em épocas de crise é crucial fazer mais com menos. Cortar da carne se for preciso para economizar e continuar evoluindo. No atual governo federal percebemos isso, primeiro com o processo de economia na realização de todas as suas ações e, numa ação mais estruturante, com a mudança de postura e de visão sobre o papel do Estado, que, tudo indica, a partir de agora vai se concentrar em oferecer mais e melhores serviços aos cidadãos. Com isto, em menos de 90 dias de governo já arrecadou R$2,2 bilhões somente com a privatização de alguns aeroportos. E quanto mais economizará ao longo do tempo, não mais mantendo e gerindo essas estruturas?

Sim. Este é o caminho que também deve ser adotado pelos empreendedores e gestores públicos do turismo. Os Governos, nas suas três esferas de poder estão financeiramente quebrados. Diante de tal penúria, os empresários do turismo ter a pretensão que, ainda assim coloquem dinheiro para promoção do turismo é de deixar faces ruborizadas de quem se preocupa minimamente com a falta de dinheiro para a segurança, saúde, educação e infraestrutura. O setor produtivo do turismo pode e deve andar com suas próprias pernas. Buscar fazer mais, com menos e não deixar “dinheiro na mesa”. Enfim, fazer de um limão – talvez não tão azedo assim, conforme será aqui mostrado, numa bela e saborosa limonada. Até porque, o turismo é uma atividade eminentemente de mercado, portanto, uma atividade eminentemente pri-va-da.

É neste sentido – sob a ótica de números –  que queremos trilhar nesta segunda reflexão sobre a importância de firmarmos um verdadeiro “Pacto Federativo em favor do Turismo Receptivo”, para que possamos estabelecer uma “nova ordem” e, de forma inovadora possamos fomentar  um Brasil com mais turismo e assim aproveitar todas as janelas de oportunidades do setor.

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Veja, quando se quer, percebe-se que as coisas não são tão difíceis quanto são pintadas por alguns acostumados, ao longo da história, a só “mamar” dos cofres públicos.

Somente o segmento de meios de hospedagem nacional fatura anualmente mais de R$12,7 bilhões, em números pessimistas para não errar –, levando em conta apenas 21% da oferta de unidades habitacionais disponíveis, a uma diária média de R$160,00.

Sim, somente o montante produzido apenas pelo segmento de meios de hospedagens nacional já é mais que suficiente para que o turismo brasileiro conquiste a sua liberdade e a  sua autossuficiência financeira na promoção e comercialização do setor.

Confira no quadro abaixo as projeções, por Unidade da Federação:

 

 Primeiramente pensando na economia, o quadro evidencia que a hotelaria nacional está deixando de economizar mais de R$620 milhões em ISS (coluna 3), pagos sobre o faturamento total, quando mais de R$2 bilhões (em percentual conservador de apenas 17% com custos diretos de vendas), não ficam com os empreendedores de meios de hospedagens, são abocanhados pelos intermediários.

Pensando sob a ótica de uma nova postura, de “fazer mais com menos”, numa conta simples, poderíamos concluir que mais de R$2,7 bilhões (colunas 2 + 3) poderiam estar sendo redistribuídos para os empresários do setor, gerando novas fontes de receitas, especialmente para os agentes de viagens, operadores e também para si, os meios de hospedagens.

Agora, indo um passo a frente, pensando em conquistar a liberdade e a autossuficiência financeira do setor, mais de R$1,1 bilhão (coluna 5) poderia anualmente estar formando um fundo privado destinado exclusivamente para a promoção dos produtos e serviços do nosso turismo. Sim, repito: isso a-nu-al-men-te. E, além do que, possibilitar aos nossos produtores de hospedagem, aumentar seus lucros com uma economia nos custos de vendas superior a R$860 milhões (coluna 4).

Neste mesmo sentido, agora sobre a ótica macrorregional, uma inovadora postura do setor pode induzir um investimento privado, apenas em promoção e comercialização, superior a
R$ 1,1 milhões (colunas 1 e 2 da tabela), sendo mais de R$220 milhões (coluna 2) anuais, exclusivamente para a promoção e comercialização do turismo regional.

Vontade política-empresarial

Qual é o santo para fazer este milagre acontecer? Não precisa de santo, tão pouco de milagres. Precisa apenas da vontade política-empresarial do trade e, talvez, de alguns poucos empurrõezinhos do setor público, aqui e acolá, para encorajar aqueles mais pessimistas, os poucos habituados a sair da zona de conforto e aqueles habitués dos cofres públicos, que não desejam mudanças para não perder os cargos que ocupam.

Precisa sim, apenas de três fatores: (1) sinergia e coesão dos atores do turismo, firmando um verdadeiro “Pacto Federativo em Favor do Receptivo Brasileiro”, capaz de lançar as bases de (2) uma nova postura de atuação em rede na rede, num robusto e-Marketplace especializado no turismo que consiga transformar mercadologicamente a nova tese em prática comercial e, a (3) constituir “governanças privadas” (nacional, estaduais, regionais e municipais) com foco específico para a promoção e comercialização do turismo nacional de forma autossustentável.

Os ares para os negócios no mercado do turismo, para este e os próximos anos, indicam que são os melhores de todos os tempos. Cabe ao setor empresarial brasileiro decidir se quer pegar ou deixar que outros peguem a “dinheirama que está sobre a mesa”.

É hora de, especialmente aos pavões do setor, recolherem um pouco suas belas asas e, todos,  desapegados de egos trabalharmos para aglutinar “gregos e troianos” em favor da causa maior, a independência e autossuficiência do setor privado, na promoção e comercialização do turismo nacional.

Esperamos que ainda este ano possamos dizer: VIVA A NOSSA INDEPENDÊNCIA!  Os governos certamente vão se sentir aliviados e os brasileiros que precisam de mais saúde, mais educação, mais segurança e mais infraestrutura, irão agradecer.

Acreditamos que este deveria ser um dos temas centrais de todos os fóruns do setor ao longo deste ano, especialmente daqueles financiados com dinheiro público.

*Vadis da Silva e Nara Spada – são sócios da Gestour Brasil e fundadores da plataforma Gestour eMarketplace que estrutura o e-Marketplace do Turismo Brasileiro, premiado no “Prêmio Nacional do Turismo 2018” na categoria Promoção e apoio a comercialização – www.turismomeunegocio.com.br e www.gestour.com.br

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