Deslumbre em Tam Coc – Crônica de Osvaldo Alvarenga*

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Tam Coc é uma das paisagens mais exuberantes da terra. Ao menos está entre as mais belas que já vi. São três cavernas cortadas por um rio, cujas margens alagadas foram convertidas em arrozais, numa região rochosa com vários e esparsados picos, quase sempre cobertos de vegetação, a pouco mais de 90Km de Hanói, na cidade de Ninh Binh.


A maioria dos turistas contrata tours que saem muito cedo da capital do Vietnã e regressam no início da noite. São seis horas na estrada, ida e volta, algumas atividades complementares, desnecessárias na minha opinião, para chegar às margens do rio Ngo Dong que atravessa as três cavernas; literalmente, tam coc em vietnamita.
Alguns turistas preferem pernoitar na vila de Van Lam e ficar mais tempo por ali; há passeios de bicicleta e trilhas que podem ser feitos.
Van Lam e Tam Coc estão numa reserva, uma área de preservação. No caminho, porém, próximo a Ninh Binh, vi montanhas com a mesma aparência e exuberância que estão sendo exploradas para a produção de cimento; são cinco as cimenteiras instaladas na região. A paisagem destruída me fez lembrar as montanhas de Minas Gerais, recheadas de minério, condenadas a crateras de lama.
Em Van Lam, depois do almoço, seguimos para o rio. Há um pequeno pier onde embarcamos numa canoa. São quatro lugares, mas fomos somente a Iêda e eu. O barqueiro seguiu o trajeto programado. Curioso como os barqueiros – e barqueiras, são muitas as mulheres nesse função; acho que a maioria – remam com os pés enquanto seguram a sombrinha para se protegerem do sol.
A certa altura do trajeto, nosso barqueiro, o Mins, nos perguntou se queríamos ver a melhor vista do Tam Coc. Quisemos, claro. Descemos numa volta do rio depois da primeira gruta. Ele escondeu a canoa atrás de uma árvore. Seguirmos a trilha envolta do monte, escalamos umas pedras, subimos por duas escadas improvisadas de bambu para chegarmos ao topo de uma dos picos.
A paisagem é de perder o fôlego. Olha a foto, você está vendo o rio lá embaixo? Aqueles pontos na água são canoas idênticas à do Mins. Nas laterais são os campos de arroz. Agora, época de chuvas, é praticamente só um alagado. Entre maio e junho (a melhor época para vir ao Vietnã é entre abril e junho) os arrozais crescidos, amarelos, e o céu sempre azul fazem dessa paisagem uma maravilha ainda maior.

Olha a foto, você está vendo o rio lá embaixo? Aqueles pontos na água são canoas idênticas à do Mins. Nas laterais são os campos de arroz

O Mins nos contou que são 1.890 canoas a fazerem esse percurso. Cada família pode ter somente uma. A oferta é tanta que em média cada barqueiro faz um passeio com turistas a cada cinco dias. Nos outros pescam, cultivam arroz e coisas assim.
Trabalham muito esses vietnamitas. Estou impressionado com a informalidade e o empreendedorismo desse povo. Benditos sejam.
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OSVALDO ALVARENGA – CRÔNICAS DE VIAGEM
*Osvaldo reside em Lisboa e escreve para os blogs: Flerte, sobre lugares e pessoas e Se conselho fosse bom…, sobre vida corporativa e carreira. Atuou por 25 anos no mercado de informações para marketing e risco de crédito, tendo sido presidente, diretor comercial e diretor de operações da Equifax do Brasil. Foi empresário, sócio das empresas mapaBRASIL, Braspop Corretora e Motirô e co-realizador do DMC Latam – Data Management Conference. Foi diretor da DAMA do Brasil e do Instituto Brasileiro de Database Marketing – IDBM e conselheiro da Associação Brasileira de Marketing Direto – ABEMD, dos Doutores da Alegria e, na Fecomercio SP, membro do Conselho de Criatividade e Inovação.
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