Vale dos Vinhedos: Ano 2025

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Até 2025, boa parte de grandes empreendimentos no Vale dos Vinhedos estará concluída

Werner Schumacher*


A APROVALE – Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos surgiu em 1995 e em pouco tempo a região, que envolve partes dos municípios de Bento Gonçalves, Garibaldi e Monte Belo do Sul, passou a ser considerada um ‘case’, seja pela criação de um polo vitivinícola, como hoteleiro e turístico.

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O crescimento do Vale se deu de forma espontânea, praticamente sem qualquer planejamento ou tentativa de proteção de seu patrimônio natural, social e cultural, inclusive em relação à questão econômica.

Dito isto, ressaltamos que não significa que está errado o que aqui se fez, ou que se está fazendo, mas refletir sobre o que se fará daqui por diante e buscar entender o que será ou poderá ser o Vale.

A ciência econômica nos diz que é a sociedade a responsável pelo uso dos recursos (escassos) que serão investidos para a produção – eficiente – de bens e serviços destinados a satisfazer as nossas necessidades.

Uma visão bastante racional esta sob o aspecto econômico! No entanto, a visão econômica não funciona tão racionalmente assim e a ação humana prevalece, muitas vezes emocionalmente, ou voltada para o lucro.

A oferta de leitos mais do que triplicará nesses próximos anos e, consequentemente, trará reflexos positivos e negativos. Como não há a participação da comunidade do Vale, são decisões tomadas por interesse de grupos econômicos, não há qualquer planejamento.

Recursos existentes

É preciso considerar, portanto, a exigência dos recursos existentes, que podem ser divididos em 3 grupos: Tangíveis, Intangíveis e Humanos.

Tangíveis são os meios existentes para a produção de bens e serviços, ou seja, os vinhedos, as vinícolas, os restaurantes e hotéis, como também os aspectos financeiros.

Intangíveis se referem ao conhecimento e a capacidade técnica de produzir e servir, preferentemente com boa reputação. Não menos importante é a cultura, aspectos relevantes para o setor vitivinícola e a paisagem é parte importante desses aspectos.

Humanos talvez o mais complexo, pois entra aqui a questão das competências e a capacidade de assumir objetivos, resolução de problemas, inter-relacionamento pessoal e o trabalho em equipe.

Analisaremos alguns desses recursos para tentarmos demonstrar a necessidade, no mínimo, de um planejamento comunitário a fim de preparar o Vale para a vinda desses empreendimentos e evitar danos que podem se tornar irreparáveis num futuro próximo.

Sabe-se que os visitantes vêm ao Vale para conhecer e provar seus vinhos, experimentar a sua gastronomia e se hospedar em seus hotéis e pousadas. No entanto, devemos lembrar que muitos valorizam a questão paisagem, ou seja, seus vinhedos, montanhas e matas nativas.

Alguns hectares serão retirados desta paisagem para a instalação desses empreendimentos e não se viu ainda o impacto que isso causará na paisagem local, bem como, quantos produtores rurais deverão se deslocar para a cidade ou outras localidades rurais.

O município de Bento Gonçalves apresentou há pouco um projeto de implantação de vinhedos de uvas viníferas para aumentar a área plantada, talvez prevendo a necessidade da produção de mais vinhos com o DO (Denominação de Origem) Vale dos Vinhedos.

Colagem: Fernando Bermudez (Colaboração para o DIÁRIO)

É cedo para se prever o sucesso ou não desta iniciativa, desde já, no entanto, há muitas dúvidas, pois a especulação imobiliária não permite mais a compra de áreas para a implantação de vinhedos, a população rural está extremamente masculinizada e envelhecida e as vinícolas pouco prestigiam os produtores locais. Oxalá dê certo.

O consumo de vinhos de qualidade vem aumentando no mundo em detrimento de vinhos menos qualificados, portanto, isso pode ser um alento considerando que o Vale terá que se dedicar mais a produção de vinhos de qualidade e mais valorizados.
Os ventos parece que sopram a favor do Vale, mas …


*Werner Schumacher, é o alemão brasileiro que na década de 80 e 90 do século passado trouxe os insumos da Europa para o início da vinicultura no Rio Grande do Sul, e portanto, no Brasil.

Sem meias palavras, Werner durante o último ano escreveu sobre inúmeros assuntos do universo do vinho. Defendeu a viticultura heroica de montanha, ficou do lado dos pequenos produtores de uva e vinho do Rio Grande do Sul, enalteceu a importância do enólogo em uma propriedade que produz vinho. Além de tudo isso, e com muita classe, critica os marqueteiros que tentam desmistificar o mundo do vinho com seus produtos padronizados e sem caráter.

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