Pedro Monzón Barata, Cônsul-geral de Cuba em São Paulo, fala ao DIÁRIO

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Na última semana aconteceu o Encontro Desportivo – Cultural Cubano em São Paulo, e o repórter colaborador do DIÁRIO, Raimundo Jesus, entrevistou o Cônsul-geral de Cuba em São Paulo, Pedro Monzón Barata, que falou sobre a importância do evento para a cultura cubana, a receptividade do Brasil para os cubanos e ainda sobre o retorno dos turistas brasileiros ao país caribenho. Confira!


No último sábado (25), o Estádio Municipal de Beisebol Mie Nischi, no Bom Retiro, em São Paulo, foi palco de um evento de beisebol com Cultura c Encontro Desportivo – Cultural Cubano em São Paulo ubana: o Encontro Desportivo – Cultural Cubano em São Paulo. Foi o primeiro no período pós-pandemia. Comparado com a edição anterior, em agosto de 2019, menos gente participou. Foram 150 pessoas em 2022 ante cerca de 300 na edição de 2019.

Apesar disso, o objetivo de divulgar e difundir a cultura cubana, país onde o beisebol é muito popular, foi atingido. Está previsto, ainda para este ano, outro encontro no qual se espera uma maior afluência de público.

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O evento foi organizado em conjunto entre a ANCREB (Associação de Cubanos Residentes No Brasil), o Consulado de Cuba em São Paulo e a Prefeitura. O Cônsul-geral do país caribenho em São Paulo, Pedro Monzón Barata, considera que o encontro é muito importante para que os brasileiros conheçam melhor a cultura e o esporte cubanos. A seguir, em entrevista ao DIÁRIO, ele apresenta outras informações sobre a festa:

DIÁRIO – O que representa para a cultura em geral este evento?
Pedro Monzón: Este é um evento desportivo cultural. Aproveito muito esta oportunidade de falar de Cuba e sua cultura. O beisebol é parte da cultura cubana, e a cultura em si tem um grande valor, sobretudo quando se trata de nossos países. A cultura é identidade, sem identidade não temos raízes. Por isso, é muito importante cultivar e manter a cultura nacional entre os cubanos residentes no Brasil e em outros países. Estes nexos são muito fortes e nos identificam. Este jogo (beisebol) é o esporte nacional de Cuba, e aqui, uma mistura com jogo de dominó, bebidas e petiscos cubanos, de maneira que muitos brasileiros que não conhecem este jogo possam aprendê-lo e também desfrutar de um sábado esportivo- cultural.

DIÁRIO – Como você percebe a receptividade do povo brasileiro e outros povos misturados diante da Cultura Cubana?
Pedro Monzón: Entre os povos de Brasil e Cuba existem muitas coisas afins culturalmente. Desde o ponto de vista étnico e de mistura racial, já que ambos somos povos com forte influência africana, e que de fato se expressa no campo de música, da pintura, das danças. Se comparamos, ainda que existam diferenças, as essências são as mesmas. As influências africana e europeia com a nativa também, que são os índios. Além disso, ambos os povos se caracterizam pela sua franqueza e hospitalidade, relações cordiais, sem dúvidas, existem estes pontos de congruência. Eu, particularmente, me sinto como em casa no Brasil, com os relacionamentos que tenho com pessoas comuns, funcionários, instituições e entidades oficiais, etc.

DIÁRIO – Historicamente, que vínculos você entende que existam entre ambos os povos?
Pedro Monzón: Como dizia anteriormente, existe um laço estreito que também vai até a religião e a conquista com a escravatura. Aqui no Brasil temos o catolicismo e a religião africana muito semelhante neste último caso, particularmente. Em Cuba, temos a “santeria”, bastante similar ao candomblé brasileiro. Esta conquista cruel com escravatura por parte de Portugal (Brasil) e Espanha (Cuba) deixaram marcas na história, cultura e comportamento de nossos povos, aos quais convergem em certa medida. Referente às relações entre os países, sempre existiram boas referente a comércio e investimento; no âmbito diplomático também tem sido magníficas. E qualquer articulação que exista neste momento ou em outro momento que tenda a desconhecer essa simpatia entre ambos os povos sempre será provisória, porque as nossas essências nos vinculam, nos atam uns aos outros.

DIÁRIO – Desde o ponto de vista cultural: como se apresenta o turismo do Brasil com Cuba atualmente?
Pedro Monzón: Houve uma queda ultimamente, pois entre 2018 e 2019 chegaram a Cuba mais de 40 mil turistas brasileiros, e não somente o volume que se alcançou, senão a tendência na época a seu crescimento. A pandemia, como sabemos, afastou ou limitou o turismo no mundo inteiro. Os turistas brasileiros vão a Cuba por diferentes razões: as belas e mornas praias de águas cristalinas com areias brancas e finas, que estão em torno de 300 praias. Outro motivo é a curiosidade, para conhecer as caraterísticas de nosso povo, que são muito similares às locais no Brasil. Muitos estão interessados em nossa história. Temos uma trajetória bastante ampla que alimenta nossa cultura. Preservam-se muitas cidades da época colonial com arquitetura considerada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, e também existem variados sítios arqueológicos; turismo de montanha e ecoturismo com flora e fauna endémica. Cuba é um país tranquilo e seguro, onde a delinquência é mínima, não tem moradores de rua, nem drogas; onde o povo estabelece relações simpáticas com os turistas; e com brasileiros a atenção é muito especial. Aguardamos que com a retomada do turismo, voltemos a aumentar os números de turistas brasileiros.

 

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