Uma aeromoça brasileira na Lufthansa (4ª parte)

Continua depois da publicidade

Cristianne trabalha como aeromoça há mais de 15 anos para a Lufthansa

Por Solange Galante*

Trabalhando como aeromoça há mais de 15 anos para a companhia aérea alemã Lufthansa, Cristianne De Rose Laforce conta um pouco de como é seu trabalho e porque ela adora a empresa. Esta é a última parte de seu depoimento.

Os comissários, segundo Cristianne, são constantemente avaliados. Ela explica que há um sistema de feedback, onde o chefe de equipe analisa se determinado comissário está trabalhando muito bem ou muito mal, e depois conversa com ele ou ela, dando-lhe uma folha verde de avaliação, que será entregue ao respectivo supervisor do avaliado. “Nesse sistema só os 5% melhores e os 5% piores comissários ficam sabendo da avaliação, a grande massa não fica nem sabendo. As observações vão para a ficha pessoal, que o comissário acessa quando quiser. Mas estão mudando para um sistema de feedback 360 graus, no momento do briefing aparece no seu iPad que um colega vai fazer o feedback para outro, com a opção do resultado ser entregue ou não para o chefe de equipe, pois o mais importante é você próprio ficar sabendo, a empresa parte do pressuposto que temos nossas responsabilidades, que queremos continuar nesse trabalho e, para continuar nesse trabalho, temos que realizá-lo bem para o passageiro voltar. Por exemplo, se um comissário voa há 20 anos e há dois anos só recebe feedback ruim dos colegas, não precisa entregar esse resultado para ninguém, mas deverá começar a fazer uma auto-avaliação. Pois gostar do trabalho tem que vir de dentro. Para uma pessoa que paga seis mil euros em uma passagem de business para São Paulo, não interessa se o comissário está com problema pessoal. Eu tenho que estar ali e fazer um trabalho bom para ele voltar.”

Para uma pessoa que paga seis mil euros em uma passagem de business para São Paulo, não interessa se o comissário está com problema pessoal

Veja também as mais lidas do DT

Para ser purser, o comissário precisa ter uma qualificação extra, há mais exigências, e Cristianne, por enquanto, mantém sua vida pessoal ainda em primeiro lugar. Mas pretende logo mudar isso. “Minha filha está com 11 anos, quando estiver com 12 ou 13, será a próxima etapa que eu quero para a minha vida. É preciso ter um mínimo de 1.500 horas de voo para ser purser. É feita uma prova de inglês diferenciada, com no mínimo 90% de acerto, além de teste escrito depois, teste psicológico e de QI, e psicólogos que simulam, por exemplo, uma situação de briefing quando uma colega diz que não quer voar: como você reagiria como purser? Ou então simulam uma situação de passageiro que está fazendo barulho durante um longo voo noturno.” É importante também ter feedback específico de purser, ou seja, um purser avalia o candidato, além de recomendação do chefe direto. “Terá ainda que ter feito dois cursos de qualificação de liderança e mais um idioma, além do alemão e do inglês. Depois disso você pode fazer a prova e ser aceito ou não. Eu já tenho teste de inglês, idiomas extras, cursos de qualificação, já tenho feedback positivo, é só marcar a entrevista, mas daqui a uns dois anos.”

Low costs

Segundo Cristianne, a concorrência é “um dos maiores desafios que temos”, seja das empresas low costs quanto as do oriente. “O consumidor quer cada vez mais pagar menos e temos que nos adaptar a isso, temos que ter preços mais competitivos mas não queremos deixar de ser uma premium airline, mesmo porque temos que concorrer com as asiáticas, isso eu admiro muito na nossa diretoria porque o trabalho que eles têm não é fácil, e isso não mudou.” Ela observa que a Lufthansa tem comissários diferenciados e que possuem uma identificação muito grande com a empresa. “Na ocasião da erupção de cinzas do vulcão na Islândia, anos atrás, fiquei duas semanas em casa sem voar e eu estava desesperada para voltar ao voo… e assim que foi liberado voarmos, meu próximo voo seria dali a três semanas, eu liguei para a empresa e disse que, se precisassem de mim, poderiam me ligar, e me ligaram no dia seguinte. Mas acho que, como eu, foram 10 mil comissários fazendo o mesmo. Isso é muito bonito de se ver, a valorização que temos pela empresa, mesmo quem trabalha na diretoria, no check in, o loader etc. É uma família da Lufthansa em todo lugar do mundo, e isso une a gente, somos todos mais do que colegas” ela finaliza, orgulhosa.

*Solange Galante é jornalista especialista em aviação

 

Publicidade

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Recentes

Publicidade

Mais do DT

Publicidade